Em dezembro de 2019, na província de Wuhan, um vírus surgiu causando complicações pulmonares. A doença causada pela disseminação do novo coronavírus e depois chamada Covid-19, em poucos meses, se tornou uma pandemia mundial com milhares de mortes. Os principais sintomas referidos pelos pacientes são a febre em 88% dos casos e a tosse em 68% dos casos. Porém, a Covid-19 pode causar a Síndrome Respiratória Grave em 20% dos casos, causando inflamação sistêmica, complicações pulmonares e cardiovasculares e até morte. Nesses casos, a necessidade de internação hospitalar é eminente.
Médicos e enfermeiras são os profissionais lembrados constantemente no atendimento dos pacientes com Covid-19. Entretanto, um grupo discreto de profissionais atuam de maneira integrada para garantir o acompanhamento da oxigenoterapia e ventilação mecânica invasiva e não invasiva desses pacientes que chegam ao hospital. Se necessário, auxiliam nos procedimentos de intubação traqueal e ressuscitação cardiopulmonar e ajudam na recuperação dos movimentos físicos dos pacientes antes da alta hospitalar: são os fisioterapeutas.
Atualmente, o HC Unicamp conta com 52 fisioterapeutas que realizam atendimentos nas unidades de internação pediátrica e de adultos e ambulatórios. Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) o atendimento é 24 horas. A rotina do cuidado e atendimento aos pacientes do hospital já era bastante exaustiva, mas com o acolhimento dos pacientes com Covid-19, houve uma demanda maior da presença dos fisioterapeutas no leito do paciente, além do tempo da terapia, para monitorização de critérios clínicos.
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“É uma equipe altamente especializada, comprometida, dedicada aos cuidados dos pacientes e preocupados com as atualizações que estejam em consonância com os avanços tecnológicos da área, evidências científicas, e organização do serviço, principalmente quanto as alterações de áreas físicas para receber os pacientes”, explica a fisioterapeuta Luciana Castilho de Figueirêdo, coordenadora do Serviço de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (SFTO) do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.
A alta transmissibilidade do vírus determinou à equipe de fisioterapia um planejamento pré-atendimento que otimiza-se a entrada do profissional no isolamento para realização de todos os recursos de terapêuticos necessários para o cuidado do paciente com Covid-19. Vários treinamentos para o uso correto de EPIS foram realizados, em parceria com o Departamento de Enfermagem (DENF) e Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Atenção especial foi dada ao treinamento da equipe do SFTO quanto a padronização dos procedimentos de intubação endotraqueal e ressuscitação cardiopulmonar.
Mas a equipe de fisioterapia do HC Unicamp foi além e criou o Manual de Condutas Assistência Fisioterapêutica no Paciente Covid-19 do HC Unicamp.
“Assim que os primeiros artigos publicados sobre o manejo de pacientes com a Síndrome Respiratória Grave começaram ser divulgados, percebemos que existia a necessidade de padronizar as nossas ações quanto atividades profissionais em relação às atividades coletivas compartilhadas com as outras equipes da saúde do hospital principalmente frente à pandemia de Covid-19”, explicou Luciana.
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De acordo com o superintendente do HC, Antonio Gonçalves de Oliveira Filho, o Serviço de Fisioterapia do HC Unicamp tem trabalhado em processos baseados em indicadores, formação constante de sua equipe e com foco na assistência centrada no paciente. Isto possibilitou o crescimento profissional da equipe, resultando na construção desse Manual de Orientações que engloba todas as áreas da atenção fisioterápica e que servirá de referência para o HC e outras instituições.
“Tal maturidade, competência e envolvimento dessa equipe, tem se mostrado essencial neste período especial e difícil do atendimento aos pacientes com a Covid-19 e representado diferencial importante na sua evolução e recuperação”, diz Antonio, parabenizando a equipe pelo excelente trabalho.
Manual de condutas
Diante do enfrentamento eminente da pandemia de coronavirus, em fevereiro desse ano, o HC Unicamp criou um grupo de trabalho chamado de GT Covid-19. O objetivo foi produzir um guia de práticas seguras para o atendimento ao paciente com Covid-19. O GT Covid19 produziu textos e fluxogramas de processo de trabalho compartilhados pautado em ações que priorizassem a segurança do profissional quanto ao uso de EPIs, elegibilidade para o atendimento fisioterapêutico, manejo da ventilação mecânica e mobilização para recuperação da funcionalidade.
O manual estabelece ainda critérios de elegibilidade para o atendimento fisioterapêutico, baseados em publicações nacionais e internacionais de renomados autores fisioterapeutas, Associações Brasileiras de Medicina Intensiva (AMIB), Urgência e Emergência (ABRAMEDE) e Associação Brasileira de Fisioterapia Respiratória (ASSOBRAFIR). Esses critérios visam diminuir os riscos e exposição à contaminação, considerando que as técnicas de fisioterapia respiratória apresentam grande potencial para disseminação de gotículas e aerossóis no ambiente.
“No paciente crítico, apesar de estarmos fortemente preocupados com a manutenção da vida, incluímos também uma atenção especial quanto a recuperação física de forma geral, para que, quando o paciente retomar suas condições adequadas de saúde, ele tenha o mínimo de perdas nas suas capacidades motoras, com redução das inabilidades físicas e incremento da funcionalidade. Dessa maneira, o paciente poderá ter seu completo restabelecimento, com o seguimento ambulatorial em um fluxo assistencial que chamamos de linha de cuidado, garantindo que as necessidades de saúde sejam devidamente atendidas”, conclui Luciana.
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Texto: Edimilson Montalti
Assessoria de imprensa da FCM Unicamp