No início de novembro, mais de mil origamis deram vida e cor às imediações do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. Eles não surgiram ao acaso. Estudantes da escola Ativa, em Campinas, e da escola Sérgio Porto, na Unicamp, encabeçaram a ação “Tsurus para a Rafa” pela melhora de Rafaela Bonadia Barabarini, internada na UTI Pediátrica do HC da Unicamp. No Japão, presentear pessoas convalescentes com dobraduras desta ave carrega em seu significado o desejo de saúde, prosperidade e longevidade.
Rafaela, de 11 anos, está internada na UTI Pediátrica do HC da Unicamp com rebaixamento do sistema nervoso central, devido a Síndrome de Kearns-Sayre, com a qual a adolescente luta desde muito cedo. Na Síndrome de Kearns-Sayre, as células do corpo não conseguem produzir a energia necessária para as demandas do organismo. Por isso, Rafaela luta contra a diabetes, a insuficiência adrenal, a intolerância ao exercício, a ataxia, a perda auditiva e visual parcial.
Luciana Cardoso Bonadia, mãe de Rafaela, é bióloga e trabalha no Laboratório de Genética Molecular da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Ela disse que no dia da homenagem em que os tsurus foram colocados no gradil que cerca Centro de Convivência Infantil (Ceci) ao lado do HC da Unicamp, a filha teve uma melhora no quadro de saúde.
“Os japoneses acreditam que a cada mil origamis de tsurus é possível realizar um desejo. Acredito que ela tenha sentido todo o amor que vibrou em sua direção”, disse Luciana, emocionada e bastante agradecida.
Empatia e amizade
A estudante Mariana Hoffmann Rosa é amiga de Rafaela desde os seis meses de idade e falou sobre o sentimento de liderar a iniciativa em conjunto com os colegas de classe Maria Laura Aranha Dutra Rosa, Rebecca Reis Alves, Lívia Linhalis Arantes, Isabella Augusto Gozzi, Rafael Duarte Frias, Bernardo Leal Guimarães e Dara Di Grazia Carvalho Falleiros. “Fiquei muito feliz com essa ação. Além de ser muito divertido dobrar os tsurus, eu sabia que era por uma boa causa. A Rafa é uma amiga muito especial para mim”, disse Mariana.
Cristina Megumi Wada, coordenadora e diretora da Escola Ativa onde a operação “Tsurus para a Rafa” foi realizada, destacou a importância de exercitar e desenvolver a empatia nos mais jovens, de maneira que eles compreendam como pode ser prazeroso fazer o bem. “Buscamos desenvolver projetos que abordem valores essenciais no desenvolvimento de indivíduos mais responsáveis, comprometidos e engajados. Acreditamos no desenvolvimento de potencialidades enquanto agentes de transformação, valorizando a empatia e a criatividade nos diferentes contextos socioculturais”, comentou Cristina.
Escola Sérgio Porto
Aluna do 5º ano D da Escola Estadual Sérgio Pereira Porto, Rafaela também foi homenageada pelos colegas de turma. A professora Julia Soldani contou como ação foi organizada na escola. “Além de explicar sobre a lenda dos tsurus, falamos sobre a importância e intenção da iniciativa simbólica, de emanar bons pensamentos para a Rafa. Apesar das dificuldades, os alunos se empenharam em seguir o passo a passo da dobradura. Quanto mais os alunos dobravam, mais queriam dobrar. Acabaram com todos os papeis que eu havia levado para a aula, naquele primeiro dia. Todos os dias da semana eu era procurada pelos alunos pedindo mais papeis. Foi muito genuíno”, disse Julia.
Os alunos aproveitavam a oportunidade para falar dos próprios sentimentos e todos os dias perguntavam pela amiga. No dia em que eles alcançaram a meta de mil tsurus, todos comemoraram. “Foi bem emocionante. As crianças abraçaram a causa e foram até o fim. Fico muito feliz de ter feito parte dessa iniciativa. Estamos em oração por ela, desde sempre, nos cuidados, nas formas de participação dela na escola. Ela é muito importante para todos nós”, comentou a professora da escola Sérgio Porto.
Rafa descansou nessa terça-feira, 22 de novembro. “Lutando como uma guerreira até o fim”, disse Luciana, orgulhosa e agradecida por tudo que fizeram por ela nessas três semanas internadas na UTI Pediátrica do HC da Unicamp.
Matéria originalmente publicada no site da FCM Unicamp por Camila Delmondes
Edição de texto: Edimilson Montalti – Núcleo de Comunicação HC Unicamp
Fotografia: Divulgação FCM Unicamp