A OPO (Organização de Procura de Órgãos) do Hospital de Clínicas da Unicamp quase dobrou o número de transplantes realizados no primeiro trimestre de 2010, comparado ao mesmo período de 2009. Neste ano, de 109 notificações, 46 foram doações viáveis, diferente do primeiro trimestre de 2009, que de 105 notificações, apenas 24 eram doadores viáveis. O transplante de rim, com 68 cirurgias, é o que está em primeiro na quantidade de procedimentos realizados, seguido do fígado e da córnea que realizaram 23 e o transplante cardíaco com duas cirurgias.
O processo de captação de órgãos se inicia no instante em que a OPO é notificada do diagnóstico de morte encefálica em determinado paciente. Com isso, a equipe se mobiliza para o contato com a família e cuidado com o doador. Efetivada a autorização, são realizados os exames para constatação do doador viável e o hospital comunica a central de transplantes, localizada em Ribeirão Preto, do corpo clínico (urologia, oftalmologia, gastrocirurgia, cardíaco) que deverá ser acionado para realização do transplante.
Nem sempre os órgãos de um mesmo paciente são designados para a mesma OPO. Há casos, por exemplo, em que a OPO Unicamp fica responsável pelo rim e fígado, enquanto que a OPO Ribeirão Preto, pela córnea. Tal distribuição é estabelecida de acordo com a lista única do interior do Estado centralizada no HC da USP Ribeirão Preto.
Neste início do ano, a OPO Unicamp já realizou 80% do número total de transplantes realizados em 2009. “A colaboração da Secretaria de Saúde de SP com a formação de profissionais capacitados, a administração e o apoio do HC que disponibiliza equipamentos e estrutura e a mídia na divulgação da importância da doação de órgãos é o que tem colaborado para o aumento no número de transplantes” explica Helder Zambelli, coordenador da OPO Unicamp.
A OPO Unicamp surgiu em 1993 e após a regulamentação da lei de doação em 1997 teve papel fundamental para o desenvolvimento na captação e transplantes em Campinas e região. Atualmente é considerada a primeira em captação das centrais no interior de São Paulo. “Para o ano de 2010 não há uma perspectiva definida. Nosso desejo é que o número de doadores não pare de crescer e que até o final do ano muitos transplantes sejam realizados” ressalta Zambelli.
Segundo dados do Ministério da Saúde, os órgãos mais doados no Brasil são as córneas e os rins. De acordo com a legislação brasileira, dois tipos de doação são permitidas: doação de órgãos de doador vivo, se o doador for familiar até o 4º grau de parentesco; e doação de órgãos ou tecidos de doador falecido, determinada pela vontade dos familiares até o 2º grau de parentesco e mediante termo de autorização.
Caius Lucilius com Paula Conceição
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp