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O Hospital de Clínicas da Unicamp em conjunto com o Centro Integrado de Nefrologia (CIN), promoveu ontem (14) uma série de atividades no Dia Mundial do Rim. Este ano, o tema da campanha é “Pare de agredir seu rim!”, cujo foco é a prevenção das doenças renais. No HC e CIN são atendidos mais de 1000 pacientes todo mês, sendo 70% adultos e 30% pediátricos. As atividades foram organizadas pela equipe do Serviço Social dos Ambulatórios do HC e uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, assistentes sociais e nutricionistas distribuiu panfletos informativos, esclareceu dúvidas e promoveu palestras.

“No último ano houve um aumento de 15% no número de pacientes atendidos e combater a desinformação sobre a doença ainda é um desafio”, conta Maria Almerinda Ribeiro, nefrologista do HC. Ela explica que a doença renal crônica é silenciosa e quando exibe sintomas, em geral, o paciente já está em fase muito avançada. E nos casos de doença renal aguda, muitas vezes há demora no diagnóstico. “Médicos e pacientes devem ficar atentos às situações de risco para o surgimento da doença”, completa.

Os rins são responsáveis por filtrar todos os dias 180 litros de sangue do organismo de cada indivíduo. Dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Nefrologia apontam que 7,2% da população acima dos 30 anos tem demonstrado prevalência da doença renal crônica. Esse número sobre para 46% em indivíduos com mais de 64 anos. “O nosso objetivo é conscientizar a população sobre os cuidados para evitar o aparecimento de doenças que provoquem insuficiência renal, como hipertensão arterial e diabetes”, comenta Érica Maria Cazetta Chinellato, assistente social e uma das integrantes da equipe que promove a campanha no HC.

A higiene bucal foi tema da primeira palestra do dia, que aconteceu às 11 horas no CIN. Daniela Baracat Samara do Serviço de Odontologia do HC orientou os pacientes e visitantes. Sabendo da importância da alimentação, o nutricionista Thiago Arthur Loyolla de Carvalo da Divisão de Nutrição e Dietética (DND), também ministrou uma palestra com orientações para adoção de uma dieta saudável.

Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia indicam que o número de doentes renais no Brasil dobrou na última década. Estima-se que 10 milhões de brasileiros sofram de alguma disfunção renal. O correto funcionamento do nosso organismo depende muito da capacidade que os rins têm de filtrar o sangue, excretando toxinas e retendo aquelas que fazem parte do sistema metabólico. Os rins são ainda responsáveis pelo controle da quantidade de sal e água no corpo, pela produção de hormônios que evitam anemia e doenças ósseas e ajudam a regular a pressão arterial.

A doença renal crônica pode ser facilmente diagnosticada por meio de um exame de urina e da dosagem de creatinina no sangue e pode ser efetivamente tratada, retardando a progressão da doença. “Pessoas com pressão alta, diabetes, sobrepeso e com histórico de doença renal na família, devem ficar atentas”, lembra Almerinda. As principais causas de perda da função renal são a hipertensão arterial (35% das causas), diabetes mellitus (28,5%) seguidas das glomerulonefrites – inflação de uma parte da unidade funcional do órgão – (11,5%).

Os sintomas podem surgir apenas no estágio avançado da doença, mas o principal deles é a perda da capacidade de concentrar urina. O indivíduo começa a excretar urina mais diluída e acorda com mais frequência do que normalmente fazia. Depois, aparece o inchaço e os exames revelam, entre outras alterações, um pouco de anemia. Antes, o quadro é absolutamente assintomático.Presença de sangue na urina, cólica renal, palidez e fraqueza sem motivos aparentes e ainda indícios de infecção urinárias, também são sintomas que devem alertar as pessoas para que procurem atendimento médico.

O investimento em medidas preventivas ainda é a principal recomendação. “É importante controlar a pressão arterial, diminuir o consumo de sal e de açúcar, realizar atividade física regularmente e não ficar acima do peso”, detalha a médica. O cuidado com a hidratação e a não ingestão de medicamentos sem prescrição, também são citados. Se detectada precocemente, as doenças renais crônicas podem ser tratadas – reduzindo assim outras complicações e o risco de morte ou invalidez.

O tratamento aplicado é baseado no diagnóstico do paciente, quando ele ainda apresenta pelo menos 50% da função renal, a indicação é o chamado tratamento conservador da insuficiência renal. São orientações clínicas, como mudança na dieta e uso de remédios para prolongar pelo maior tempo possível, a função ainda existente no órgão. Mas essas ações não evitam que a função renal continue deteriorada e por fim o tratamento com a diálise é adotado.

Diálise

Atualmente, entre 90 mil e 100 mil pessoas passam por diálise no país. A cada ano, cerca 21 mil brasileiros precisam iniciar tratamento por hemodiálise ou diálise peritoneal e somente 2.700 brasileiros são submetidos a um transplante renal/ano. No HC-CIN, cerca de 40 pacientes fazem hemodiálise todos os meses e segundo levantamento feito pela Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, atualmente 192 pacientes fazem tratamento pela rede.

A diálise é indicada quando a função renal está bastante reduzida, ou seja, em torno de 10% da função inicial, o que é insuficiente para manter a pessoa viva. Ela é indicada como uma forma de substituir a função que os rins deixaram de exercer. Geralmente, a diálise é feita de três a quatro vezes por semana para que seja possível filtrar uma quantidade suficiente de sangue que permita manter o metabolismo equilibrado. As doenças renais acometem sempre os dois rins e a perda de sua função é lenta e progressiva.

Transplante

Em 2012 foram realizados 5.385 transplantes renais no Brasil, sendo 1.488 de doadores vivos e 3.897 de doadores falecidos. Estima-se que em torno de 32.000 pacientes estão na fila de espera aguardando um transplante renal. No HC, foram realizados 91 transplantes de rim no último ano.

Brasil

O Ministério da Saúde prepara um programa de atenção integral, chamado de Eixo Cuidado Integral, cujo objetivo é fortalecer a rede de assistência básica em saúde. O eixo reno cardiovascular, englobará as doenças renais, diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial sistêmica (HAS); obesidade; câncer e doenças respiratórias. Doenças consideradas prioritárias, uma vez que estão relacionadas a 70% das causas de mortes no Brasil.

Ação mundial

O Dia Mundial do RIM (World Kidney Day) é uma iniciativa conjunta da Sociedade Internacional de Nefrologia (ISN) e a International Federation of Kidney Foundations (IFKF) e tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre a importância dos rins para a saúde e reduzir a frequência e o impacto de rim doença e seus problemas de saúde associados. Serão realizadas atividades simultaneamente em todo o mundo, reforçando o papel fundamental dos rins na manutenção do equilíbrio do organismo.

Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner – Assessoria de Imprensa HC

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