O suicídio é o ato de atentar contra a própria vida e tornou-se um problema de saúde pública. O comportamento suicida, para além do suicídio propriamente dito, abrange a ideação suicida, planos e tentativa de suicídio. A fim de conscientizar sobre a prevenção do suicídio, o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) criaram, em 2015, a ação Setembro Amarelo. O tema desse ano é Se precisar, peça ajuda!
“O suicídio é um tabu e uma agressão que mexe com a impotência de todos que estão em volta. O desejo de morrer é diferente do desejo de se matar. Há uma sequência de gravidades que levam à ideação suicida, que está presente em muitos transtornos mentais. A impulsividade é um fator de risco para o suicídio, por isso que os jovens são mais vulneráveis”, explica a psiquiatra do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, Karina Diniz, durante o podcast Ressonância.
De acordo com a psicóloga do Serviço de Desenvolvimento de Pessoal do RH do HC da Unicamp, Nádia Zamariola Milani, no contexto hospitalar, os profissionais da saúde encontram-se suscetíveis ao suicídio. Fatores estressores como a responsabilidade sobre a vida e bem-estar de pessoas sob seus cuidados ou lidar com a morte em seu cotidiano são alguns dos fatores de risco.
“A campanha Setembro Amarelo no HC é para fomentar a discussão sobre o tema, contemplando o papel de cada indivíduo frente a essa problemática. Cabe a cada instituição proporcionar ferramentas que facilitem a desmistificação e a dissolução do tabu em torno do suicídio, visto que a prevenção só ocorre a partir do enfrentamento do problema, com divulgação, abertura de espaços para debates, propiciar palestras com profissionais e o acesso aos locais de apoio”, diz Nádia.

Ao longo dos cinco anos de campanha no HC, foram desenvolvidos diversos conteúdos voltados à prevenção do suicídio e à promoção da saúde mental. Uma das estratégias de sucesso é a utilização de QRCode disponibilizado em locais de grande circulação, como o refeitório, espelhos dos banheiros, murais, comunicados digitais e fundos de tela dos computadores direcionando para o conteúdo da campanha de 2025.
“O QRCode é uma solução simples, acessível e de baixo custo, capaz de tornar a campanha mais inclusiva, prática, efetiva, de alto alcance e grande visibilidade, contribuindo para que o tema da saúde mental esteja presente no cotidiano de todos os setores do hospital. Ele garante que a informação chegue, inclusive, ao público que não utiliza e-mail com frequência”, explica Nádia.
Dados
Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, sendo classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como 14ª maior causa de morte. O Brasil é o 8º país com maior índice de suicídio. Esses números não incluem as tentativas de suicídio, que são de 10 a 20 vezes mais frequentes do que o suicídio em si. Além disso, o país apresenta as maiores taxas de depressão no mundo, 18,4% da sua população já teve pelo menos um episódio depressivo durante a vida.