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Sim! Nós podemos acabar com a tuberculose. Este é o tema deste ano da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, que será celebrado em 24 de março. Neste dia e durante o mês de março, o mundo inteiro realiza ações mobilizadoras para as atividades de controle relacionadas à doença.

A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. Afeta os pulmões, mas que também pode ocorrer em qualquer outro órgão do corpo ou em vários ao mesmo tempo, como: pleura, gânglios, meninge, rins e bexiga, fígado, intestino, pele, ossos, entre outros.

De acordo com Mariângela Ribeiro Resende, médica infectologista da Seção de Vigilância Epidemiológica do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp e professora da disciplina de infectologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, apesar de curável, os casos novos de tuberculose aumentaram após a subdetecção durante o período mais crítico da pandemia de covid-19. O Brasil ainda detém um número elevado de tuberculosos: são 35 casos para cada 100 mil habitantes.

“As pessoas ainda continuam adoecendo e morrendo por tuberculose. Os casos têm chegado de uma forma muito tardia aos serviços públicos de saúde”, alerta Mariângela que também é presidente da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI).

Sinais de tuberculose

O diagnóstico deve ser realizado o mais rapidamente possível, logo nos primeiros sinais. Os principais sintomas são: tosse há mais de três semanas, emagrecendo e febre. Nesses casos, recomenda-se que a pessoa procure uma Unidade Básica de Saúde para fazer o diagnóstico e o tratamento da doença, que é feito de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Boletim epidemiológico

De acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, a tuberculose (TB) é uma doença transmissível que conta com métodos eficazes de prevenção, diagnóstico e tratamento, sendo curável na maior parte dos casos. No entanto, em 2022, a tuberculose foi a segunda principal causa de morte por um único agente infeccioso no Brasil, superada apenas pela doença do coronavírus SARS-CoV-2 (covid-19). Ressalta-se, ainda, que mais de 80 mil pessoas continuam a adoecer por tuberculose todos os anos no país.

Em 2022, houve uma importante recuperação nacional no número de pessoas diagnosticadas com tuberculose e tratadas (38,0 casos por 100 mil habitantes, 81.604 casos novos), após dois anos de interrupções relacionadas à pandemia de covid-19, seguida de uma redução na ocorrência de casos e no risco de adoecimento em 2023 (37,0 casos por 100 mil habitantes, 80.012 casos novos). Os dados de 2023 ainda são preliminares, o que pode explicar essa redução. No entanto, dados do boletim de 2023 apontavam que houve aumento da incidência para o mesmo período de 2022, diferentemente da redução observada em 2023. Isso sugere uma possível recuperação, ou pelo menos, mitigação do impacto prejudicial da pandemia nas ações de controle da tuberculose. Em 2022, a tuberculose ainda levou ao óbito mais de 5 mil pessoas (2,72 óbitos por 100 mil habitantes, 5.845 óbitos).

Dados não disponíveis para 2023 sobre os óbitos impedem a análise concomitante desse indicador com a incidência de casos. Em 2023, 69,2% das pessoas que foram diagnosticadas com tuberculose no país eram homens, 33,8% tinham entre 20 e 34 anos e 51,8% se autodeclararam pardos. As crianças de até 15 anos representaram 3,6% do total de casos novos de tuberculose. Entre os menores de 15 anos, proporcionalmente, o número de diagnósticos em crianças de 11 a 15 anos foi maior, e houve aumento na proporção de crianças de 0 a 4 anos e de 5 a 10 anos acometidas pela tuberculose, desde 2021. Entre as populações em situação de vulnerabilidade, a coinfecção tuberculose-HIV passou de 8,6% em 2022 para 9,3% em 2023. A partir de 2021, com exceção da população privada de liberdade (PPL), observou-se elevação do número de pessoas com tuberculose pertencentes a algum grupo em situação de vulnerabilidade, com destaque para a população em situação de rua (PSR), que apresentou o maior aumento.


Texto: Edimilson Montalti – Núcleo de Comunicação HC Unicamp

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