O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp recebeu na quinta-feira (25/4) o certificado de qualificação para o atendimento de pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC). A entrega do certificado foi feita por Karla Trevisan, representante brasileira da Iniciativa Angels, durante a apresentação dos resultados após a implementação do protocolo de AVC na Unidade de Emergência Referenciada (UER) do hospital.
“Qualquer um de nós pode ter um AVC. O HC da Unicamp não é um hospital qualquer. Sintam-se orgulhosos com essa conquista que possibilitará que mais pacientes sejam beneficiados com esse protocolo”, disse Karla.
De acordo com o médico Wagner Mauad Avelar, responsável pelo serviço de neurologia vascular do HC da Unicamp, o HC da Unicamp é capaz de realizar todos os tratamentos disponíveis no mundo para casos de AVC isquêmico, desde a avaliação neurológica, exames de imagens, trombólise e trombectomia mecânica.
“Um paciente com AVC querer um atendimento multiprofissional. Hoje nós temos condições de oferecer um tratamento de primeiro mundo para pacientes com AVC aqui em nosso hospital. É uma maravilha”, disse Wagner, relatando o caso de um dos primeiros pacientes submetidos mês passado à trombectomia mecânica no HC da Unicamp.
Entre setembro de 2023 a abril de 2024, 156 pacientes com suspeita de AVC foram atendidos no HC da Unicamp. Participaram dos treinamentos para a implantação do protocolo 202 funcionários de diversas áreas e setores do hospital, desde a recepção até a Unidade de Emergência Referenciada (UER), equipes médica, de enfermagem e outras. Uma das metas para se obter a certificação era atingir 70% de participação nas reuniões e 22 simulações desenvolvidas durante o período de capacitação. O engajamento no HC foi de 80% entre seus colaboradores.
“O empenho de todas as pessoas que participaram desse projeto impacta na qualidade de vida de nossos pacientes. Eles saem do hospital com um tempo de internação menor, por vezes de horas. É algo emocionante”, disse o enfermeiro Joaquim Antonio Graciano, coordenador do Departamento de Enfermagem do HC.
A enfermeira Nilcilene Pinheiro Silva, coordenadora do Núcleo de Qualidade e Segurança em Saúde do HC Unicamp, apresentou as estratégias utilizadas na execução do projeto de implementação do protocolo de AVC. A enfermeira da Seção de Enfermagem em Educação Continuada do HC Unicamp, Erika Sana Moraes, falou sobre o impacto da simulação clínica interprofissional no protocolo de AVC em Unidade de Emergência e a farmacêutica do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde da Unicamp, Mayra Carvalho Ribeiro apresentou os resultados obtidos após a implementação e ações de melhoria contínua.
“Os protocolos já eram executados por nossas equipes, mas sem um padrão. Quanto menor a variabilidade, melhor a qualidade e segurança da assistência. O que fizemos foi reunir tudo e implementar um único padrão para o atendimento de pacientes com AVC”, explicou Nilcilene.
Primeiras trombectomias
O HC da Unicamp realizou em março as duas primeiras trombectomias mecânica para tratamento do Acidente Vascular Cerebral (AVCi) isquêmico agudo por arteriografia oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Campinas. A primeira foi em uma paciente de 37 anos veio transferida do hospital Ouro Verde. A segunda foi em um paciente de 61 anos de idade da cidade de Santo Antonio de Posse. Ele foi atendido no hospital de Jaguariúna e transferido para o HC da Unicamp via Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (CROSS).
“A janela de tempo para a realização da trombectomia mecânica é até oito horas a partir do início dos sintomas de AVC. Com esse procedimento, prevenimos de fazer uma neurocirurgia em que é preciso tirar a toda a calota craniana para se chegar ao local do trombo. Ambos os pacientes deixaram o hospital praticamente sem sequelas”, contou Wagner.
A trombectomia é um procedimento realizado através de um equipamento de angiografia com o uso de cateteres do tipo stent-retriever ou tipo aspiração, para retirada do trombo que esteja obstruindo o fluxo sanguíneo arterial cerebral. A trombectomia mecânica aumenta em quase três vezes a chance do paciente com AVC isquêmico com oclusão de uma grande artéria do cérebro, ficar independente e com sequelas mínimas, quando realizado dentro das primeiras oito horas do início dos sintomas.
O HC da Unicamp foi um dos 12 hospitais credenciados pelo Ministério da Saúde no ano passado para oferecer esse procedimento pelo SUS. A Portaria 1.996/23, publicada no Diário Oficial da União na última semana novembro, estabelece que os pagamentos serão através do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC).
Iniciativa Angels
A missão da Iniciativa Angels é simples: aumentar o número de doentes tratados em hospitais preparados para AVC e otimizar a qualidade de tratamento em todos os centros de AVC existentes. Um dos objetivos é construir uma comunidade global de centros de AVC e hospitais preparados para AVC, trabalhando diariamente para melhorar a qualidade de tratamento para todos os doentes de AVC. Até o momento, a Iniciativa Angels já registrou 8.543 hospital pelo mundo preparados para o atendimento de pacientes com AVC, sendo o HC da Unicamp um desses hospitais. Saiba mais aqui.
Primeira causa de morte no país
O Acidente Vascular Cerebral a síndrome que mais mata no país e muito pode ser feito para prevenir, tratar e reabilitar os pacientes que sobrevivem ao AVC. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 70 mil brasileiros morrem de AVC todos os anos. Uma em cada 10 pessoas que sofreram um AVC terão outro nos 12 meses seguintes.
Texto e fotos: Edimilson Montalti – Núcleo de Comunicação HC Unicamp