O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp sediou na manhã de quinta-feira (12) a cerimônia de agradecimento pela doação de equipamentos e acessórios hospitalares como eletrocardiógrafos, ultrassons portáteis, desfibriladores, carrinhos para ECG e ultrassom, transdutores e 20 monitores multiparamétricos, além de luvas, máscaras e aventais de TNT e bilaminados feita pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) ao hospital. O valor total doado é de R$ 2,2 milhões de reais.
A doação foi feita dentro do projeto The establishment of a research and reference collaborative system for the diagnosis of fungal infections including drug-resistant ones both in Brazil and Japan (Projeto MIRE) em parceria o HC Unicamp. Veja aqui o vídeo do Projeto MIRE. A cerimônia aconteceu no anfiteatro do hospital e representou, também, um agradecimento da Unicamp ao governo japonês.
A cerimônia foi presidida pelo reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles e pela coordenadora geral da Universidade, Maria Luiza Moretti, coordenadora do projeto de cooperação internacional entre a Unicamp e a Universidade de Chiba, no Japão. Na mesa de abertura do evento estavam o embaixador do Japão no Brasil, Akira Yamada e o representante da JICA no Brasil, Masayuki Eguchi.
De acordo com Masayuki Eguchi, a JICA atua em diversos países. Com a Unicamp, essa parceria começou em 1990, no Gastrocentro. Devido a pandemia, o HC se tornou um hospital de referência para casos de covid-19. Muitos dos profissionais que atuam no projeto MIRE trabalham dentro do HC Unicamp e passaram a trabalhar no atendimento de pacientes com covid-19.
“Nossa missão é a segurança humana. Mediante a solicitação da Unicamp, formalizamos a doação desses equipamentos, na esperança possam auxiliar no tratamento e na defesa dos pacientes internados nas UTIs. Sentimos gratos pelos trabalhos conduzidos pela Unicamp com seriedade, responsabilidade e comprometimento em melhorar a qualidade de vida da população. Vamos empenhar esforços para continuarmos juntos nessa caminhada”, disse Eguchi.
A coordenadora geral da Universidade, Maria Luiza Moretti, destacou o sucesso da colaboração entre a Unicamp e Universidade de Chiba, com o apoio da JICA e do governo do Japão. Moretti ressaltou que a solidariedade da JICA tocou profundamente em quem está na linha de frente do combate à pandemia de covid-19, principalmente os infectologistas, que são chamados para atuarem mais fortemente em momentos que desafiam a saúde pública. A coordenadora geral da Unicamp também frisou que uma parceria duradoura como essa tem que continuar, para que as próximas gerações de pesquisadores, alunos e profissionais de ambas as nações possam trocar experiências pessoais e culturais.
“Quando há o desejo de trabalhar em conjunto, lado a lado em bancadas de laboratório ou assistindo palestras, desenvolvendo pesquisas ou atuando no enfrentamento de doenças, a barreira da língua se torna pequena”, revelou Moretti que há 20 anos desenvolve e mantém parcerias com o governo japonês.
O embaixador do Japão no Brasil, Akira Yamada, declarou seu respeito aos profissionais de saúde do Brasil que travam um combate diário contra à covid-19. Yamada disse que espera que as doações feitas ao HC da Unicamp colaborarem com as atividades assistenciais do hospital.
“Pretendemos continuar colaborando ao máximo com o Brasil no combate à covid-19. Que essa doação sirva para aumentar as relações de cooperação entre Brasil e Japão e os laços entre os brasileiros e os japoneses”, confidenciou Yamada.
O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, agradeceu a doação da JICA ao HC e disse que essa colaboração é a mais longa e duradoura da história da Universidade. O reitor reconheceu que o HC da Unicamp tem sido a linha de frente no combate à pandemia de covid-19 e que isso tem reforçado a imagem da Unicamp perante a sociedade.
“Desejamos estabelecer laços duradouros com outros países. Eu gostaria também de solicitar, oficialmente, que os laços fortes até agora estabelecidos entre o Japão e a área da saúde extrapolassem para outras áreas de ensino, pesquisa e extensão da Unicamp. Isto, com certeza, unirá mais o povo brasileiro e o povo japonês”, reforçou Meirelles durante seu discurso antes da entrega das placas de homenagem ao embaixador do Japão e ao representante da JICA no Brasil.
Equipamentos já estão em uso no hospital
De acordo com coordenador de assistência do HC Unicamp, Plínio Trabasso, desde o ano passado, os profissionais de saúde e da administração do HC Unicamp têm trabalhado de forma inabalável para atender os pacientes com covid-19. Segundo Plínio, a doação dos EPI´s e dos equipamentos de alta tecnologia já estão sendo usados para atender os pacientes do hospital.
“Essa doação impactou de forma positiva nossos profissionais e pacientes. Não tenho palavras para agradecer à JICA e ao governo japonês por essa doação”, disse Trabasso.
O superintendente do HC Unicamp, Antonio Gonçalves de Oliveira Filho, durante seu discurso, utilizou dois símbolos da cultura japonesa para expressar a gratidão do hospital pela doação recebida: o Daruma – que representa a esperança e a realização dos sonhos com paciência, perseverança e obstinação e o Bushidô, também conhecido como Caminho do Guerreiro – que representa a justiça, a coragem, a compaixão, a polidez, a sinceridade, a honra e a lealdade.
“É essa esperança que estamos vendo com a nova gestão que se inicia na Universidade. A comunidade HC tem enfrentado com cabeça erguida essa pandemia mundial. Para o nosso Planejamento Estratégico estamos buscando os valores do Bushidô, tão comum na cultura japonesa. É o que queremos na missão do HC. Por isso, kansha – gratidão – ao povo japonês”, disse Antonio Gonçalves.
Também participaram da solenidade no HC Unicamp o secretário da embaixada do Japão, Yasunori Mori; o cônsul-geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana; o chefe do Departamento de Assuntos Gerais e Políticos do Consulado-Geral do Japão em São Paulo, Hiroyuki Ide; o coordenador administrativo do hospital, Rodrigo Bueno Oliveira, chefes de áreas do HC Unicamp, além de outras autoridades da Unicamp e convidados, que seguiram os protocolos sanitários para participarem da solenidade.
Visita ao LEMDI e parceria entre Unicamp e JICA
Após a cerimônia de formalização da entrega das doações da JICA ao HC Unicamp, a comitiva japonesa e autoridades da Unicamp e do HC visitaram o Laboratório de Epidemiologia Molecular e Doenças Infecciosas (LEMDI) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) Unicamp. Coordenado pela professora da FCM e atual coordenadora geral da Unicamp, Maria Luiza Moretti, o LEMDI.
O laboratório foi fundado em 1993 e montado com recursos da Fapesp. Em 1996, iniciou-se o primeiro projeto colaborativo da Unicamp com a Universidade de Chiba e a Universidade de Toyama, com a ida de professores e alunos de pós-graduação para o Japão e vice-versa. Em seguida, veio um projeto com o apoio da JICA para treinamento na área de doenças infecciosas e HIV de médicos de países africanos de língua portuguesa.
No início de 2000, outro projeto com a Universidade de Chiba, no Japão foi firmado, e em 2017, o laboratório foi contemplado com o Science an Technology Research Partenership for Sustainable Development (SATRESP). O acordo previu o investimento de R$ 5 milhões da JICA durante cinco anos para a realização de pesquisas fúngicas, readequação tecnológica dos equipamentos do LEMDI e a ida e vinda de pesquisadores da Unicamp à Chiba e Nagasaki, suspensos desde o ano passado devido à pandemia de covid-19.
Já a parceria entre a Unicamp e a JICA existe há mais de três décadas. Os investimentos da Agência na Universidade somam em torno de 60 milhões de reais. Em 2019, o Laboratório de Doenças Epidemiológicas e Infecciosas (Lemdi) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e instalado dentro do HC Unicamp foi contemplado com um aporte de mais de 5 milhões de dólares para a realização de projetos de pesquisa clínica em infectologia, em parceria com a Universidade de Chiba.
Ainda no mesmo ano, a Unicamp foi contemplada com título de “JICA President Award 2019”. Essa foi a primeira vez na história do órgão governamental japonês que uma universidade estrangeira foi contemplada com a honraria. O Centro de Diagnóstico de Doenças do Aparelho Digestivo (Gastrocentro) também recebeu ao longo da história de cooperação aportes relevantes para o seu funcionamento.
Fotos: Caius Lucilius (HC Unicamp) e João Marques (Reitoria da Unicamp)