A pesquisa “Avaliação da imunomodulação e do processo de cicatrização envolvidos no tratamento de fístulas enterocutaneas realizado com células estromais mesenquimais de tecido adiposo humano aderidas a fios de sutura”, realizada pelo biólogo Bruno Busch Volpe, da pós graduação da FCM, foi a única do Brasil selecionada e premiada durante o congresso internacional Till and McCulloch Metting.
Realizado na cidade de Toronto, no Canadá, no final de outubro, o congresso reuniu mais de 1000 pesquisadores de todo mundo especialistas em células tronco e terapia celular. Durante o evento foram apresentados 192 trabalhos de diversos países, entre eles Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Portugal, Holanda, Japão e Austrália. O estudo faz parte da tese de doutorado de Volpe e tem a orientação da hematologista Ângela Luzo, coordenadora do Banco de Sangue de Cordão Umbilical do Hemocentro da Unicamp.
A pesquisa é uma continuação do projeto de mestrado de Bruno Volpe pela Unicamp e tem como objetivo verificar a adesão de células tronco mesenquimais extraídas da gordura em fios de sutura. O estudo realizou testes com ratos em três diferentes estágios: em um grupo de controle, um grupo em que foram injetadas células tronco no local da lesão e com outros onde a lesão foi arqueada com um fio de sutura com células tronco.
“Os resultados nos mostraram que no grupo onde foi utilizado o fio com células tronco houve uma melhor cicatrização e recuperação dos animais. Testes de imunohistoquímica [método de análise dos tecidos, buscando identificar características moleculares das doenças] estão sendo realizados para aprofundar esses resultados e entendermos como foi a ação dessas células no local da lesão. O que sabemos até agora é que essas células ajudam e aceleram a cicatrização, alinhando o colágeno”, explica o biólogo sobre a pesquisa.
Bruno Volpe ressalta que este tipo de reconhecimento mostra que os estudos sobre os avanços no uso de células tronco incentivam a continuar as pesquisas. “Ser premiado por um dos maiores congressos na minha área de atuação me trás certeza que estamos no caminho certo e apesar de termos muito a estudar, a terapia celular pode nos ajudar no tratamento de alguns tipos de doenças”.
De acordo com Angela Luzo, professora da pós-graduação em Ciências da Cirurgia da FCM, a premiação do trabalho é um bom indicativo da qualidade da pesquisa. “Os efeitos de cicatrização das fístulas estão sendo estudados pelo Grupo de Multidisciplinar de Terapia Celular da Unicamp, na tese de doutorado do autor do trabalho, inclusive com estudos clínicos, ou seja, os testes em humanos”.
O congresso reuniu trabalhos das áreas de pesquisa clínica, científica, bioengenharia e ética, todos relacionados à terapia celular. O Canadá é um dos países pioneiros em pesquisa neste campo, com grandes núcleos de pesquisa como Stem Cell Network, Centre For Commercialization of Regenerative Medicine e Ontário Institute for Regenerative Medicine.
O grupo de Pesquisa Multidisciplinar de Terapia Celular da Unicamp, além de pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), envolve ainda as Faculdades de Engenharia Mecânica (FEM), Engenharia Química (FEQ), mais os Institutos de Biologia(IB), Química (IQ) e Física (IFGW), além do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biofabricação (Biofabris) e o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).
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Caius Lucilius com Gabriela Troian
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp