Nesta quinta-feira (21) se comemora o dia de combate à asma, uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que não possui cura, mas pode ser controlada com o tratamento correto. Ela atinge hoje, cerca de 20% da população brasileira e é responsável pela morte de 2,5 mil pessoas todos os anos. Sendo uma das principais causas de internação de crianças com até 6 anos, do total de 177,8 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS) em decorrência da doença no ano passado, 77,1 mil foram crianças dessa faixa etária.
Os principais sintomas da doença são tosse, sensação de pressão no peito e falta de ar. E as crises de asma podem ser desencadeadas por ar seco, infecções, exercício físico, entre outros fatores. Esses estímulos provocam estreitamento das vias respiratórias, dificultando a passagem do ar. ”As infecções virais também podem desencadear crises. Para preveni-las, é importante que todos os asmáticos sejam vacinados contra a gripe por influenza anualmente”, alerta a pneumologista do Hospital de Clínicas da Unicamp, Gisele Nunes Yonezawa.
Segundo dados da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), a asma mata seis brasileiros todos os dias. Eles atribuem o alto número a falta de adesão ao tratamento, que é oferecido gratuitamente pelo SUS. Pesquisas indicam que apenas 70% dos pacientes seguem o tratamento corretamente. O índice de asmáticos tem crescido a cada ano e a poluição do ar é um dos fatores que agravam os quadros de doenças respiratórias.
Não há uma regra para prevenção da asma, mas evitar o acúmulo de pó em roupas e objetos, assegurar a boa ventilação da casa e do ambiente de trabalho e também investir na prática de atividades físicas adequadas são algumas orientações para garantir o conforto de quem possui a doença.
A natação é um exemplo de atividade que comprovadamente ajuda no tratamento. Em pesquisa divulgada pelo HC no ano passado, o trabalho do Centro de Investigação em Pediatria (CIPED) da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, “Avaliação espirométrica e da hiperresponsividade brônquica de crianças e adolescentes com asma”, comprovou uma melhora na qualidade de vida de crianças que praticaram natação durante o tratamento. Indicada ao prêmio da Revista Saúde em 2011, a pesquisa apontou uma diminuição da quantidade de remédios necessários ao tratamento e maior conforto dos pacientes, com melhora no sono e diminuição da irritação alérgica.
Segundo a pneumologista do HC, além da natação, outras práticas esportivas melhoram a qualidade de vida dos asmáticos. Mas ela ressalta que essas atividades não substituem o tratamento medicamentoso. “A aderência ao remédio é fundamental para o bom controle da doença”, completa Gisele.
Tratamento
Para combater o abandono do tratamento ou acompanhamento incorreto, desde o dia 4 desse mês, as drogarias credenciadas ao programa do governo, “Aqui Tem Farmácia Popular”, distribuem gratuitamente remédios contra a asma. São três tipos medicamentos disponíveis. Para retirar os remédios, é preciso apresentar um documento com foto, o CPF e a receita médica dentro do prazo de validade, nas drogarias conveniadas. “A farmácia de alto custo também fornece os medicamentos para os quadros mais graves de asma e que não estão disponíveis nas farmácias populares”, informa a pneumologista.
Gestantes
Segundo a presidente da Comissão de DPOC da SPPT, Regina Maria de Carvalho Pinto, entre 4% a 8% das mulheres gestantes possuem asma. É comum que as mulheres já tenham asma antes mesmo da gestação, ou seja, a gravidez não aumenta a incidência da doença. Mas é necessário que as gestantes façam um acompanhamento com especialista. O aumento do útero pode ainda causar um sintoma semelhante ao da asma, a falta de ar.
Com o acompanhamento correto, o bebê não corre o risco de ter seu desenvolvimento prejudicado pela doença e também pelos remédios que compõem o tratamento. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que aproximadamente 300 milhões de pessoas sofrem de asma no mundo. Ela é a 4ª causa de hospitalização no Brasil e a 3ª em termos de gastos do SUS, que totaliza 250 mil internações ao ano, 2,3% do total. Atualmente, o país ocupa a oitava posição no ranking mundial da doença.
Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp