O Hospital de Clínicas da Unicamp comemorou 30 anos do primeiro transplante hepático realizado em setembro de 1991. A celebração foi restrita e coincidiu com a campanha “Setembro Verde”, que incentiva e conscientiza a sociedade sobre a importância da doação de órgãos e tecidos. O reitor da Unicamp Antônio José de Almeida Meirelles e a Coordenadora Geral da Universidade, Maria Luiza Moretti, compareceram à cerimônia que contou com a participação remota de representantes do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde.
Desde o início dos procedimentos, o hospital já realizou 1066 transplantes de fígado. A celebração foi presidida pela professora Ilka Boin – coordenadora do transplante hepático na Unicamp e aconteceu em 24/09, no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Estiveram presentes ainda, o superintendente do Hospital de Clínicas, o diretor da FCM, além de profissionais envolvidos na cadeia do transplante: enfermeiros, biólogos, médicos residentes e docentes. Um paciente transplantado integrou os convidados e outros dois participaram virtualmente.
“A Unicamp foi o segundo centro da América Latina a realizar esse tipo de cirurgia. Antes do transplante ser efetuado no hospital, toda equipe então chefiada pelo professor Leonardi, realizou estágios na Espanha, França e Estados Unidos”, recordou a professora Ilka Boin. Atualmente, diz, a média de sobrevida dos transplantados é de 72% . A média de internação varia entre 7 e 11 dias e em três meses o paciente pode retornar às atividades laborais. No Brasil existem 116 centros credenciados para transplantes, distribuídos em 24 estados.
O reitor da Unicamp ressaltou a importância do serviço para todo Estado ao longo dos anos e que sempre esteve associado ao ensino e à pesquisa. “Sabemos que o Brasil é o primeiro país do mundo em número de transplantes de órgãos feito pelo sistema público de saúde, e nos sentimos orgulhosos de fazer parte dessa conquista da universidade por todos os aspectos, especialmente, na formação e capacitação de profissionais atuantes em diversas regiões do país”, salientou.
A médica infectologista e coordenadora da CGU, Luiza Moretti foi testemunha dessa trajetória de empreendedorismo no HC da Unicamp, inclusive sobre as publicações de estudos em revistas indexadas. “A inovação que as equipes da Unicamp buscaram ao longo desses trinta anos não foi fácil. Entretanto, estamos aqui, em um dia extremamente importante para reconhecermos o pioneirismo do professor Leonardi que de qualquer maneira sempre teve como foco, o bem estar do paciente, a sua qualidade de vida. Isso que vocês fazem não tem preço. Parabéns a todos que fizeram parte dessa história”, destacou Moretti.
A coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde, Arlene Badoch que acompanhou o evento virtualmente, ressaltou o papel da professora Ilka como uma importante colaboradora do SNT. “Ilka Boin participa ativamente de nossas reuniões técnicas ajudando a melhorar a legislação, e contribuindo para campanhas voltadas aos profissionais e também para a sensibilização das famílias”. Tanto o reitor quanto a coordenadora geral da Universidade parabenizaram as equipes da Organização de Procura de Órgãos (OPO-Unicamp), representada pelo coordenador Luiz Antônio da Costa Sardinha.
Transplantes no Estado – O número de transplantes cresceu 52% nos oito primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, graças à definição de protocolos de prevenção para as cirurgias, à vacinação e à queda dos indicadores da COVID-19, que afetou esta área em 2020.
De janeiro a agosto de 2021, houve 4.928 transplantes de órgãos e tecidos, contra 3.237 no mesmo período do ano anterior, segundo balanço da Secretaria de Estado da Saúde com base nos dados da Central de Transplantes.
“A estruturação da rede de saúde frente à pandemia e, mais recentemente, o avanço da vacinação em massa da população contra a COVID-19, têm contribuído para o crescimento do número de transplantes”, explica o Coordenador da Central de Transplantes do Estado de São Paulo, Francisco Monteiro que também integrou e falou virtualmente na cerimônia dos 30 anos do primeiro transplante de fígado do HC Unicamp.
Fígado – O fígado é uma glândula constituída por milhões de células – os hepatócitos, localizada no lado direito do abdômen, que produz substâncias essenciais para o equilíbrio do organismo. Embora tenha uma capacidade extraordinária de recuperação, certas doenças provocam insuficiência hepática aguda ou crônica grave que podem levar ao óbito.
Entre os órgãos que podem ser doados, o coração e o pulmão são os que possuem o menor tempo de preservação extracorpórea: de 4 a 6 horas. Fígado e pâncreas vêm em seguida com tempo máximo para transplante de 8 a 16 horas e os rins podem levar até 48 horas para ser transplantados. Já as córneas podem permanecer em boas condições por até sete dias e os ossos até cinco anos.
Veja a tabela de transplantes gerais realizadas no HC da Unicamp:
Caius Lucilius com Marcos Caetano – Assessoria de Imprensa HC
Fotografia – Júlia P. Moretzsohn de Castro – Assessoria de Imprensa HC