A equipe de enfermagem da gastrocirurgia realizou uma festa surpresa de aniversário para um paciente terminal. Enio Rodrigues estava internado no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, recebeu o diagnóstico de uma doença sem proposta terapêutica e ficou sob cuidados paliativos na Unidade de Internação de Adulto (UIA). O paciente teria alta no dia seguinte de seu aniversário, 16 de outubro. Ele foi a óbito em sua casa dois dias depois de ter alta.
A história foi relatada por Renata Bigatti Pavan, supervisora da gastrocirurgia do HC da Unicamp no final do ano retrassado, mas só agora transcrita. A família fez um agradecimento por escrito à Ouvidoria do HC da Unicamp pelo acolhimento recebido pelo paciente durante o período em que ficou internado no hospital.
De acordo com Renata, a equipe de enfermagem resolveu realizar uma festa surpresa, com bolo e decoração temática, pois sabia que o caso do paciente era grave. A própria equipe comprou balões coloridos e decorou o quarto enquanto ele tomava banho. Ao retornar para o quarto, todos começaram a cantar “parabéns, pra você…”
“O paciente nos relatou que nunca havia tido uma festa surpresa de aniversário em sua vida. Isso tudo causou muita comoção em toda a equipe e em quem estava lá no dia”, relembra Renata.
Dois dias após a alta, o paciente veio a falecer em casa. Os familiares ficaram muito agradecidos pelo carinho de todos durante o período em que ele esteve sob cuidados paliativos no HC da Unicamp e escreveram uma carta ao hospital, transcrita pela equipe da Ouvidoria, que acolheu o depoimento autorizado para divulgação:
“Meu irmão sofreu muito até descobrir o que realmente tinha, e aí já estava em estado terminal. Foi em vários hospitais na cidade e nunca recebeu um atendimento acolhedor, somente analgésicos de forma fria e insensível por parte dos profissionais da saúde. Ele veio para o HC e em cinco dias recebeu um atendimento espetacular, um olhar carinhoso de todos que cuidaram dele. Tivemos a certeza de que tudo que poderia ser feito por ele foi feito durante o período de internação. No momento final, ele fez a passagem em paz, de forma digna, em casa, ao lado da família. O carinho da equipe médica e de enfermagem permitiu que a dor da partida fosse amenizada. A atenção e o cuidado ofertados à ele fizeram a diferença no seu fim de vida, que foi digno e respeitoso”, relatou Elcio Rodrigues, irmão do paciente.
A Ouvidoria recebe em média 110 registros de elogios pelos serviços executados pelos profissionais do HC. Os elogios vão desde um sorriso acolhedor na recepção ou ouvir atentamente as angústias dos pacientes internados e, principalmente, dos cuidados técnico e profissional das equipes multiprofissionais do HC da Unicamp.
“Nós acolhemos todos que nos procuram, dentro das regras legais que regem nossa área. Há muitas histórias bonitas como essa ainda para serem contadas”, ressalta Noêmia Rodrigues de Oliveira, ouvidora do HC da Unicamp.
Projeto Wishes
Um das ações do Projeto Wishes, que busca estabelecer diretrizes de humanização institucional para os pacientes, familiares e colaboradores e fortalecer os valores do HC Unicamp como empatia, sustentabilidade, respeito e responsabilidade social, chama-se Gratitude. O objetivo é realizar os (últimos) sonhos e desejos de pacientes em fase final de vida.
“A história de Enio é primeira de várias outras que iremos contar para mostrar a grande significado da vida”, diz Trícia Thomé, relações-públicas do HC da Unicamp e coordenadora do Projeto Wishes.
Cuidados paliativos
No cuidado do paciente há dois caminhos que se cruzam em algum momento: vida e morte. No final da vida, quando não há mais nada o que se possa fazer por alguém que está em estado terminal, o que mais a medicina pode oferecer? Como diminuir a dor ou o sofrimento de um paciente? Há alternativas? Essas e outras inquietações são abordadas no podcast Ressonância pela médica intensivista Cristina Terzi Coelho e pela enfermeira Roberta Antoneli Fonseca, que atuam na área de Cuidados Paliativos do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.
