A Secretaria de Estado da Saúde publicou um alerta no Diário Oficial para a substância sibutramina, uma das medicações mais utilizadas para emagrecimento no Brasil, após a suspensão da venda e da prescrição da droga pela Emea – agência de medicamentos da Europa. A agência se baseou em resultados de um estudo internacional chamado Scout, que analisou 10 mil pacientes durante seis anos e detectou maior risco cardiovascular entre aqueles que utilizavam o medicamento. Entretanto, a pesquisa ainda constatou que a maioria dos pacientes já apresentava doença cardíaca.
No Brasil, a sibutramina é controlada e as receitas médicas são retidas após a compra. Além disso, na bula há orientações para o risco do aumento dos batimentos e uma ressalta para o uso em pacientes com problemas cardíacos. “Essa recomendação da ANVISA já é algo que todos fazem. Nós utilizamos essa medicação para tratar obesidade e, por isso, analisamos com cautela cada paciente, já que, obesidade é uma situação de risco cardiovascular”, explica o endocrinologista Marcos Tambascia, docente da Faculdade de Ciências Médicas (FCM).
A droga é indicada para pessoas com obesidade maior que 30 e sobrepeso maior que 25. Para o médico endocrinologista, a suspensão deste remédio não é necessária se os pacientes estiverem cumprindo corretamente com as orientações descritas pelos docentes. “Grande parte daqueles que buscam tratamento para obesidade, já possuem pressão arterial alterada”, esclarece Tambascia.
A sibutramina é uma substância que age no sistema nervoso central, em uma parte do cérebro denominada Hipotálamo, que é responsável por controlar a sensação de ansiedade e fome. Sendo assim, a pessoa que estiver realizando o tratamento irá se sentir satisfeita com menos alimento. “Toda essa proibição e alerta parece algo mais estético do que realmente sério. Mesmo que não houvesse essas recomendações da ANVISA e o paciente sofresse de uma doença cardíaca e não apenas de um risco, eu não receitaria essa medicação”, ressalta o endocrinologista.
Segundo o professor, para o uso e prescrição de qualquer remédio, os riscos e os benefícios da droga no organismo precisam estar claros, e para isso, é preciso atenção e responsabilidade. O auxilio de uma dieta alimentícia e a prática de exercícios físicos são fatores essenciais no processo de emagrecimento. É recomendado que o paciente cumpra com essas orientações para que perca peso corretamente e, conseqüentemente diminua a pressão arterial.
Segundo a Jife – Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, o Brasil é um dos países que mais consome remédios para emagrecer do mundo e a sibutramina é uma das substâncias mais consumidas nesta categoria. Para a Junta, a facilidade na compra é o que mais colabora para colocar o país nesta posição.
Caius Lucilius com Paula Conceição
Assessoria de Imprensa HC