O Dia Mundial dos Cuidados Paliativos é celebrado no segundo sábado de outubro. O ano de 2024 marca o 10º aniversário da resolução da Assembleia Mundial da Saúde – órgão da Organização Mundial de Saúde – sobre cuidados paliativos, que pede aos países que “fortaleçam os cuidados paliativos como parte dos cuidados ao longo da vida”. Por isso, o tema desse ano é Dez anos desde a Resolução: Como estamos?
De acordo com a médica paliativista do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp Cristina Terzi, a demanda por cuidados paliativos é impulsionada pela incidência de doenças graves e potencialmente fatais, tanto em nações desenvolvidas quanto em desenvolvimento. Em países de baixa e média renda apenas 4% da necessidade [de cuidados paliativos] é atendida, enquanto em países de alta renda esse índice chega a 50%.
Segundo Terzi, para aprimorar a disponibilidade e a qualidade dos cuidados paliativos, é essencial investir em esforços contínuos de pesquisa e sensibilização, bem como advogar por mudanças nas políticas de saúde pública, fortalecer a capacitação de profissionais de saúde e aumentar os investimentos em programas de cuidados paliativos.
“O acesso a serviços de cuidados paliativos é crucial para garantir dignidade humana. A capacitação de profissionais, o desequilíbrio na distribuição de medicamentos e a falta de instalações adequadas ainda são grandes desafios em nosso país”, diz Terzi.
No Brasil, de 2019 a 2022, houve um aumento de 22,5% no número de serviços de Cuidados Paliativos com uma expansão de 234 serviços assistenciais. Estes serviços estão distribuídos por todo o território nacional, com uma concentração nas regiões Sudeste e Nordeste. Em maio de 2024, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Cuidados Paliativos que vai oferecer serviços de saúde a pacientes, familiares e cuidadores de forma mais humanizada.
“Por meio da implantação da Política Nacional de Cuidados Paliativos, esperamos que em breve possamos ampliar a cobertura de pacientes atendidos no HC da Unicamp, assim como em todo o Brasil, e oferecer uma saúde mais humana, inclusiva e compassiva”, diz Terzi.
Pesquisa
Um estudo realizado por Terzi e um grupo de pesquisadores do HC da Unicamp, da PUCC-Campinas, da Casa de Saúde e do Hospital Vera Cruz avaliou 270 pacientes atendidos nos Pronto-Socorros ou Unidades de Emergência Referenciadas desses hospitais. A pesquisa mostrou que havia 37,4% de pacientes elegíveis para cuidados paliativos, sendo que 36,6% deles com câncer.
“Estes pacientes poderiam estar sendo acompanhados em serviços de Cuidados Paliativos ou hospices, levando a um atendimento mais adequado e humanizado”, apontou Terzi.
Cuidados paliativos no HC
O Serviço de Cuidados Paliativos do HC foi criado em julho de 2018 e já em 2019 atendeu 101 pacientes internados. No ano seguinte, marcado pela pandemia de covid-19, foram atendidos 161 pacientes e em 2021, 190. Nos meses seguintes, esses números aumentaram. Até outubro de 2023, o serviço havia realizado mil atendimentos.
O atendimento é provido pela equipe interprofissional do serviço e oferecido a todos os pacientes internados no hospital, bem como àqueles em atendimento de urgência na Unidade de Emergência Referenciada (UER) – respeitando os limites manifestados por cada paciente e sua família.
“Por atuarmos em um hospital-escola, a interconsulta formal ao nosso serviço é realizada pelos médicos-residentes, pois são eles, de fato, que estão na linha de frente do cuidado e fazem o intercâmbio com os chefes das diversas especialidades médicas e cirúrgicas”, explica a enfermeira especialista em cuidados paliativos Roberta Antoneli Fonseca.
Podcast
No cuidado do paciente há dois caminhos que se cruzam em algum momento: vida e morte. No final da vida, quando não há mais nada o que se possa fazer por alguém que está em estado terminal, o que mais a medicina pode oferecer? Como diminuir a dor ou o sofrimento de um paciente? Há alternativas? Essas e outras inquietações são abordadas nessa edição do podcast Ressonância pela médica intensivista Cristina Terzi Coelho e pela enfermeira Roberta Antoneli Fonseca, que atuam na área de Cuidados Paliativos do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.
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Texto: Edimilson Montalti – Núcleo de Comunicação HC Unicamp
Fotografia: Edimilson Montalti e Suelma S. Tanaka – NIR HC Unicamp