Uma emenda parlamentar da União, no valor de R$ 850.000,00 viabilizou a aquisição pelo Hospital de Clínicas da Unicamp de um moderno equipamento de videoendoscopia com neuroendoscópio da marca STORZ, modelo VITOM, para cirurgias cranianas, endonasais e da coluna vertebral. A indicação da emenda foi do deputado federal Paulo Freire.
A tecnologia dispõem de imagens em alta resolução 3D e permite técnicas minimamente invasivas em pacientes portadores de malformações do encéfalo, hemorragias intracranianas, tumores, cistos aracnoides, hidrocefalia e infecções, eliminando os riscos do implante de válvulas e todas suas complicações pós operatórias. O equipamento pode ser usado juntamente com o neuronavegador que funciona como um sistema de GPS orientando o neurocirurgião no posicionamento do instrumento cirúrgico, de acordo com as imagens de ressonância magnética e tomografia.
O docente e neurocirurgião Enrico Ghizoni esclarece que o neuroendoscópio usado para esses tipos de cirurgias, permite uma visualização ampla e com possibilidades de ressecção completa do tumor muito superior às técnicas utilizadas anteriormente. “A tecnologia do equipamento possibilita obter outras perspectivas da anatomia do cérebro que, até agora, não eram possíveis com o microscópio cirúrgico, permitindo ao neurocirurgião realizar intervenções cirúrgicas minimamente invasivas e mais amplas com visão privilegiada, graças a uma câmera Full-HD acoplada ao sistema com um foco de luz ajustável”, informa Ghizoni.
Andrei Fernandes Joaquim, neurocirurgião e professor da disciplina de neurocirurgia, destaca que a nova tecnologia oferece vantagens principalmente para o paciente, como por exemplo, uma recuperação pós-operatória mais rápida e não precisar de implante de válvulas de derivações ventriculares, que muitas vezes ocasionam complicações relacionadas a processos infecciosos, com alto custo e internações prolongadas. “Além disso, permite o tratamento menos invasivo de algumas doenças que acometem o sistema nervoso central, como a realização de biopsias de tumores em localizações profundas no tecido cerebral e drenagem de hematomas”, detalha.
Nos casos de neuroendoscopia endonasal (Foto abaixo) o procedimento utiliza a cavidade nasal como via de acesso natural para alcançar a base do crânio. Segundo o coordenador dos procedimentos no HC, Mateus Dal Fabbro, os tumores da região selar são em sua maior parte, tumores da glândula hipófise. Porém, diz, outros tipos de tumores como meningiomas ou craniofaringiomas podem ocorrer também nesta região.
Devido à sua posição em área central no crânio, e em contiguidade com o seio esfenóide, tumores nesta região são considerados ideais para abordagem cirúrgica por via endoscópica endonasal, através de acesso pelas narinas, sem necessidades de grandes incisões, menor tempo de internação hospitalar e a ausência de cicatriz externa. A taxa de complicação com o procedimento endoscópico craniano ou endonasal é baixa, em torno de 2% a 7%, quando comparada com procedimentos maiores.