O secretário estadual da Saúde de São Paulo, Eleuses Paiva, esteve na manhã de terça-feira (29) na Unicamp para abertura oficial da nona oficina sobre o Projeto de Regionalização do Estado de São Paulo – Por um SUS Único. O evento começou ontem (28) e segue até quarta-feira (30) nas dependências da Faculdade de Ciências Médicas (FCM).
O projeto de Regionalização da Saúde foi proposto pela Secretaria Estadual da Saúde e tem como objetivo reorganizar as unidades de saúde e os investimentos de acordo com as necessidades e demandas de cada região do Estado. A proposta já foi discutida em cidades como Bauru, Marília, Presidente Prudente e São José do Rio Preto, entre outras.
Esta edição é direcionada para a DRS-7 (Campinas) e DRS-14 (São João da Boa Vista). A DRS-7 engloba Campinas e Região Metropolitana, Circuito das Águas, Bragança Paulista e Jundiaí. Já a DRS-14, de São João da Vista, responde pelos municípios da Baixa Mogiana, Mantiqueira e São José Rio Pardo — juntas congregam 62 municípios.
De acordo com Eleuses Paiva, o objetivo principal do programa, além de melhorar a eficiência do gasto público, é ampliar a oferta de serviços, reduzir filas e, com isso, garantir o acesso ao serviço de saúde de forma igualitária aos usuários, que, muitas vezes, segundo ele, precisam se deslocar para municípios distantes em busca de atendimentos especializados.
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“Temos de personalizar os sistemas de acordo com cada região. Não dá para pensar a saúde apenas nos limites geográficos do município. A saúde não pode ser um projeto de governo, mas sim uma política de estado”, afirmou o secretário de Saúde de São Paulo no auditório lotado prefeitos, deputados estaduais e diversas outras autoridades.
A superintendente do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, Elaine Cristina de Ataíde, destaca que a regionalização da saúde é de crucial importância. Tendo o projeto da regionalização implementado, será possível otimizar todas as capacidades instaladas no HC da Unicamp e, também, nos hospitais de média complexidade da região.
“A regionalização traz a capacidade de aumentar tudo o que já está implantado dentro do hospital ou de uma unidade de saúde e permite a otimização dos recursos. Ela é importante do ponto de vista de gestão e de qualidade de atendimento dos pacientes”, disse Elaine.
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O reitor da Unicamp, Antonio Meirelles, lembrou que a Universidade defende o Sistema Único de Saúde (SUS) desde o início do programa, ainda no século passado, e garantiu que continuará assim. No entanto, para ele, o desafio agora não é apenas organizar um sistema regionalizado. Segundo Meirelles, Campinas tem potencial para transformar a região num polo de produção de tecnologias, além da assistência.
“Podemos nacionalizar, aqui, a produção de equipamentos ligados à saúde. Podemos ser protagonistas na produção de medicamentos e de toda uma grande indústria tecnológica que cerca a área da saúde. Com isso, poderemos reduzir custos, melhorar o atendimento e promover melhor distribuição de renda”, acredita Meirelles.
O presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas e prefeito de Jaguariúna, Gustavo Reis, defendeu a regionalização, mas fez uma ressalva. Segundo ele, os municípios estão sendo obrigados a investir cada vez mais recursos próprios na área da saúde, e esse processo está levando as prefeituras a um estado de insolvência.
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“Investimos muito mais que o mínimo exigido. É comum as prefeituras gastarem 30% ou mais do orçamento próprio com saúde. Não estamos aguentando mais”, disse Gustavo.
Dario Saadi, prefeito de Campinas e vice-presidente da área da Saúde da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) disse que a defasagem da tabela SUS ainda vai inviabilizar o atendimento nos municípios. De acordo com Saadi, quem defende o SUS tem de defender aumento no valor do repasse, pois quando o SUS foi criado, a União pagava 70% das despesas e hoje isso se inverteu, sendo os munícipios que pagam a maior parte da conta.
“Se continuar assim, daqui a pouco, os municípios não aguentarão mais”, alerta. Ou reformulamos o SUS, ou todo o trabalho maravilhoso que foi a construção desse sistema cai por terra”, avisa Saadi.
Contrarreferência
Segundo a superintendente do HC, paulatinamente, mesmo sem estar implementada a regionalização, há uma percepção de todas as cidades de ambas as Diretorias Regionais de Saúde ao aceite dos pacientes de contrarreferência. Na contrarreferência, por exemplo, um paciente pode vir, eventualmente, a um hospital de alta complexidade que atende casos graves como o HC e, no decorrer de seu tratamento, esse paciente passa necessitar apenas do uso de antibióticos. Apesar, disso, relata a superintendente, as cidades ficam reticentes em aceitar esse paciente de volta porque ele era do HC da Unicamp.
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“Nosso compromisso ao fazer a contrarreferência é usar a telemedicina para acompanhar o paciente à distância, orientando e capacitando os profissionais de saúde das cidades ao redor. Além do atendimento de alta complexidade, faremos nosso papel quanto hospital universitário, que é difundir conhecimentos e inovações tecnológicas. Estamos fazendo, em paralelo, reuniões presenciais e já por telemedicina com enfermeiros, médicos e fisioterapeutas das regiões”, revelou Elaine.
Gabinete 3D – Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo lançou no início de agosto o “Gabinete 3D – Saúde”, que concentra diversas ações para promover a aproximação das lideranças, gestores públicos e servidores das redes de saúde dos municípios e das entidades ligadas à saúde. A iniciativa do “Gabinete 3D” promoverá encontros do secretário com lideranças políticas locais, administradores dos hospitais e visitas às unidades de saúde da região. De acordo com Eleuses Paiva, o Gabinete 3D tem um viés análogo ao da Regionalização, promovendo visitas a todas as regiões para ver de perto o que está acontecendo e escutar quem está na ponta dos serviços de saúde.
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Para Elaine de Ataíde, essa proximidade é importante para mostrar o que a equipe do HC vem fazendo, as fragilidades que tem e, também, para apresentar as propostas de melhoria. A expectativa é que a presença do secretário de Saúde de São Paulo dentro do hospital possa manter os profissionais motivados, principalmente após um período de pós-pandemia que exigiu muito de todos da área da saúde.
“Um hospital como o nosso é, às vezes, a última saída para o paciente. Ele tem o HC como a última possibilidade de tratamento. Nossos profissionais são muito solicitados e, ao verem a figura de um secretário de estado da saúde na ponta, com certeza isso os motivará a manterem o sentimento de união – que é o SUS – para continuarem atendendo a população”, disse Elaine.
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Carta de Cooperação Mútua
De acordo com o governo do estado, o Programa de Regionalização da Saúde do Estado de São Paulo conta com a parceria do Cosems-SP (Conselho de Secretários Municipais de São Paulo) e o apoio da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), com a qual foi assinada a Carta de Cooperação Mútua para qualificação e fortalecimento da gestão estadual do SUS do Estado de São Paulo.
A parceria propõe buscar formas de entrosamento entre as instituições, para criar, manter e dinamizar redes permanentes entre os quadros funcionais e assegurar a cooperação entre eles, segundo o governo.
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Texto: Matéria originalmente publicada por Tote Nunes no Portal da Unicamp
Edição de texto: Edimilson Montalti – Núcleo de Comunicação HC Unicamp
Fotografia: Felipe Bezerra (SEC), Mário Moreira (FCM), João Marques (Reitoria) e Edimilson Montalti (HC)