Realizado há 22 anos por médicos e docentes da área de glaucoma do HC da Unicamp, o Simpósio Internacional de Glaucoma da Unicamp aconteceu nos dias 20 e 21 de abril, no Hotel Maksound Plaza, em São Paulo. “A longevidade desse simpósio mostra o sucesso e a boa acolhida que a população oftalmológica tem em relação a ele”, afirma professor Vital Paulino Costa, coordenador do evento.
Vital destaca que a preocupação do simpósio foi atualizar os oftalmologistas gerais, e também os especialistas em glaucoma, em relação ao que existe de mais moderno e atual no diagnóstico e tratamento dessa doença, responsável pelo maior número de casos de cegueira irreversível no mundo. No ambulatório de oftalmologia do HC, o glaucoma está entre as três doenças mais prevalentes atendidas.
“A Organização Mundial de Saúde estabelece que 13% da cegueira do mundo atualmente é causada por glaucoma. Como a população está envelhecendo, não só no Brasil, como no mundo todo, a tendência é que mais pessoas tenham essa doença, que aumenta sua prevalência com a idade. O oftalmologista geral tem que ter informações a respeito do glaucoma, para não deixar de realizar o diagnóstico precoce e não deixar de iniciar o tratamento na hora correta”, explica.
Glaucoma – O glaucoma é uma doença normalmente associada à pressão alta nos olhos, que causa um dano progressivo ao nervo óptico do olho. Essa lesão é progressiva, e faz com que se perda gradualmente o campo de visão. A falta de tratamento do glaucoma faz com o campo visual fique cada vez mais restrito, possibilitando até mesmo a cegueira.
Segundo Vital Paulino Costa, as pessoas geralmente não sabem quanto têm glaucoma, e não sentem quando a doença se inicia, pois é totalmente assintomática. Por isso, é necessário estimular a ida ao consultório oftalmológico de rotina, para a realização de exames e o pré-diagnóstico de doenças.
“Diante da suspeita do glaucoma, o primeiro passo é realizar o exame de medição do campo visual do paciente. Eventualmente, é preciso fazer uma Tomografia de Coerência Óptica (OCT), que mede a quantidade de fibras nervosas que o nervo óptico tem. Toda essa análise ajuda a executar o diagnóstico preciso, e a partir disso iniciar o tratamento”, explica Vital.
Após a descoberta do glaucoma, o tratamento é realizado para reduzir a pressão ocular. “Normalmente, no início da intervenção da doença, utilizamos um colírio que atua na diminuição da produção de um líquido, chamado humor aquoso. Essa redução auxilia na redução da pressão ocular. Em 80% dos casos em geral, esse método é suficiente para controlar. Nos casos em que a medida não é o bastante, podemos utilizar laser, que atua aumentando o escoamento do humor aquoso. Se nenhuma medida funcionar, ou se o glaucoma estiver em nível avançado, é necessário realizar uma cirurgia, que dura em média 40 minutos. A intervenção não cura a doença, apenas a controla“, conta o oftalmologista.
“Se o paciente for diagnosticado precocemente e realizar o tratamento adequado, as chances dele ficar cego por glaucoma são muito baixas. Por isso, enfatizamos a necessidade de realizar os exames periodicamente. 33% das pessoas que procuram o setor de glaucoma da Unicamp pela primeira vez, já chegam cegas de ambos os olhos. Isso é um dado preocupante, e reforça que o diagnóstico feito no Brasil é tardio”, conclui o especialista.
Caius Lucilius com Isabela Mancini – Assessoria de Imprensa HC