O superintendente do HC da Unicamp, Manoel Barros Bértolo, a médica Zilda Barbosa, coordenadora municipal da área de Urgência, o médico sanitarista Adílson Rocha Campos, diretor municipal de Saúde e o médico sanitarista Fábio Luiz Alves, coordenador do Distrito de Saúde Norte participam hoje (02-05), do anúncio da implantação de um plano para readequar o fluxo na área de urgência e emergência do Hospital de Clínicas da Unicamp à sua vocação, que são os atendimentos de nível terciário e quaternário.
A proposta, que foi amplamente discutida com comunidade interna da universidade, com a Diretoria Regional de Saúde (DRS-7), ligada à Secretaria de Estado da Saúde e com a Prefeitura de Campinas, prevê, entre outras medidas, a reorganização do atendimento na Unidade de Emergência Referenciada (UER), que passará a dar prioridade aos casos referenciados de maior complexidade.
Outra meta do plano é reduzir o déficit mensal do setor para o hospital, já que o repasse contratualizado com o SUS para esses serviços é de cerca de R$ 400 mil/mês. As propostas prevêem uma série de reformas – em andamento desde 2009 – com o objetivo melhorar o atendimento de pacientes graves referenciados. Hoje 70% dos 350 atendimentos diários na UER são de pacientes de Campinas.
O consenso entre a reitoria, a direção da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), a superintendência e a Prefeitura de Campinas, é que as mudanças têm como principal objetivo preservar o papel do hospital no sistema regionalizado e hierarquizado, instituído pelo Ministério da Saúde. Um hospital universitário tem que ser um espaço de atendimento especializado, bem como de pesquisa, ensino, residência e pós-graduação. Isso não significa, porém, que a Unicamp deixará de fazer atendimento primário e secundário na rede pública.
A proposta da FCM é que os alunos atuem nas unidades básicas de saúde (UBS) e nos hospitais secundários da rede pública e no Hospital Estadual Sumaré, vinculado a universidade, como já vem ocorrendo há vários anos.
Os números de uma distorção cultural
De acordo com o superintendente do hospital, Manoel Bértolo, o prejuízo na qualidade de atendimento é em parte causado pelo grande número de atendimentos que o hospital realiza. O Sistema Único de Saúde (SUS) financia o atendimento e todos os exames laboratoriais e de imagem como a tomografia, contudo, em um número menor do que é realizado atualmente. Bértolo diz que boa parte desse atendimento resulta da demanda espontânea de pacientes que, em muitos casos, segundo ele, deveriam ser atendidos em unidades de nível secundário ou primário da rede pública. Para ele, trata-se de uma distorção não somente cultural que se consolidou no decorrer de anos em razão da falta de informação sobre o princípio de hierarquização que rege o sistema de saúde.
Essa distorção fica evidente, por exemplo, quando são examinados os números do pronto-socorro. O grupo de trabalho que elaborou o plano de adequação constatou que dos 350 pacientes que todos os dias recorrem ao pronto atendimento do HC, 75% chegam espontaneamente, ou seja, sem encaminhamento médico. Pela avaliação dos diagnósticos de procura, observou-se que apenas 25% dos pacientes caracterizam casos próprios de Urgência e Emergência e, portanto, deveriam ser assistidos pela Unicamp. Do total de pessoas atendidas, 70% são procedentes de Campinas, 20% de Sumaré e Hortolândia e os 10% restantes vêm de outros municípios.
A readequação do atendimento, segundo o coordenador do UER, José Bortoto, permitirá corrigir estas distorções, fazendo com que o HC retome o seu papel de hospital terciário. Em médio prazo, diz Bortoto, o HC da Unicamp terá, com as mudanças, melhores condições de participar da regionalização, hierarquização da demanda e equidade no atendimento, cumprindo o papel esperado pela academia e pela população, na direção de um Sistema Único de Saúde melhor.
Outra vantagem, segundo o superintendente, será a ampliação no atendimento aos casos considerada estratégicos pelo SUS, como transplantes de órgãos, cirurgias de epilepsia, cirurgias ortopédicas, atendimento oncológico cirurgias bariátricas, implante coclear, entre outros. Por serem considerados estratégicos e de alta complexidade, estes procedimentos contam com verbas extrateto garantidas pelo Ministério da Saúde independente de sua quantidade.
Exemplos de casos simples que podem ser atendidos em outros lugares: hipertensão arterial, gripe e outras viroses (Dor de garganta, dor de ouvido conjuntivite etc), cefaléia crônica, realização de exames, doenças crônicas, lombalgia crônica (dor nas costas) entre outros.
Caius Lucilius
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp