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O Serviço de Medicina Nuclear do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp realiza vários exames, entre eles o PET/CT. Esse exame é marcado com o radionuclídeo flúor-18 (FDG), um radiofármaco similar à glicose. Esse radiofármaco é usado para detecção de tumores em órgãos e tecido em todo o corpo. Até dezembro de 2021, o paciente aguardava cerca de 142 dias para ser chamado pelo Serviço de Medicina Nuclear do HC da Unicamp para fazer esse exame. Além disso, o paciente passava de seis até oito horas dentro do Serviço até a finalização completa do PET/CT.

Mas tudo isso mudou após a implantação do projeto de gestão Redução de filas no Serviço de Medicina Nuclear – PET/CT. O projeto foi realizado por uma equipe multidisciplinar do Serviço de Medicina Nuclear com o apoio do Escritório de Projetos do Núcleo de Qualidade e Segurança em Saúde (NQSS) do HC da Unicamp.

A ideia do trabalho partiu da própria equipe do Serviço de Medicina Nuclear que constatou que os pacientes de PET/CT passavam muitas horas dentro do setor para realização dos exames. O projeto teve a participação da médica nuclear e coordenadora do Serviço de Medicina Nuclear do HC da Unicamp Bárbara Juarez Amorim, das biomédicas Edna Brunetto e Gláucia Furlan, da radiofarmacêutica Vânia Rodrigues, da enfermeira Sandra Almeida e da recepcionista Kely Conceição.

“Alguns pacientes chegavam até mesmo a ficar o dia todo no serviço. Agora, entre a chegada do paciente ao serviço de Medicina Nuclear e a injeção do radiofármaco para a realização do exame de PET/CT conseguimos reduzir em 41% o tempo médio de espera do paciente. Isso foi possível por meio de medidas que possibilitaram o escalonamento do horário de chegada dos pacientes”, explica a biomédica Edna.

Antes do plano de ação, os residentes faziam a anamnese para o laudo somente após o término do exame, e isso deixava o paciente mais tempo no setor. Após o plano de ação, a anamnese passou a ser feita durante o período do exame. Além disso, antes do projeto, as imagens dos pacientes aguardavam em média uma hora para serem analisadas para dispensa. O pedido ficava aguardando algum médico residente pegá-lo, fazer a análise das imagens e dispensar o paciente. Uma das ações foi criar um local específico para dispensa ao lado do residente responsável e passar a dar prioridade para a dispensa das imagens.

“O tempo médio entre a entrega o pedido para avaliação e início da análise, que antes demorava em média uma hora, foi reduzido para aproximadamente dois minutos”, relata a biomédica Gláucia.

Os protocolos médicos relacionados ao PET/CT também foram revistos. Isso impactou na redução de 90% na necessidade de realização de imagens adicionais.

“Agora existe um melhor planejamento das imagens a serem realizadas. Com essas simples alterações na rotina de atendimento, percebemos que os pacientes ficaram mais tranquilos e satisfeitos”, revela a radiofarmacêutica Vânia.

Outra mudança implantada foi a alteração no protocolo para pacientes diabéticos. Uma dieta pobre em carboidratos foi recomendada aos pacientes um dia antes do exame e a suspensão de antidiabéticos orais 48 horas antes do exame passou a ser solicitada apenas para pacientes com suspeita de câncer do trato gastrointestinal. Isso reduziu o índice de pacientes com hiperglicemia antes do exame de PET/CT e permitiu a redução de três horas para menos de uma hora no tempo entre a intervenção e a injeção do radiofármaco nesses pacientes, além da diminuição do desconforto do paciente com menos testes de glicemia capilar.

“Isso permitiu a redução de 77% no tempo de preparação do paciente para o exame. O intervalo entre o início da intervenção com insulina e administração do FDG caiu de três horas para 40 minutos”, conta a enfermeira Sandra.

Tempo para a realização do exame

A redução do tempo de espera para a realização do exame de PET/CT no Serviço de Medicina Nuclear foi possível devido a definição de cotas mensais e a seleção mais adequada dos pacientes a partir da análise antecipada de cada caso. Se antes o paciente aguardava 142 dias para ser convocado para o exame, depois da implantação do projeto esse tempo caiu para apenas uma semana.

“Como não conseguimos aumentar o nosso teto para realização desses exames no momento, conseguimos pelo menos utilizar melhor esse exame em pacientes que, realmente, precisam e dentro de um tempo de realização rápido. Pacientes com diagnóstico recente e que necessitam de estudo para estadiamento são os principais beneficiados desse novo processo de convocação e atendimento. Isso permite uma melhor conduta médica”, conclui Bárbara.

Escritório de Projetos

O HC da Unicamp vem adotando a filosofia Lean em diversas áreas desde 2019. O acompanhamento dos projetos é feito pelo Escritório de Projetos, que tem entre seus orientadores o professor Paulo Ignácio, da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp. O objetivo do Escritório de Projetos é capacitar e orientar os profissionais do HC da Unicamp para o desenvolvimento dos projetos de melhoria alinhado ao Planes, além de monitorar e garantir a conclusão dos projetos.

De acordo com Célia Regina de Souza, enfermeira do ambulatório de Transplante Hepático do Gastrocentro e tutora do Escritório de Projetos que orientou e acompanhou o desenvolvimento do projeto, o sucesso da Medicina Nuclear se deve ao empenho da equipe, que foi muito participativa e disposta em aprender uma nova forma de trabalho. “Além dos resultados concretos do projeto, o trabalho também auxilia na consolidação de metodologia Lean e na construção de uma nova cultura de gerenciamento dentro do HC da Unicamp”, diz Célia, satisfeita com o expressivo resultado alcançado pela equipe da Medicina Nuclear.


Texto: Edimilson Montalti – Assessoria de imprensa HC Unicamp
Fotos: Edimilson Montalti e Julia Erler – HC Unicamp

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