A Organização Mundial da Saúde (OMS) comemorou no dia 28 de julho, o Dia Mundial de Combate à Hepatite, com o objetivo de aumentar a conscientização e o entendimento sobre o vírus da hepatite e as doenças causadas por ele. Segundo o chefe do Grupo de Estudos das Hepatites Virais do Hospital de Clínicas da Unicamp, professor Fernando Lopes Gonçales Jr., a hepatite viral é uma infecção que acomete principalmente o fígado e pode ser causada por diferentes tipos de vírus. Entre os principais estão os A, B, C, D e E, que podem causar manifestações bastante distintas.
A hepatite tipo A costuma acometer em geral crianças e jovens. Sua transmissão se faz principalmente por água ou alimentos contaminados. Os sintomas são febre, náuseas e icterícia. Segundo Fernando, a doença costuma evoluir para cura na imensa maioria dos pacientes. Já a hepatite B é transmitida por sangue, através do compartilhamento seringas contaminadas, tatuagens e piercings realizados sem a devida assepsia, em manicures sem métodos de esterilização; ou por relações sexuais (principal via atualmente). Os sintomas são semelhantes aos da hepatite A, mas a maioria dos afetados não costuma apresentar icterícia. “Cerca de 94% dos pacientes se curam espontaneamente enquanto os 6% restantes permanecem com o vírus B por muitos anos (infecção crônica) e estes necessitam ser adequadamente diagnosticados e tratados por longo tempo”, esclarece Fernando Lopes.
Assim como a hepatite B, a hepatite C é transmitida basicamente por sangue e fase aguda seus sintomas são muito pouco significativos. Infelizmente, somente cerca de 25% dos pacientes se curam espontaneamente enquanto os 75% restantes permanecem com o vírus por muitos anos. De acordo com o médico infectologista, atualmente a maioria dos casos de hepatite crônica é causada pelo vírus C. Quando não tratada adequadamente, a doença pode evoluir para cirrose do fígado e outras complicações que podem necessitar de tratamentos cirúrgicos, como por exemplo, o transplante do fígado, em alguns indivíduos. Mais de 350 mil pessoas morrem de doenças relacionadas à hepatite C todos os anos.
Segundo Fernando Lopes, a hepatite D (delta) tem a transmissão sempre associada ao tipo B. Por isso, é chamada de co-infecção hepatite B-D. É mais comum na região amazônica, sendo ausente no sul e sudeste do país. O vírus da hepatite E, assim como tipo A, costuma ser transmitido por água ou alimentos contaminados, provoca os mesmos sintomas, entretanto pode ser fatal para gestantes. “Na fase aguda das diversas hepatites o tratamento é sintomático à base de repouso, hidratação, e se for o caso antitérmicos”, explica Lopes.
Estima-se que a hepatite B afeta aproximadamente 400 milhões de pessoas no mundo, gerando quase um milhão de mortes anuais por cirrose, falência do fígado e câncer do fígado. No Brasil, aproximadamente 0,5% das pessoas apresentam infecção pelo vírus B e não sabem. “Cerca de 1,5% da população apresentam infecção pelo vírus C não diagnosticada no Brasil. Este grande percentual de pacientes com hepatite C é encontrado na maioria dos países, e por sua longa evolução e ampla disseminação faz com que seja considerada como o maior problema de saúde pública no mundo pela OMS”, afirma o professor da FCM.
Os vírus das hepatites A e B já possuem vacinas que são disponibilizadas nas unidades públicas de saúde. Ainda na maternidade as crianças recebem a primeira dose de vacina contra o vírus B. Além disto, os programas de vacinação contra o tipo B procura ampliar a cobertura desta vacina entre os jovens, dada sua transmissão sexual.
O HC é um centro de referência nacional no diagnóstico e tratamento de pacientes com hepatites. Os infectados, tanto adultos quanto crianças, são encaminhados para realizar exames e os tratamentos específicos nos ambulatórios do hospital. Os pacientes tratados no HC recebem todos os medicamentos gratuitamente pelo SUS e são seguidos durante todo o tratamento até o final da terapia. “Anualmente, mais de 200 novos pacientes são tratados aqui, sendo que cerca de 3.000 já estão em acompanhamento nos vários setores do grupo”, afirma Fernando.
Caius Lucilius com Yasmine de Souza
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp