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O número de fraturas de quadril devido à osteoporose deve crescer três vezes até 2050, alcançando a marca de 6,3 milhões de fraturas. A estimativa é da Organização Mundial da Saúde que celebra neste sábado (20/10), o Dia Internacional da Osteoporose. Apenas no HC da Unicamp são atendidos cerca de 240 pacientes com osteoporose todo mês e esse número é crescente.

A osteoporose é uma doença caracterizada pela diminuição progressiva da densidade óssea e o aumento do risco de fraturas, consequência da fragilidade dos ossos. Com o tempo é uma tendência que a formação de novas células ósseas diminua, tornando os ossos mais porosos e menos resistentes. No caso das pessoas com osteoporose, pequenos impactos como um simples espirro ou uma crise de tosse podem desencadear alguma fratura.

Os principais tipos da doença são a pós-menopausa, a osteoporose senil e a secundária, a última atinge pacientes com doença renal hepática, endócrina e hematológica. Há um conjunto de fatores que influenciam o surgimento da osteoporose, como envelhecimento, menopausa, hereditariedade, dieta pobre em cálcio, excesso de fumo, álcool e sedentarismo.

“O maior desafio hoje é o acesso dos pacientes da rede pública aos remédios de alto custo”, conta João Francisco Marques Neto, reumatologista do HC. Ele explica que alguns medicamentos de alto custo usados no tratamento da doença já estão disponíveis pelo SUS, mas eles não são suficientes para tratar a forma grave da doença. A mais recente medicação que já é comercializada em todo mundo, inclusive no Brasil é o ‘denosumabe’, um anticorpo humano que se liga a uma proteína RANKL evitando que ocorra perda de massa óssea.

Com desenvolvimento silencioso, a doença muitas vezes apresenta os primeiros sinais no estágio avançado, como a fratura espontânea de um osso, por exemplo. O encurvamento da coluna e a diminuição da altura, comuns ao envelhecimento, também são sintomas. Mas para confirmar o diagnóstico é preciso fazer uma densitometria óssea por raio X. Trata-se de um exame não-invasivo que permite a mensuração da densidade mineral do osso.

A partir da comparação com valores de referência pré-estabelecidos, o resultado é classificado em uma das três faixas de densidade: normal, osteopenia e osteoporose. “O ideal é que a densitometria seja realizada anualmente nos pacientes com a forma grave da doença. Nos demais, o exame pode ser realizado a cada dois anos”, destaca.

Embora possa se manifestar em ambos os sexos, a doença atinge especialmente as mulheres depois da menopausa por causa da queda na produção do estrógeno, hormônio feminino que age na produção das células. Para prevenir o surgimento e desenvolvimento da osteoporose, recomenda-se evitar os fatores de risco e praticar atividades físicas. Caminhar e andar de bicicleta são algumas sugestões que ajudam na manutenção do tônus muscular.

Quando a doença já se estabeleceu, a orientação é não deixar de praticar exercícios, mas desde que seguindo um programa de exercícios elaborado por um profissional. Manter uma dieta rica em cálcio, parar de fumar e evitar quedas também ajudam na rotina do paciente. O tratamento é feito com o uso de medicamentos, indicados de acordo com o quadro clínico de cada indivíduo e o estágio da doença. Marques alerta para a importância da dosagem de vitamina D aos pacientes. Apenas a exposição ao sol e a correta alimentação não suprem a quantidade necessária da vitamina no organismo.

Suplementação de cálcio – A suplementação de cálcio trouxe um debate aprofundado da classe médica no XXIX Congresso Brasileiro de Reumatologia, maior evento da especialidade da América Latina, realizado recentemente no Espírito Santo. A polêmica gira em torno de pesquisas, como da OMS, que demonstram que o uso do cálcio para tratamento da osteoporose como suplemento (comprimido) aumenta a chance de infarto agudo no miocárdio e deve ser feito sob a forma de dieta. Por outro lado, alguns médicos afirmam que ainda faltam estudos mais consistentes sobre o tema e precisa ser mais investigado antes de qualquer alteração no tratamento de um paciente.

Tabaco e osteoporose – Segundo informações divulgadas pela OMS, há fortes evidências de que as fraturas de quadril em pacientes com osteoporose são mais comuns em fumantes. O fumo contribui para diminuição da densidade mineral óssea, como apurado por uma análise que considerou 29 estudos e concluiu que a cada oito fraturas de quadril, uma é atribuível ao tabagismo. A taxa de perda da massa óssea em fumantes também é mais rápida, chegando a estimativa de uma perda de 6% da densidade mineral óssea em 80 anos. E o risco da fratura de quadril entre fumantes é elevada em todas as idades, mas é 71% maior aos 80 anos. Isso sugere um risco menor para não-fumantes, sendo recomendado o abandono do consumo de cigarro para reduzir o ritmo de perda óssea.

Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp

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