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A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o tabaco mata mais de oito milhões de pessoas por ano. Mais de sete milhões dessas mortes resultam do uso direto desse produto, enquanto cerca de 1,2 milhão é o resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo. Há diversos produtos derivados de tabaco: cigarro, charuto, cachimbo, cigarro de palha, cigarrilha, bidi, tabaco para narguilé, rapé, fumo-de-rolo, dispositivos eletrônicos para fumar e outros.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) do Ministério da Saúde (MS), no Brasil, cerca de 443 pessoas morrem a cada dia por causa do tabagismo. Os custos dos danos produzidos pelo cigarro no sistema de saúde e na economia passam de R$125 bilhões e mais de 161 mil mortes anuais poderiam ser evitadas.

O Brasil se tornou, em julho de 2019, o segundo país a implementar, integralmente, todas as medidas MPOWER, que é um plano da OMS para reverter a epidemia do tabagismo. Uma dessas medidas é oferecer ajuda para quem deseja parar de fumar.

Desde 2002, o Hospital de Clínicas da Unicamp mantém o Ambulatório de Substâncias Psicoativas (ASPA) que trabalha com abordagens intensivas aos fumantes que desejam parar de fumar. O ASPA é composto por uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais. Por semana, o ASPA-Tabagismo atende 20 pacientes. O atendimento é porta aberta e a entrada é pelo grupo de motivação, todas as quartas-feiras, às 7h30 da manhã.

Leia aqui o material informativo do ASPA.

“É possível tratar o tabagismo. A combinação de medidas comportamentais, que são trabalhadas principalmente em grupo, juntamente com o auxílio farmacológico, que pode ser uma terapia de reposição de nicotina, tem se mostrado ferramentas eficientes para quem deseja para de fumar”, explica a psiquiatra e responsável pelo ASPA do HC Unicamp, Renata Cruz Soares de Azevedo.

De acordo com Renata, o cigarro de combustão tem mais de quatro mil substâncias tóxicas para o organismo. As doenças mais prevalentes são as cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC), além de diversos tipos de câncer, como o câncer de pulmão e doenças respiratórias. Além disso, diz a especialista, a nicotina tem elevado potencial de causar dependência, o que torna difícil a cessação.

“O tabagismo está na base das doenças crônicas não-transmissíveis e o impacto no Sistema Único de Saúde (SUS) é muito elevado. Quando você reduz o tabagismo, você aumenta a expectativa de vida da população. Portanto, é uma medida muitíssimo custo-efetivo para o paciente e para o nosso sistema de saúde”, reforça Renata.

Percepção social e cigarro eletrônico

Nos últimos 30 anos, houve uma mudança na percepção social com relação ao tabagismo. Os mais jovens tem iniciado o tabagismo numa frequência muito menor, e as pessoas de mais idade tem buscado apoio para cessar o tabagismo. “O Brasil, de fato, é considerado um case de sucesso. A faixa etária de iniciação ao tabagismo permanece a jovem, mas nossas taxas que antes chegavam a 40% de pessoas fumantes hoje estão em torno de 10%. O tabagismo está concentrado predominante na faixa etária de adultos e de pessoas mais idosas”, diz.

Embora tenha havido uma redução à iniciação ao tabagismo entre os jovens, o uso de cigarro eletrônico tem crescido entre essa faixa etária no mundo todo e também no Brasil, alerta Renata. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), proíbe a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar.

Os cigarros eletrônicos foram lançados como uma estratégia de redução de danos para tabagistas que não conseguiam para de fumar usando outros métodos. Mas o que era uma estratégia de tratamento se mostrou ineficaz com o passar do tempo. Hoje, muitos tabagistas fazem uso do cigarro eletrônico e do convencional ao mesmo tempo. Além disso, o uso do cigarro eletrônico fez que surgissem relatos nos Estados Unidos de uma doença respiratória chamada de Injúria Pulmonar Relacionada ao Uso de Cigarro Eletrônico (Evali).

“O propilenoglicol e glicerol que são usados nos cigarros eletrônicos, quando aquecidos, são danosos à saúde. Os jovens que usam cigarro eletrônico não são ex-tabagistas que estão tentando deixar de fumar, são jovens iniciando o tabagismo pelo uso do cigarro eletrônico e isso aumenta a chance deles se tornarem tabagistas. Está na hora de focarmos na prevenção e na discussão sobre o uso dos cigarros eletrônicos”, aconselha.

Dia Mundial sem Tabaco

O impacto prejudicial da indústria do tabaco sobre o meio ambiente é vasto e crescente. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 600 milhões de árvores são cortadas para produção do cigarro, 84 milhões de toneladas de CO2 são liberados pela indústria do tabaco por ano na atmosfera e 22 bilhões de água são gastos para a produção do cigarro e derivados. Por isso, a campanha de 2022 da OPAS no Dia Mundial Sem Tabaco, em 31 de maio, destaca o longo ciclo do tabaco e o impacto do cultivo, da produção, da distribuição, do consumo e dos resíduos pós-consumo do fumo no planeta e na saúde.

Veja aqui a campanha.

No HC da Unicamp, a campanha está concentrada nos painéis de acesso ao restaurante do hospital para lembrar a todos da importância da prevenção ao tabagismo e da preservação do planeta.


Texto: Edimilson Montalti – Assessoria de imprensa HC Unicamp
Fotografia: Antonio Scarpinetti – SEC Unicamp e Banco de imagens do HC Unicamp

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