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Os médicos indianos Subhabrata Chakrabart e Anil Mandal estiveram na semana passada no Hospital de Clínicas da Unicamp realizando uma visita ao departamento de Oftalmologia. O objetivo foi avaliar pacientes do ambulatório, analisar alguns casos, além de ministrar uma aula sobre catarata congênita e glaucoma congênito para todos os profissionais da disciplina. No primeiro dia da visita os pesquisadores de um dos maiores hospitais, o LV Prasad Eye Institute, foram recebidos pelo professor Carlos Arieta (foto).

O geneticista e o oftalmologista integram um grupo de pesquisa da Organização Mundial de Saúde – OMS, que pretende realizar uma comparação genética e fenotípica do glaucoma congênito primário nas populações brasileira e indiana. No Brasil, o projeto Indu-Brasil tem a participação da Unicamp, USP – São Paulo, USP – Ribeirão Preto, Santa Casa de São Paulo e UNIFESP.

Segundo o oftalmologista do HC, José Paulo Cabral de Vasconcelos, que também acompanhou os estrangeiros, o glaucoma congênito ocorre devido a uma disfunção congênita do sistema de drenagem do humor aquoso, denominado glaucoma congênito primário. Esta alteração leva ao acumulo deste liquido dentro do olho e, conseqüentemente, ao aumento da pressão intraocular.

“O olho humano até os três anos de idade responde a elevação da pressão intraocular com deformação dos tecidos, ou seja, aumento do tamanho do olho, inchaço da córnea e lesão do disco óptico. Esta última pode acarretar a perda da função visual definitiva se não tratada de forma adequada”, alerta o oftalmologista.

A doença instala-se até os três anos de idade. Ainda não há uma causa totalmente estabelecida. Entretanto, existe uma base genética nesta doença como pode ser constatado em diversos estudos epidemiológicos que observaram aumento da doença entre pais com casamento consangüíneo. Os sintomas clássicos são: lacrimejamento, aumento do globo ocular desproporcional e perda de transparência da córnea.

Segundo Cabral, assim como as outras formas de glaucoma, não existe cura e sim controle. Para impedir a progressão da doença é necessário trazer a pressão intraocular para níveis normais. “Ao contrário do glaucoma do adulto cujo controle é obtido por meio do tratamento clínico, no glaucoma congênito o tratamento para a redução da pressão é cirúrgico”, explica Cabral.

O glaucoma é a segunda causa de cegueira no mundo, a primeira de caráter irreversível. O glaucoma congênito primário é um dos tipos de glaucoma mais agressivos que necessita muitas vezes de várias cirurgias para seu controle. Mesmo com o tratamento adequado, esta é uma doença que pode levar parte destes pacientes a cegueira. No HC da Unicamp a maior parte do atendimento do setor de glaucoma é para a forma adulta da doença, cerca de 5% é para forma infantil do glaucoma e o glaucoma congênito, em particular, representa cerca de 1% do atendimento.

O projeto Indu-Brasil é uma iniciativa dos governos Brasileiro e Indiano para desenvolvimento e pesquisa. No Brasil o CNPq é responsável pelo suporte financeiro da parte científica do projeto. Particularmente, na UNICAMP estão envolvidos os setores de Oftalmologia e o CBMEG para a avaliação clínica e molecular dos pacientes. Este projeto, além da troca de experiências científicas nas áreas de oftalmologia e genética, contribuirá para o melhor entendimento das bases genéticas do glaucoma congênito primário por meio da analise conjunta dos dados clínicos e moleculares das duas populações.

O LV Prasad Eye Institute é um centro de saúde especializado em olhos com seu campus principal, localizado em Hyderabad, na Índia. É uma instutição ligada a Organização Mundial da Saúde, como centro colaborador para a prevenção da cegueira, oferecendo atendimento gratuito a pacientes de diversas regiões da Índia, com serviços de prevenção e reabilitação de alto impacto, principalmente em programas de saúde rural. O LV Prasad Eye Institute também atua em pesquisas de ponta e oferece treinamento em recursos humanos para todos os níveis de pessoal oftálmico.

O pesquisador Subhabrata Chakrabarti é PhD pela Nanak Dev Guru University, em Amritsar, ìndia. O médico já recebeu vários prêmios mundiais, entre eles, um dos mais importantes na área, o Prêmio Clínico-científico da Associação Mundial de Glaucoma, da Indian Academy of Sciences, 2004), Medalha INSA para Jovem Cientista (Indian National Science Academy, 2006) e os Jovens cientista Platinum Award Jubileu (National Academy of Sciences Índia, 2007). Atualmente tem se dedicado a investigações genéticas sobre o genótipo-fenótipo na Índia e de outros países, através de colaborações bilaterais e multi-centricas. Chakrabarti faz parte do Conselho Consultivo da Associação Mundial do Glaucoma, e membro do corpo editorial e revisor de vários periódicos internacionais e agências de financiamento. Ele é um examinador para BITS, Pilani, Universidade de Hyderabad, e da Universidade de Melbourne, na Austrália.

Anil Kumar Mandal é um médico especialista em glaucoma. O pesquisador foi formado na Universidade de Calcutá e no All India Institute of Medical Sciences (AIIMS), Nova Deli, onde concluiu suas pesquisas em glaucoma e oftalmologia de emergência no AIIMS. Foi pesquisador visitante no Centro de Cuidados com os olhos Kellogg e o Doheny Eye Institute, ambos nos Estados Unidos. Mandal ganhou vários prêmios nacionais e internacionais e tem publicado extensamente em revistas médicas em todo o mundo. Sua pesquisa atual concentra-se em aspectos clínicos e genéticos de glaucoma em adultos e crianças, que lhe valeu o prêmio Shanti Swarup Bhatnagar por excelência em ciência, em 2003, concedido pelo governo da Índia. Anil Kumar Mandal foi o primeiro oftalmologista indiano a receber o prêmio.

Caius Lucilius com Yasmine de Souza
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp

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