Heidi Wanessa Ide Carvalho e Thaisa Barboza Caselli Justino são duas das 13 nutricionistas que compõem a equipe da Divisão de Nutrição e Dietética (DND) do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. Heidi trabalha há 10 anos no hospital e, há pouco mais de 15 dias, assumiu o cargo de coordenadora da Nutrição Clínica do HC Unicamp. Thaisa completará no mês de setembro sete anos no hospital e está à frente da Coordenadoria da Produção da DND. Ambas sentem orgulho da área que escolheram trabalhar: Nutrição.
No dia 31 de agosto é comemorado o Dia do Nutricionista. Em homenagem a esse profissional e também a toda a equipe de 125 colaboradores, entre nutricionistas, técnicas de nutrição, almoxarifes, técnicos administrativos, cozinheiros e copeiros que fazem parte da DND, Heidi e Thaisa foram convidadas para contar um pouco sobre suas rotinas e fatos que envolvem a Nutrição dentro de um hospital público.
Perguntadas sobre o que é Nutrição, ambas responderam, com uma única palavra: “Amor”. Leia abaixo a entrevista com as duas nutricionistas da DND do HC Unicamp.
HC – Unicamp: Por que você escolheu ser nutricionista?
Thaisa – Escolhi a profissão de nutricionista porque desde a adolescência me identifiquei com a área da saúde e alimentação. Eu cheguei a fazer acompanhamento nutricional quando mais nova e achava o trabalho fantástico. Sempre li muito sobre o papel de uma alimentação adequada na contribuição para manutenção ou recuperação da saúde das pessoas. Além disso, adoro cozinhar. Juntei todos esses pontos que me encantavam e escolhi a Nutrição!
Heidi – Após encerrar o ensino médio, assim como muitos jovens, eu não tinha uma profissão em mente que gostaria de exercer para o resto da vida. Recordo que quando inicie o cursinho preparatório para o vestibular, vários profissionais ministravam palestras falando de suas profissões. Eu não conhecia as diversas áreas de atuação do profissional nutricionista e a possibilidade de trabalhar em variados locais (indústrias de alimentos, alimentação coletiva, clínicas, hospitais, etc.). Esse leque de oportunidades futuras me fez escolher o curso de Nutrição. Hoje, acredito que a Nutrição me escolheu, pois me sinto realizada profissionalmente.
HC Unicamp – Você se imaginava trabalhando como nutricionista num hospital como o HC Unicamp?
Thaisa – Desde a graduação eu me encantei muito com a atuação de nutricionista hospitalar. Então, logo que me formei, minha pós-graduação e mestrado já foram voltados para essa área. Desta forma, passar no concurso como nutricionista do HC foi uma grata surpresa em minha vida. Quando comecei a trabalhar aqui no HC, tive a oportunidade de conhecer e desenvolver minhas atividades nas áreas da Produção e Copa Hospitalar. Me apaixonei pelas áreas operacionais e tive ainda mais certeza que era isso que eu queria fazer da minha vida!
Heidi – Não! Não mesmo! Após me casar, troquei a minha cidade natal e meu emprego em Minas Gerais, para iniciar uma nova vida na “cidade grande”. Conseguir continuar atuando em nutrição clínica hospitalar já era um grande desafio. Para mim, trabalhar no HC é uma das grandes conquistas que obtive. Um grande orgulho para mim e para toda minha família!
HC Unicamp – Como é sua rotina diária dentro do hospital?
Thaisa – A minha rotina atual é realizar a coordenação da Área da Produção da DND. Estou envolvida em todos os processos relacionados ao abastecimento de itens alimentícios do HC e a produção das refeições. Previsão de gêneros, elaboração de cardápios e gerenciamento da equipe da área da produção são algumas das minhas atribuições. Toda a rotina é voltada para que os pacientes recebam uma alimentação adequada e prazerosa. Isso só é possível com muito trabalho e dedicação de toda equipe!
Heidi – Durante toda minha carreira profissional sempre trabalhei na assistência nutricional ao paciente hospitalizado. Há mais ou menos 15 dias, isso mudou e estou trabalhando na Coordenadoria da Nutrição Clínica. Assim, irei descrever a rotina das nutricionistas clínicas do HC Unicamp. Nosso objetivo é manter ou recuperar o estado nutricional do paciente durante a internação. As dietas hospitalares e/ou a terapia nutricional são de extrema importância e influenciam diretamente no quadro clínico do paciente. No Brasil, a taxa de desnutrição hospitalar varia de 20% a 60% dos adultos hospitalizado e apresenta como principais complicações: pior resposta imunológica, atraso no processo de cicatrização, risco elevado de complicações cirúrgicas e infecciosas, maior probabilidade de desenvolvimento de lesões por pressão, aumento do tempo de internação, custos e do risco de mortalidade. Com o objetivo de minimizar esse cenário, nós, nutricionistas clínicas, realizamos o rastreamento do risco de desenvolver a desnutrição e realizamos a avaliação nutricional nos pacientes potencialmente em risco. Determinamos as necessidades de nutrientes para esses pacientes e realizamos a prescrição dietética de acordo com padrão de dietas existentes no nosso hospital, sempre de acordo com o quadro clínico de cada um, levando em consideração suas particularidades em relação à alimentação. Monitoramos a aceitação e tolerância da dieta durante a internação e, sempre que necessário, orientamos os cuidados nutricionais na alta hospitalar.
HC Unicamp – Como a nutrição impacta na saúde dos profissionais e pacientes do HC?
Thaisa – Já se sabe o papel fundamental que a alimentação tem na saúde e qualidade de vida do ser humano, mas eu vou além. Costumo dizer à minha equipe que o momento da refeição é sempre sagrado, principalmente para pacientes que estão internados e para equipe de profissionais que lidam com os mesmos. Desta forma, temos muita responsabilidade em fornecer refeições que sejam equilibradas do ponto de vista nutricional e que também tragam um momento de alegria para quem as consome.
Heidi – A obesidade e a desnutrição são doenças nutricionais que podem estar relacionadas a problemas alimentares. No Brasil, o índice de obesidade é de 19,8% e sobrepeso 55,4%. O excesso de peso está relacionado ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes. Já a desnutrição, grande desafio no ambiente hospitalar mencionado na pergunta anterior, também pode estar presente na obesidade, uma vez que as pessoas cada vez mais consomem calorias, mas não variedades de nutrientes. Dessa maneira, uma alimentação adequada, deve conter quantidade de alimentos suficiente para cobrir as exigências energéticas do organismo e manter o corpo equilibrado. Deve ser variada e colorida para obter todos os nutrientes necessários, sempre atendendo uma relação de proporção entre si. Respeitando a individualização, sem perder a alegria e o prazer de comer.
HC Unicamp – Você concorda que a saúde começa com uma alimentação adequada? Por quê?
Thaisa – Com certeza! Temos que fazer do alimento o nosso remédio! A escolha de alimentos adequados é capaz de fornecer nutrientes que são fundamentais para o bom funcionamento do organismo.
Heidi – Sim! Existe uma relação direta entre nutrição e bem-estar físico, mental e social! Uma alimentação adequada e um bom relacionamento com a comida que ingerimos nos proporciona muito além de um peso saudável. Uma alimentação adequada nos proporciona um bom rendimento físico no trabalho e na prática de exercício, contribuindo positivamente no nosso estado emocional. O equilíbrio alimentar, nos permite usufruir de um dos maiores prazeres da vida, o comer sem culpa!
HC Unicamp – Há algum fato ou história que te marcou durante esses anos de trabalho como nutricionista no hospital?
Thaisa – Muitas vivências nesses sete anos de HC me marcaram e me motivaram para seguir sempre buscando a minha melhor versão profissional. Ver o paciente feliz no momento da refeição, receber um elogio do nosso trabalho, presenciar a equipe motivada e saber que entregamos alegria além de nutrientes é, sem dúvida, um privilégio.
Heidi – Sim. Quando comecei a trabalhar no HC Unicamp, após treinamento prévio na DND, fui comunicada que eu seria a nova nutricionista responsável pela enfermaria da Gastro (Gastrocirurgia e Gastroclinica). Foi uma mistura de sentimentos enorme! Feliz e motivada pelo novo desafio, mas também com medo. Sabia da complexidade que seria. Na época, eu também iria assumir os ambulatórios da Gastro. Não sabia o que era EED, GDP, sem experiência nenhuma com pacientes de Doença de Crohn e bariátrica. Porém, toda equipe multidisciplinar me acolheu! Tive a oportunidade de trabalhar com profissionais que são referências na área que atuam, aprendi muito com a enfermagem, com cada paciente, aprendi a trabalhar em equipe e valorizar cada um. Aprendi a amar a Gastro, como muitos amam!
Marmitas coloridas
No dia de hoje (31), em comemoração ao Dia do Nutricionista, a equipe da DND entrega 340 marmitas decoradas com desenhos e mensagens aos pacientes internados em diversas enfermarias do HC Unicamp e que necessitam de dieta via oral. “Todas as marmitas e sopas distribuídas levam um pouco de carinho da Nutrição do HC Unicamp”, comenta Heidi.
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