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Na manhã desta sexta-feira (13), o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, concedeu entrevista coletiva para esclarecer as razões pelas quais a universidade optou por interromper suas atividades presenciais por conta da pandemia de coronavírus, além de apresentar os planos para contenção da doença e formas com que a instituição pode contribuir no combate. Além do reitor, participaram da coletiva Eliana Amaral, pró-reitora de Graduação; Manoel Barros Bertolo, diretor executivo da área de saúde da universidade; Plínio Trabasso, o médico infectologista e vice-superintendente do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp; e Maria Luiza Moretti, médica infectologista e coordenadora da seção de epidemiologia do HC.

Marcelo Knobel justificou a suspensão das aulas presenciais devido a fatores próprios da instituição que podem agravar a proliferação do coronavírus, tais como a movimentação intensa de pessoas pelo campus e a proximidade de alunos, professores e funcionários com os serviços de saúde prestados à comunidade. “Grande parte das pessoas que vêm para a área de saúde usam os mesmos ônibus, o mesmo transporte, as pessoas que trabalham ou vão para o hospital compartilham os mesmos refeitórios. É uma situação bastante diferenciada. Também recebemos um público que inclui crianças desde os seis meses, na creche, até os 90 anos, no programa UniversIdade, para pessoas da terceira idade. É uma ampla faixa de usuários da universidade, o que nos preocupou”, explicou Marcelo.

Ele também ressaltou que houve a preocupação de a universidade se antecipar ao surgimento de casos da doença entre os pacientes do HC ou a comunidade universitária, o que ainda não ocorreu. “Sabemos que é uma decisão drástica, mas baseamos nossa opção em indicadores científicos e preferimos pecar pelo excesso de zelo do que pela omissão”, comentou. O objetivo, segundo o reitor, é reduzir a velocidade da disseminação do vírus e evitar uma sobrecarga repentina em todo o sistema de saúde.

Nesse sentido, foram interrompidas na Unicamp as atividades que geram aglomerações de pessoas, como aulas, congressos e eventos. No caso das aulas, professores serão orientados a explorar as novas tecnologias de ensino disponíveis e oferecer aos alunos atividades à distância, de forma a minimizar os impactos dessa suspensão temporária. As demais atividades essenciais, como serviços de laboratórios e rotinas administrativas, permanecem em funcionamento. Também foi reforçado que os serviços de saúde prestados pelo HC, Hospital da Mulher (CAISM) e CECOM não serão alterados.

A previsão é de que a rotina da universidade seja normalizada no dia 29 de março, mas tudo depende da a evolução do coronavírus no país. Por isso, a antecipação do retorno ou extensão do período de suspensão podem ainda ser revistos.

“Diminuindo a aglomeração, a transmissão diminui”

A medida de evitar a aglomeração de pessoas tomada pela Unicamp está de acordo com as recomendações de saúde coletiva para o combate de doenças que se proliferam por meio do contato físico. “A prevenção é um dos pontos mais importantes para o controle. No caso do coronavírus, a transmissão ocorre pelas vias respiratórias, pessoa a pessoa, diferente de outras epidemias do passado, como a dengue. Então a transmissão de pessoa para pessoa é bastante alta e evitar a aglomeração é a primeira medida de controle. Diminuindo a aglomeração, a transmissão diminui”, explica Maria Luiza Moretti, infectologista do HC. Ela ressalta ainda a importância de as pessoas manterem os hábitos de higiene, sobretudo com as mãos, e a chamada etiqueta respiratória, que consiste em cobrir a boca e o nariz com lenços descartáveis ao tossir ou espirrar e evitar o uso das mãos para isso.

Até o momento, não há nenhum caso confirmado entre os pacientes do hospital ou de membros da comunidade universitária. Desde o início da transmissão no Brasil, foram direcionados à área de saúde da Unicamp 16 casos suspeitos, sendo seis de alunos e docentes e outros dez por encaminhamento. Do total, cinco já foram descartados e outros 11 casos aguardam ainda o resultado fornecido pelo Instituto Adolfo Lutz. Os médicos esclarecem que todos os exames de detecção realizados pelo HC são encaminhados diretamente ao instituto, dispensando a necessidade do exame chamado de contraprova. Eles explicam que a contraprova é, justamente, a confirmação realizada pelo Adolfo Lutz de exames realizados na rede privada. Por isso, não há necessidade desse segundo exame nos testes feitos pela universidade.

Hoje o HC da Unicamp conta com 40 leitos em unidade de terapia intensiva que podem ser utilizados para atendimento dos casos de coronavírus. Porém, se houver a necessidade, outras áreas do hospital podem ser convertidas em UTIs. Plínio Trabasso cita o exemplo do centro cirúrgico ambulatorial, que pode comportar até 16 novos leitos de UTI. “Existe um plano elaborado logo no começo da epidemia e ele prevê patamares diferentes de destinação de recursos materiais e humanos para o atendimento desses pacientes à medida que a epidemia evolui”, explicou Plínio.

Ao longo do período de interrupção de atividades e mesmo com a normalização, a Unicamp deverá continuar direcionando esforços e utilizando sua capacidade para a realização de pesquisas e busca de soluções que contribuam para o combate ao coronavírus. “Além do comitê de crise, nós estamos trabalhando em fornecer informações pela comunicação, também em pesquisas na área. Já fizemos uma chamada interna de pesquisadores que atuam na área e que possam colaborar em métodos de diagnóstico, em tratamentos, com todo tipo de atividade que é nossa atividade fim. Neste momento, temos que mostrar o valor e a importância da universidade pública e fortalecer essas pesquisas que serão fundamentais para conseguirmos uma cura ou vacina”, analisou Marcelo Knobel.

Saiba mais sobre as medidas da Unicamp sobre o COVID-19 em https://www.unicamp.br/unicamp/coronavirus

felipe.mateus@reitoria.unicamp.br

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