A ministra da Saúde, Nisia Trindade, esteve na terça-feira (17/12) na Unicamp em reunião com representantes do Hospital de Clínicas (HC), Reitoria, Prefeitura de Campinas, Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e Faculdade de Ciências Médicas para conhecer propostas e reforçar possíveis parcerias em áreas estratégicas, como a criação de um Instituto de Oncologia e a utilização da protonterapia para o enfrentamento e tratamento do câncer de pacientes de Campinas e região.
A superintendente do HC da Unicamp, Elaine Cristina de Ataíde, apresentou à ministra da Saúde um plano para construir, em Campinas, um novo hospital chamado de Instituto de Oncologia para o tratamento do câncer, voltado a adultos e que atenderia cerca de 7 milhões de pessoas da Diretoria Regional de Saúde de Campinas (DRS-VII), Diretoria Regional de São João da Boa Vista (DRS-XIV) e Diretoria Regional de Piracicaba (DRS-X).
“Esta seria uma forma de enfrentamento de problemas crônicos como a falta de leitos e de centros especializados para atender esses pacientes que esperam muito tempo por tratamento. Em câncer, tempo é vida”, disse Elaine durante a apresentação.
De acordo com o projeto, o novo hospital poderia ampliar os diagnósticos e oferecer acompanhamento médico por meio do uso de novas terapias e novas tecnologias e, com isso, contribuir para a redução das filas de espera. Segundo dados apresentados pela superintendente, a pressão por atendimento no HC tem aumentado sem uma contrapartida da infraestrutura. O volume de internações, por exemplo, subiu de 11.535 em 2022 para 12.089 no ano passado. Na comparação com 2020, ano do início da pandemia de covid-19, o aumento foi de 21,4%.
O número de sessões de radioterapia também aumentou: de 10.821 em 2022 para 11.111 no ano seguinte. E houve um crescimento da quantidade de atendimentos laboratoriais e de exames de imagem. De acordo com os dados, ao menos 250 pessoas estão hoje na fila de espera para tratamento médico no DRS-Campinas.
O reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, e o diretor do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Antonio José Roque, aproveitaram e reunião que aconteceu no anfiteatro da Superintendência do HC para iniciar negociações com a ministra para o estabelecimento de uma parceria para o uso da protonterapia no tratamento de câncer.
A protonterapia usa feixes de prótons para destruir células cancerígenas com um mínimo de danos aos tecidos saudáveis. O futuro acordo prevê, ainda, a produção de insumos para a medicina nuclear – uma especialidade que utiliza materiais radioativos a fim de diagnosticar e tratar doenças.
“Acho que juntos conseguimos formar uma frente forte pela inovação, na qual a saúde seja, talvez, o principal foco. São enormes as possibilidades do CNPEM. Além disso, a saúde é a maior área da Unicamp. A gente sabe do impacto social que isso poderá ter no nosso país”, afirmou Meirelles, estar otimista quanto ao futuro da parceria.
Segundo o diretor do CNPEM, um dos objetivos do centro é criar equipamentos de baixo custo que possam ser usados no sistema público de saúde, transformando a região de Campinas em um polo de desenvolvimento de equipamentos médicos.
“Eu fico muito feliz com essa parceria porque não faz sentido instituições como o CNPEM e a Unicamp não se alinharem de uma maneira muito estreita com o objetivo de resolver alguns dos problemas do país na área da saúde”, disse Roque.
Após assistir as apresentações, Trindade afirmou que o Ministério da Saúde tem buscado aproximar-se das instituições de ensino superior.
“Ter o apoio das universidades é algo que temos buscado com muita força no ministério, e isso vem acontecendo por meio da construção de redes. A oncologia requer esse modelo de rede. Fazer isso e, ao mesmo tempo, articular o complexo industrial da saúde com tecnologias de ponta é tudo aquilo que o Ministério da Saúde tem proposto”, afirmou a ministra.
Para o prefeito de Campinas, Dário Saadi, que também participou do evento, qualquer iniciativa que resulte em uma ampliação do atendimento de pacientes com câncer é bem-vinda.
“É importante saber que o Ministério da Saúde está ampliando o atendimento na oncologia. Que Campinas possa se transformar em um centro no atendimento da população e na produção de tecnologia para a área da saúde – algo tão importante para um país como o Brasil”, disse Saad.
Participaram ainda da reunião Maria Luiza Moretti, coordenadora geral da Unicamp, José Barreto Campello Carvalheira, coordenador a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer e Cláudio Saddy Rodrigues Coy, diretor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.