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Infecções na boca podem ser a principal fonte para desencadear endocardite em, principalmente, pacientes que já sofrem do coração. A endocardite é uma doença que afeta o revestimento interno do coração e, segundo estudos, mata em 25% dos casos, pois acomete as válvulas cardíacas, já que ocorre quando uma bactéria circulante na corrente sanguínea se aloja em uma das válvulas e se multiplica. As pessoas mais suscetíveis à doença são as que possuem lesões cardíacas prévias, lesões nas válvulas cardíacas e problemas cardíacos congênitos.

O período para o início da manifestação da doença é de aproximadamente duas semanas e o chefe do Departamento de Cardiologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Otávio Rizzi Coelho, explica que “os sintomas mais comuns da endocardite no paciente são a febre longa, de etiologia não determinada, e o sopro cardíaco alterado”. O diagnóstico definitivo da doença se dá quando se encontra microorganismos em um abcesso cardíaco, ou por um estudo patológico de uma lesão de peça cirúrgica.

O docente de infectologia da FCM, Marcelo Ramos, explica que há outros procedimentos que podem causar a manifestação da doença, “Além dos tratamentos odontológicos, os urológicos e ginecológicos também são procedimentos de risco para aqueles que possuem doenças do coração, já que podem propiciar que a bactéria caia na corrente sanguínea e cause a doença”.

A University College London divulgou um estudo na revista especializada, British Medical Journal, que aponta pessoas que não escovam os dentes ao menos duas vezes por dia, como propensas em 70% a ter doenças cardíacas. O estudo foi realizado nos últimos oito anos com mais de 11 mil adultos da Escócia, e confirmou o que pesquisas anteriores ressaltavam: inflamações na boca e gengivas podem causar o entupimento das artérias e levar a doenças cardíacas.

Este foi o primeiro estudo que divulgou a relação da falta de escovação como influenciadora direta no risco de doenças cardíacas. Os participantes da pesquisa deram informações pessoais sobre os hábitos de higiene oral, bem como se fumavam, faziam atividades físicas e visitas freqüentes ao dentista. Além disso, foram coletadas amostras de sangue e informações sobre o histórico de cada paciente e de doenças cardíacas na família. Durante os oito anos de pesquisa foram registrados 555 eventos cardiovasculares, como infartos, em que 170 foram fatais.

Richard Watt, da University College London, foi o coordenador da pesquisa, e, de acordo com a publicação, ressaltou que ainda são necessários mais estudos para verificar se a relação entre higiene oral e doenças cardiovasculares é “causal ou meramente um marcador de risco”, pois o assessor científico da Associação Dentária Britânica, Damien Walmsley, afirma que ainda não está claro se há uma relação definitiva da causa e efeito entre higiene oral e doenças cardíacas.

Usuários de drogas, pacientes com doenças neoplásicas, pessoas que utilizam marcapasso ou aqueles que possuem doenças que comprometam a imunidade também estão vulneráveis a adquirir a endocardite.

“O mais importante é ressaltar que o paciente evite situações de risco, principalmente, ligadas a boca, já que esta é uma das áreas em que mais circulam bactérias”, explica Otávio Rizzi Coelho. Além disso, Marcelo Ramos destaca para o conhecimento do paciente, “a pessoa deve saber se possui ou não doenças no coração, já que este é um dos principais riscos”.

Caius Lucilius com Paula da Conceição
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp

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