O cardiologista do Hospital de Clínicas, Otávio Rizzi Coelho Filho, recebeu o Early Career Award (Basic Science) entregue pela Sociedade de Ressonância Magnética Cardiovascular (em inglês SCMR) em fevereiro deste ano, no congresso realizado em Orlando, Flórida. Ele foi premiado pelo trabalho “MRI Based Non-Invasive Detection of Cardiomyocyte Hypertrophy And Cell-Volume Changes”, que contou com a participação do físico Michael Jerosch-Herold e do médico cardiologista Raymond Kwong, ambos da Harvard Medical School.
“Por se tratar de uma importante sociedade internacional de ressonância cardíaca, esse é um prêmio de prestígio, já que poucos brasileiros foram contemplados”, comenta Rizzi Filho. Durante o período em que estudou em Boston e atuou no Brigham and Women’s Hospital, vinculado a Universidade de Harvard, ele desenvolveu uma nova técnica no qual é possível estimar o tamanho da célula miocárdia através da ressonância magnética (RM).
A diferença não está na forma como se adquire essas imagens através da RM, mas na maneira como os resultados são analisados. “Nós conseguimos quantificar o tamanho da célula e isso é fundamental para diagnosticar algumas doenças nas quais o tamanho da célula sofre alterações. Isso sem a necessidade de fazer uma biópsia, que é um método invasivo e caro”, esclarece o médico.
Com maior precisão e qualidade, os exames tornam possível a detecção de doenças logo no início, facilitando o tratamento e evitando o desenvolvimento de doenças cardíacas graves, como a insuficiência cardíaca e coronariana. Em alguns casos, pode-se evitar até mesmo uma intervenção cirúrgica. Mas o médico ressalta: “Essa técnica é um marcador muito precoce de remodelamento cardíaco, que tem um potencial de aplicação clínica. Ou seja, ela ainda não é usada, porque é uma técnica em desenvolvimento”.
Este é o segundo prêmio da SCMR que Otávio Filho recebe. Em 2011, no congresso realizado em Nice, França, ele ganhou o Early Investigator Award (Clinical) pelo trabalho de “Identificação de isquemia do coração pela ressonância de estresse”, realizado também no Brigham and Women’s Hospital. Esse estudo envolveu cerca de 1 mil pacientes e possibilitou o estabelecimento de uma marca (score) de risco da pessoa ter um ataque cardíaco, baseada nos dados da ressonância magnética de estresse.
“Ambos os métodos tem o objetivo de detectar as doenças no coração de maneira não-invasiva, com uma qualidade e precisão que antes não existiam. Isso não faz com que os métodos anteriores desapareçam, mas complementam o diagnóstico”, finaliza o médico que concluiu seu mestrado e parte do doutorado no Brigham Hospital, filiado a Universidade de Harvard.
Segundo especialistas de Radiologia, as tecnologias aplicadas ao diagnóstico por imagens vem tornando o processo propedêutico de inúmeras doenças cada vez mais rápido, preciso e seguro. Graças a evolução tecnológica da última década, aliada à capacitação profissional, as mudanças na abordagem terapêutica destas mesmas doenças são cada vez maiores. Nos últimos dois anos, o HC investiu cerca de R$ 4 milhões em novos equipamentos e softwares, como PACS, ressonância magnética, tomógrafo multislice 64 canais entre outros, melhorando a qualidade do serviço de imagem da instituição.
Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp