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Após enfrentar uma cirurgia de alta complexidade, que durou três horas, a pequena L., de sete anos, passa bem e está em casa. A pequena L. tinha um tumor benigno chamado displasia fibrosa e recebeu um enxerto ósseo. Este foi o terceiro transplante de osso realizado no Hospital de Clínicas da Unicamp e o primeiro em uma criança. O HC é o único hospital credenciado na região pelo Ministério da Saúde. O osso foi fornecido pelo Banco de Tecido Músculo Esquelético (Unioss) da Universidade de Marília.

De acordo com o coordenador da área de Oncologia Ortopédica do HC, professor Maurício Etchebehere, o transplante foi a melhor alternativa para o tratamento do tumor ósseo, que causa deformidades ósseas, principalmente no quadril e que acomete um em cada 100 mil habitantes. “Nossa expectativa é que a jovem volte a andar com apoio total no chão e sem ajuda de muletas em três meses e voltando a ter uma vida normal em seis meses”, esclarece Etchebehere que foi responsável pela cirurgia.

Conforme Etchebehere para a pequena L., moradora de Limeira, retomar sua vida normal é necessário que o enxerto ósseo esteja integrado ao osso da paciente. “Como é uma criança a integração do enxerto ocorre mais rápido do que em um indivíduo adulto”, assegura. O médico ressalta que sem a disponibilidade desta grande quantidade de enxerto, o procedimento nesta paciente seria praticamente inviável.

O ortopedista da Unicamp explica que a cirurgia consistiu na realização de uma janela óssea, que é uma abertura do osso exatamente no local do tumor, seguida de uma curetagem, que é uma raspagem do osso onde se remove o tumor. A cavidade formada é cauterizada com bisturi elétrico e em seguida, a equipe realiza uma lavagem com soro fisiológico. Uma pequena fratura é feita no osso para corrigir a deformidade óssea causada previamente pelo tumor. A seguir duas hastes de titânio são introduzidas no interior do osso para mantê-lo estável.

A última etapa da cirurgia, diz, foi o preenchimento da cavidade com enxerto ósseo em que foi utilizado 100g de enxerto de osso esponjoso, preparado em pequenos cubos de 1cm. Estes fragmentos foram minuciosamente impactados, ou seja, comprimidos no local do osso onde antes havia o tumor. Com o transplante, explica Etchebehere, a possibilidade de recidiva da displasia fibrosa é menor do que com o uso do enxerto do próprio paciente. “Além disso, a agressividade da operação é menor, pois não é necessário retirar esta enorme quantidade de enxerto de uma paciente tão jovem”.

O banco da Universidade de Marília é o maior do Brasil em captação e processamento de tecidos ósseos, sendo responsável pelo fornecimento de mais de 63% do material usado nestas cirurgias em todo país. “Existe um controle rigoroso do Ministério da Saúde. Cada material processado recebe um número de identificação do ministério que vai acompanhá-lo até o final do processo. Toda documentação sobre o doador e o receptor fica arquivada por 25 anos”, explica Karla Bachega, coordenadora do Unioss.

Segundo Luiz Antônio Sardinha, coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do HC da Unicamp, o modelo de controle é o mesmo já aplicado para outros tipos de órgãos e tecidos. Familiares de potenciais doadores são orientados em caso de morte encefálica. Quando há disponibilidade para doação, a informação é passada para uma central, que aciona o banco de ossos mais próximo do local da extração.

O material é mantido sob baixa temperatura em ambientes esterilizados, é cortado e classificado. Antes de seguir para a doação, passa por um período de quarentena. É o tempo necessário para a sorologia de várias doenças como Aids e Hepatites. Ossos das pernasdoados podem beneficiar até 380 pessoas. Dados relativos ao ano de 2012 revelam que foram realizados 23.211 transplantes de ossos no brasil (odontológicos e médicos), sendo 14107 fornecidos pelo Unioss.

O HC da Unicamp já está autorizado pelo Ministério da Saúde a montar um Banco de Tecido Músculo Esquelético. A nova área começa a ser construída dentro do hospital em 2014.

Leia a matéria completa no Correio Popular.
Leia a matéria publicada no Diário Oficial.

Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner  –  Assessoria de Imprensa HC

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