As mesmas mãos dedicadas ao cuidado e à cura podem reger uma orquestra afinada com um programa de humanização hospitalar. Foi assim que o médico Samir Wady Rahme assumiu o papel de maestro e conduziu na terça-feira (14) a Orquestra do Limiar na terceira apresentação do programa Música nos Hospitais, realizada na entrada do Hospital de clínicas da Unicamp. O programa foi criado pela Associação Paulista de Medicina (APM) e Sanofis-Aventis em parceria com o Ministério da Cultura, com o objetivo de levar concertos de música erudita a hospitais de São Paulo. De acordo com o presidente da APM e médico da área de Cirurgia do Trauma do HC, Jorge Cury, o recital realizado na unicamp foi o primeiro fora do circuito paulistano. “Agora estamos levando o evento para cidades do interior”, informou.
Por pelo menos uma hora, alguns pacientes, funcionários e profissionais trocaram o ambiente conflituoso do hospital pela audição de peças do período barroco, clássico e contemporâneo escritas especialmente para uma formação de instrumentos de cordas. Para humanizar um ambiente em que as pessoas geralmente chegam tristes, preocupadas ou até esperançosas, o médico-maestro promove momentos de interação com o público. A idéia é justamente estimular programas de humanização da saúde estimular a reflexão sobre os valores da vida, segundo Cury. “O ambiente hospitalar é muito tenso e carregado e a APM quer favorecer um ambiente mais solidário e a música é uma das maneiras para se conseguir isso”, acrescenta.
Se jovens músicos de instrumentos de cordas regidos por Rahme puderam em um dia confortar corações, o mesmo podem fazer pessoas que diariamente convivem com a dor e sofrimento. Para o superintendente do HC, Luis Carlos Zeferino, programas como o da APM e atitudes como a de Rahme devem estimular ações de humanização de instituições hospitalares a buscar talentos em seu quadro de profissionais. “Certamente, entre 3 mil pessoas temos grandes talentos”, disse. A arte, na sua opinião, é competente no processo de amenizar as características naturais dos hospitais. “As pessoas não vêm passear no hospital; elas vêm por causa de algum problema. Então este programa é absolutamente necessário para aliviar este sofrimento e romper com a imagem rígida do ambiente hospitalar”, reflete.
De acordo com o assessor da Superintendência do HC, Fábio Luiz Alves, receber o evento é honroso, mas também uma oportunidade de repensar a saúde e os mecanismos para oferecer maior humanização do ambiente hospitalar. Ele informou que o HC tem desenvolvido muitas ações do ponto de vista do ambiente e da comunicação.
Maria Alice da Cruz (texto), Antônio Scarpinetti (fotos) e Weslley Morais (edição de imagens)
Assessoria de Imprensa do HC e ASCOM UNICAMP