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A equipe multidisciplinar da Otorrinolaringologia do Hospital de Clinicas da Unicamp realizou a ativação do 300º implante coclear. O paciente F.G.F, uma criança de quatro anos, veio de Vitória e apresentava surdez profunda desde 1 ano e meio de idade, quando sofreu uma queda de um pequeno muro. A cirurgia, considerada de alta complexidade, é indicada para a reabilitação de pacientes que possuem deficiência auditiva de origem neurosensorial profunda. O HC é um dos cincos centros de referência de implante coclear no Brasil e realiza este procedimento para pacientes de vários estados brasileiros desde 2001.

O implante coclear oferece informação sonora a indivíduos que não tem mais benefício com o aparelho auditivo comum. O procedimento estimula eletricamente as fibras do nervo auditivo, através de eletrodos colocados no ouvido interno, conhecido como cóclea. Segundo o docente responsável pela disciplina de otorrinolaringologia do HC, Agrício Crespo, a tecnologia do equipamento possibilita a pessoa a readquirir uma audição compatível com suas atividades sociais e profissionais. “O paciente pode ouvir os primeiros sons entre 30 e 40 dias após a cirurgia, quando é feita a ativação do aparelho”, explica Crespo.

Segundo a mãe do pequeno FGF, Neusa Grego Figueiredo, ele era uma criança normal até o acidente. “Antes da queda ele dizia papai e mamãe e somente em 2007, depois do 5º raio-x é que foi detectado na criança surdez profunda”, relata a mãe. Ela disse que o aparelho comum não funcionava mais no ouvido de Felipe. “Eu nunca fui tão bem recebida em um hospital, só tenho que agradecer a toda a equipe do HC pela imensa atenção e cuidados com o meu filho”, comentou emocionada Neusa Figueiredo. Agora mãe e filho retornam uma vez na semana ao hospital para ativar gradualmente o aparelho.

As primeiras cirurgias no HC da Unicamp foram realizadas apenas em adultos, e a partir de 2003, o procedimento passou a beneficiar crianças. O Hospital de Clinicas formou uma equipe maior, mais experiente e com treinamentos específicos para o público infantil. Atualmente, 70% dos pacientes são crianças. Para saber se o individuo pode realizar a cirurgia é necessário o encaminhamento a profissionais da saúde como: médico otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, assistente social e psicólogo. A equipe multidisciplinar é essencial para orientação dos familiares que terão que se adaptar a nova realidade do paciente que voltará ouvir.

O coordenador do programa de implantes cocleares no HC, Paulo Porto, afirma que o paciente mais novo a realizar um implante coclear foi um bebe de 11 meses. “Apesar da cirurgia ser possível aos seis meses de idade, precisamos de mais tempo para decidir pela a indicação do implante coclear”, explica Porto. O critério de seleção para crianças é definido por pacientes de seis meses a quatro anos, com perda auditiva profunda bilateral, com expectativa razoável da família e sem beneficio de próteses auditivas. Já os adultos devem ter mais que 17 anos e sofrer de perda auditiva severa, ou que possuía linguagem oral anteriormente a surdez, chamada de surdez pós-lingual. Esses adultos, diz Porto, tem benefícios limitados das próteses auditivas, devem ser aprovados por psicólogos e não possuir nenhuma contra indicação médica.

Caius Lucilius com Mariana Nogueira Marciano
Assessoria de Imprensa do HC UNICAMP

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