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Nilo Cavalcante de Oliveira Júnior desde pequeno gostava de heróis, mas não desses que usavam capa, máscara ou que tinham superpoderes. Para o pequeno Nilo, o maior herói era aquele que usava batina, amito e estola. Na paróquia que frequentava, em Brasília, tinha um frei franciscano que sempre usava roupas bacanas e outros adereços durante as missas.

“Frei Venceslau, com faz pra entrar nesse convento”, perguntou Nilo, sem saber o que o correto era seminário. “Menino você tá muito novo… espera crescer para tomar essa decisão”, respondeu o frei.

Nilo cresceu, então, com essa expectativa de entrar para um seminário. No final da década de 1990, o pai de Nilo, que era um empresário do ramo gráfico, precisou vir para São Paulo tratar de um câncer. Tempos depois, ele faleceu e a família se mudou para a cidade de Indaiatuba, SP, terra natal da mãe de Nilo.

Já com quase 20 anos, Nilo começou a frequentar a paróquia de Nossa Senhora da Candelária e manteve seu desejo de se tornar padre. Com o apoio do pároco local, ele foi indicado para o seminário e começou seus estudos ora na PUCCampinas, onde fez filosofia, ora no Seminário Diocesano, onde estudou teologia.

Ainda nos tempos de seminarista, Nilo teve aula no Serviço de Capelania do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, com o padre Norberto Tortorelo Bonfim, que por mais de 20 anos foi capelão do hospital e professor do curso de teologia. No último ano do curso havia uma disciplina chamada de Clínico Pastoral e os alunos faziam estágio no hospital Celso Pierro.

“Num determinado dia, um paciente do hospital que estava em processo de fim de vida, queria muito a visita de um padre para rezar por ele. Eu era seminarista, mas não era padre. Então eu soube, na semana seguinte, que ele havia morrido naquele mesmo dia sem ter recebido a visita do padre. Daí eu comecei a repensar o meu papel dentro de um hospital”, disse Nilo, relembrando essa passagem de sua vida.

Padre Nilo Cavalcante durante missa realizada na capela do HC. Foto: Edimilson Montalti

E foi dentro do hospital Beneficência Portuguesa que Nilo assumiu a responsabilidade de conduzir a assistência religiosa. Depois vieram os hospitais Vera Cruz, Unimed e São Luiz, até ser convidado pelo arcebispo de Campinas, dom João Inácio Müller, para integrar a equipe do Serviço de Capelania do HC da Unicamp.

A primeira missa celebrada por Nilo no HC da Unicamp foi em fevereiro desse ano. Paralelo às atividades ecumênicas, Nilo, juntamente com o pastor João Silvio Rocha, visita os pacientes internados no hospital durante a semana.

De acordo com Nilo, os hospitais hoje são constituídos, basicamente, para cuidar do corpo da pessoa e não tem um espaço reservado para que a pessoa chore, angustie, tenha com quem falar, reze ou fique sozinha, em silêncio. Entretanto, diz o padre, o serviço de Capelania do HC da Unicamp é muito diferente.

“Uma coisa linda que acontece aqui no HC é a preocupação com a dimensão espiritual que transcende o ser humano. Aqui não existe diferença religiosa ou dogmas. O paciente que está na cama x ou na cama y é o mesmo que está aguardando atendimento, carinho e esperando que algo transcenda realidade de sua enfermidade. Acho isso um traço muito bonito do hospital”, conta Nilo.

Entre os projetos que Nilo pretende implementar no HC da Unicamp está aumentar o trabalho da Capelania, dentro da compreensão do meio acadêmico, aprofundando a questão da espiritualidade no hospital, olhando desde a pequena célula até o corpo com enfermidade. Ele também pretende dar continuidade às celebrações como uma maneira disruptiva dentro do cotidiano do hospital.

Há também a intenção de trabalhar e oferecer o Curso de Extensão em Espiritualidade, junto com a Escola de Extensão da Unicamp (Extecamp) e aprofundar conversas com a equipe de Cuidados Paliativos para fazer essa ponte em ver o ser humano de forma integral e não em partes.

“A doença e a morte são condições de nossa natureza humana. A oração cura, mas não da forma que a gente imagina. Tudo depende de como você escolhe viver sua enfermidade. Se entendermos a enfermidade e a morte como irmãs, e não como algo que deva ser superado, tudo fica mais fácil”, explica Nilo.

Padre Nilo Cavalcante durante missa realizada na capela do HC. Foto: Edimilson Montalti

Assistência espiritual

O Serviço de Capelania do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp existe desde 1987. Ligada à administração do hospital, a Capelania procura colaborar com o bem-estar de pacientes, familiares, profissionais da saúde e funcionários, prestando assistência religiosa ecumênica, espiritual, ética e moral.

O Serviço conta com dois capelães, uma secretária e um grupo de visitadores treinados voluntariamente dedicam tempo diário às visitas com pacientes. As dependências da Capelania se constituem de uma Capela, uma sala administrativa e uma sala de atendimento pastoral, no terceiro andar do hospital.

A Capelania do HC realiza às quartas-feiras, às 13h30, celebração da palavra; na quinta-feira, às 12h30, culto evangélico e na sexta-feira, às 13h15, misssa.


Texto e fotografia: Edimilson Montalti – Núcleo de Comunicação HC Unicamp

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