A Campanha de Prevenção ao Câncer de Intestino Grosso realizada pelo CECOM (Centro de Saúde da Comunidade) em parceria com a reitoria da Unicamp começou em fevereiro deste ano e chega agora ao Hospital de Clínicas com o apoio do Departamento de Recursos Humanos. O objetivo é conscientizar os funcionários sobre a importância de realizar exames preventivos e disseminar informações sobre a doença.
O câncer de intestino grosso ou câncer colorretal atinge o cólon, incluindo o reto. É caracterizado pelo surgimento de pólipos, lesões benignas que devem ser removidas para prevenção efetiva contra o câncer. Segundo o coordenador da campanha, professor Cláudio Saddy Rodrigues Coy, após os 50 anos, o risco de uma pessoa desenvolver a doença aumenta de forma significativa. Assim, recomenda-se a prevenção a partir desta idade, mas para as pessoas que possuem histórico da doença na família, os exames devem ser feitos antes. Entre os casos da doença, 10% tem componente hereditário comprovado.
Os sintomas do câncer de intestino grosso surgem em estágio avançado, por ser uma moléstia que se desenvolve de maneira lenta. Um pólipo pode levar anos para se transformar em uma lesão maligna. Sintomas como dor abdominal, emagrecimento sem dieta, alteração do hábito intestinal ou sangramento são comuns. A chance de cura para os casos em que os sintomas são perceptíveis é de aproximadamente 50%. Já para um indivíduo cujo diagnóstico foi feito antes do surgimento dos sintomas, a chance chega a 90%.
“Há cada vez mais casos descobertos no estágio avançado. Com o diagnóstico precoce nós temos uma chance maior de cura e tratamentos como quimioterapia e radioterapia podem ser evitados”, explica Coy. O diagnóstico é determinante para o sucesso do tratamento. A partir do exame de sangue oculto nas fezes ou colonoscopia, o médico pode identificar a existência ou não da doença. Na campanha do CECOM, será usada a análise de sangue oculto nas fezes, um exame simples e eficaz. A colonoscopia, método mais complexo que o anterior, é um exame endoscópico do cólon e reto. Ele exige preparo intestinal e é solicitado quando o resultado da pesquisa de sangue oculto é positivo.
O aumento da incidência desse tipo de câncer se deve, em parte, aos hábitos adquiridos nas últimas décadas. “Tabagismo, ingestão de produtos industrializados, sedentarismo e uma dieta pobre em fibras são alguns fatores que agravaram os problemas com câncer de intestino”, explica o médico. A orientação para prevenção da doença é similar a de outros tipos de câncer: adoção de hábitos de vida saudáveis, como prática regular de atividade física, consumo moderado de bebida alcoólica e alimentação saudável. Controlar o estresse e não fumar também são recomendações.
“A campanha visa realizar exames preventivos nos grupos de risco e esclarecer as dúvidas sobre a doença”, informa o coordenador. Para ele, o câncer de intestino grosso precisa receber atenção da população sobre os sintomas e a importância do diagnóstico precoce. O fator econômico também foi citado, considerando que o investimento em exames preventivos é bem menor do que o valor necessário para custear o tratamento de pacientes com estágio avançado da doença. “Proporcionalmente, é muito mais barato realizar o exame de rotina ao invés de pagar por todo um tratamento, que pode envolver procedimentos cirúrgicos”, afirma ele.
Com programa inédito no Brasil, a campanha pode servir de modelo às Secretarias de Saúde. Por se tratar de um exame que não pode ser realizado em larga escala, é preciso dividir a população em grupos. Mas o material informativo sobre a doença deve ser disseminado indiscriminadamente, segundo o médico. Criando um padrão de aplicação da campanha, a equipe do CECOM busca despertar a consciência da população para o problema. “Isso incentiva a saída da iniciativa do campus, atendendo ao perfil da Unicamp de trabalhar com a extensão, melhorando a qualidade de vida da comunidade externa”, destaca Cláudio Coy. Pretende-se manter a campanha de forma perene, com visitas anuais a todas as unidades do campus. Isso é possível em parte pelo apoio institucional que o projeto recebeu e pela disposição da comunidade interna em participar.
Hospital de Clínicas
A campanha funcionará no HC com a distribuição de kits contendo material informativo sobre a doença e as orientações para realização do exame. O hospital tem 853 funcionários que receberão o convite para participar da ação. Eles integram o grupo com mais de 50 anos, faixa etária a partir da qual o exame preventivo anual é recomendado.
“Os funcionários que receberem o kit e aceitarem participar da campanha, devem recolher as amostras e devolver o material no envelope com os seus dados. Esse material será enviado para análise no CECOM e posteriormente, o resultado notificado aos participantes”, explica uma das colaboradoras da campanha e funcionária do departamento de Recursos Humanos, Ana Tereza Píton.
As amostras podem ser entregues em dois períodos – de 28 a 30 de agosto e de 04 a 06 de setembro – em um dos postos de coleta. O primeiro está localizado no Departamento de Enfermagem no 3º andar do hospital e o segundo no GGBS. O horário de recebimento e os responsáveis pelos postos estão na tabela abaixo. De acordo com o resultado do exame, os funcionários serão orientados pelos profissionais do CECOM e terão todo o acompanhamento médico feito na Universidade.
Campanha de Prevenção de Câncer de Intestino Grosso | |||
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Postos de entrega das amostras | |||
Locais de entrega | Horário | Data | Responsável |
DENF | 09h às 11h | 28, 29, 30 de agosto e 04, 05, 06 de setembro | Joaquim/Isabel |
16h às 21h* | |||
GGBS | 09h às 16h00 | 28, 29, 30 de agosto e 04, 05, 06 de setembro | Luciana |
A expectativa é de que a participação aumente gradativamente. Com uma adesão média de 50% no programa piloto e considerando a previsão de incidência, cerca de 200 casos devem ser identificados em toda Universidade. Para a funcionária, Luciana Gonçalves, a busca pela conscientização dos funcionários está alinhada com a preocupação do hospital com a qualidade de vida dos funcionários.
Piloto
No piloto da campanha, realizado no segundo semestre de 2011, o teste foi oferecido a 378 indivíduos de cinco unidades da universidade. Desse grupo, 206 aceitaram realizar o exame e 28 pessoas (13%) apresentaram resultado positivo, ou seja, pólipos (lesões no intestino) ou câncer em fase inicial foram identificados. Entre esse grupo, 60% apresentou lesões pequenas e 40% avançadas.
No Brasil
O câncer de intestino grosso é o quinto tipo de tumor maligno mais freqüente no Brasil e segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer), estima-se o surgimento de 20 mil novos casos desse tipo de câncer todos os anos e cerca de sete mil mortes por causa da doença.
Segundo Coy, ele é também o segundo câncer mais freqüente em mulheres (depois da mama) e o terceiro nos homens (depois da próstata e pulmão). “Se observarmos os tipos de câncer que lideram o ranking tanto em mulheres como homens, é possível constatar que já existem campanhas muito abrangentes que popularizaram as informações sobre essas doenças e a maneira de diagnosticá-las. Queremos fazer o mesmo com o câncer de intestino grosso”, afirma o médico.
Informações sobre a campanha no HC: 19 3521 – 7299 (Ana Tereza / Luciana – Recursos Humanos).
Confira o cronograma de palestras sobre a campanha:
Palestras – Campanha de Prevenção de CA de Intestino Grosso | ||||||
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Público Alvo | Duração | Palestrante | Data | Horário (manhã) | Horário (tarde) | Horário (noite) |
Gerentes de enfermagem | 20 min | Rogério Terra do Espírito Santo | 17/jul. | 9h | – | – |
Gerentes (todos) | 1h | Prof. Dr. Claudio Saddy Rodrigues Coy | 31/jul. | 9h | – | – |
Funcionários | 30 min | Rogério Terra do Espírito Santo | 6/ago. | 10h e 10h30 | 15h e 15h30 | – |
Funcionários | 30 min | Rogério Terra do Espírito Santo | 9/ago. | 10h e 10h30 | 15h e 15h30 | – |
Funcionários | 30 min | Rogério Terra do Espírito Santo | 15/ago. | – | – | 20h30 |
Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp