A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. Nem sempre a doença apresenta sintomas, mas quando aparecem, se manifestam na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. As hepatites virais podem ser transmitidas pelo contágio fecal-oral, pela relação sexual desprotegida pelo contato com sangue contaminado, através do compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfuro-cortantes, da mãe para o filho durante a gravidez e por meio de transfusão de sangue ou hemoderivados.
De acordo com Simone Perales, médica e cirurgiã do aparelho digestivo do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, a inflamação no fígado pode ocorrer também pelo consumo abusivo de álcool, uso irracional de medicamentos e até por anormalidade do sistema imunológico.
“Infelizmente, o álcool ainda é uma das causas de hepatite seguida de cirrose no Brasil, o que resulta na necessidade de transplante de fígado”, alerta Simone.
Apesar das hepatites virais terem evoluções graves, segundo Perales, elas podem e devem ser evitadas por meio da vacinação populacional e da conscientização sobre as formas de transmissão, especialmente a hepatite C.
Raquel Stucchi, médica infectologista do HC da Unicamp e responsável pelo Grupo de Estudos em Hepatites Virais da Disciplina de Infectologia e do Grupo de Hepatites Virais da Disciplina de Gastroenterologia, diz que a hepatite C é assintomática e o diagnóstico é feito por meio de um simples exame de sangue.
“Hoje, a chance de cura da hepatite C é superior a 90%, especialmente quando o diagnóstico é precoce. Com os tratamentos novos e os medicamentos disponíveis pelo SUS, conseguimos chegar bem perto da cura, por isso o diagnóstico é essencial”, explica Raquel.
Prevenção
A hepatite A é transmitida por ingestão do vírus. Fique atento à higiene de utensílios e alimentos. Assim, alimentos e até mesmo água comercializados nas ruas ou em ambientes precários, sem que haja condições básicas de higiene, podem servir de vetores para o vírus.
A hepatite B é transmitida em relações sexuais em 70% dos casos. O contágio pode ocorrer em uma única relação sem proteção. Por isso, utilize preservativo nas relações sexuais.
A hepatite C se transmite, basicamente, por via sanguínea. Não compartilhe objetos cortantes. Na visita a manicure recomenda-se levar seu próprio kit com alicates e outros instrumentos. Também tenha a sua própria lâmina de barbear e só utilize agulhas ou seringas que sejam descartáveis. Colocação de piercings e tatuagens são arriscados, principalmente quando não realizados com cuidados de esterilização.
Tratamento
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece exames e tratamento para todos os tipos de hepatite, independentemente do grau de lesão do fígado. Na rede privada, o tratamento pode chegar a custar R$ 50 mil.
Para a hepatite A e B já existem vacinas que previnem a contaminação pelo vírus. Elas são encontradas em centros de referência imunobiológica e nos postos de saúde. No caso da hepatite B são necessárias três doses da vacina, com intervalos de aplicação pré-determinados. Amplamente recomendada para imunização de crianças, a vacina só deve ser ministrada a partir do primeiro ano de idade.
A hepatite C é assintomática, mas através de um teste de sangue simples é possível identificar a presença do vírus no sangue. O diagnóstico precoce evita as complicações comuns ao avanço da doença e previne a transmissão do vírus aos familiares.
O tratamento disponível na rede pública de saúde pode ter duração de seis meses a um ano, dependendo do tipo da doença. Podem ocorrer efeitos colaterais, como dores musculares e queda de cabelo, mas a taxa de abandono da terapia é baixa.
Texto: Edimilson Montalti – Núcleo de Comunicação HC Unicamp
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