Secretário estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência visita HC, Pratea e Cepre


Marcos da Costa visitou o Laboratório de Biomecânica e Reabilitação do Aparelho Locomotor do HC

O secretário estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa, esteve na segunda-feira (29) na Unicamp e disse que as três universidades estaduais paulistas deverão ser o centro de um programa de desenvolvimento de tecnologia assistiva e poderão contribuir de forma decisiva na formulação de políticas públicas voltadas à pessoa com deficiência.

Numa visita de mais de quatro horas ao campus de Barão Geraldo, o secretário esteve no Laboratório de Biomecânica e Reabilitação do Aparelho Locomotor, do Hospital de Clínicas (HC), no Programa de Atenção aos Transtornos do Espectro do Autismo (Pratea), no Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação “Prof. Dr. Gabriel O. S. Porto” (Cepre) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e no Departamento de Estudos da Atividade Física Adaptada, da Faculdade de Educação Física (FEF).

“Saio daqui encantado”, disse o secretário.

A visita de Marcos da Costa à Unicamp ocorre menos de dois meses depois da assinatura de um protocolo de intenções entre o governo do estado e o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), que prevê a implementação e gestão de políticas de acessibilidade a pessoas com deficiência. Estas políticas, segundo o acordo, deverão ter como foco o desenvolvimento de tecnologias assistivas. Além das três universidades, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) também participa do projeto.

“O potencial dessa parceria é enorme. A união de forças com as universidades, com certeza, fará a diferença. Vejo que São Paulo pode se transformar no maior centro de tecnologia assistiva do Brasil e da América Latina, no mínimo”, afirmou o secretário no encontro com o reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles.

“O poder de transformação a partir da união entre estado e universidades é gigantesco”, avaliou Costa, que estava acompanhado do assessor especial da secretaria, Ignácio Poveda, da professora Vera Capellini, presidente da  Comissão de Acessibilidade e Inclusão da Unesp, e do gerente de tecnologia do IPT, Douglas Cavalcanti.

“Precisamos colocar essa pauta como tema central nas escolas. Desta forma, conseguiremos transformar o estado e, depois, o país”, conclui o secretário.

No estado de São Paulo, são aproximadamente 3,4 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, segundo dados do governo. “Essa colaboração era algo que a gente já vinha discutindo, e temos a disposição de desenvolver coisas em conjunto”, disse o reitor.  “A ideia é que todo o conhecimento gerado aqui tenha um impacto ainda maior na sociedade, não só no sentido de influenciar a formação de pessoas, mas também no desenvolvimento de tecnologia e geração de conhecimento”, acrescentou.

“Essa colaboração é uma via de mão dupla. O papel das autoridades públicas — prefeitos, secretários, governador — é essencial no sentido de articular esse conjunto de atores. Estamos junto nesse desafio e vamos fazer nossa parte”, garantiu ele.

Meirelles disse estar na expectativa do lançamento de um edital pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) tanto para a área de tecnologia, quanto de política pública, voltado para pessoas com deficiência. “Estamos (as três universidades) pensando em fazer um edital conjunto, até para estimular a colaboração”, afirmou.

Cepre

Depois de uma recepção na Reitoria, o grupo visitou o Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação que, há 50 anos, presta serviços na área de deficiências sensoriais — deficiência visual e surdez. Entre outras atribuições, faz atendimento em fonoaudiologia, ensino de língua de sinais (Libras), diagnóstico, habilitação, reabilitação e triagens.

Coordenado pela professora Maria Fernanda Bagarollo, o Cepre conta com 27 ambulatórios. Atende em média 500 usuários por semana, de diversas faixas etárias. No Cepre, atuam 20 docentes de diferentes áreas, além de mais 12 profissionais, num desenho que permite assistência interdisciplinar. O Centro está instalado num prédio de mais de mil m², com 30 salas de atendimento — 20 delas de terapias individuais e uma área externa destinada a atendimento com cadeiras, mesas e um parque infantil.

O Cepre mantém, hoje, ao menos uma dezena de projetos de pesquisa vinculados à assistência. São projetos assistenciais que incluem, por exemplo, diagnóstico audiológico, adaptação de próteses ou ensino de português como 2ª língua para crianças e jovens surdos. Há, ainda, os projetos assistenciais com serviços à comunidade que incluem atividades de música e arte; identificação precoce da deficiência visual ou avaliação da visão funcional em crianças com múltipla deficiência.

Laboratório de Biomecânica

O secretário estadual visitou em seguida o Laboratório de Biomecânica e Reabilitação do Aparelho Locomotor, no HC. Coordenado pelo professor Alberto Cliquet Junior, o laboratório trabalha com a reabilitação de pacientes com lesão medular, paraplégicos e tetraplégicos, em alguns casos tornando possível o retorno dos movimentos voluntários nos membros inferiores e superiores.

Uma das principais linhas de trabalho do laboratório é a técnica da estimulação elétrica neuromuscular, em que eletrodos são colocados na superfície da pele do paciente, sem a necessidade, portanto, de uma intervenção cirúrgica.

De acordo com o professor, o mecanismo ativa diretamente o sistema nervoso e, com isso, o paciente reaprende a andar de forma artificial — um tipo de locomoção que reproduz sistemas do próprio corpo. “Tivemos caso, aqui, de gente que voltou a andar 11 anos após a ocorrência da lesão”, disse o professor. Hoje, o laboratório conta com cerca de 80 pacientes por semana, em média. Segundo Cliquet, o país registra 14 mil novos pacientes com lesões medulares por ano.

Pratea

A comitiva da secretaria estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência visitou, em seguida, o Pratea. Inaugurado há aproximadamente um ano na Unicamp, o órgão promove a capacitação de profissionais das áreas de Educação, Saúde e Assistência Social para identificar acometidos e realizar intervenções terapêuticas. O Pratea auxilia na avaliação, diagnóstico e planejamento terapêutico, realiza pesquisas sobre o autismo e contribui para o desenvolvimento de políticas públicas para o setor.

Em abril, quando da assinatura do protocolo com as universidades e o IPT, o governo do estado lançou o Plano Estadual Integrado, que pretende alinhar, articular e ampliar os serviços de atendimento a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em todo o estado. A estimativa é que cerca de 460 mil pessoas sejam atendidas pelo programa.

Atividade Física Adaptada

Na Faculdade de Educação Física, o secretário conheceu o trabalho do Departamento de Atividade Física Adaptada. Marco da Costa assistiu a um treino de atletas de handebol em cadeira de rodas.

O reitor Antonio Meirelles chamou a atenção para ações pioneiras da Unicamp nesta área. “Sempre que posso, ressalto o trabalho da Unicamp na área da Educação Física Adaptada. A primeira iniciativa, há mais de 20 anos, foi feita pela Unicamp, e, por conta disso, a Universidade se tornou uma referência em relação ao esporte paralímpico no Brasil”, disse.

A FEF mantém diversas linhas de pesquisa que contemplam a área de esportes e estudos sobre grupos específicos, como indivíduos com deficiência, com sobrepeso e obesidade, portadores de doenças crônicas não transmissíveis e idosos.

Protocolo de intenções

Assessor docente do Gabinete do Reitor e um dos organizadores da visita, o professor Roberto Donato lembrou que a visita do secretário está no contexto da assinatura de um protocolo de intenções entre as universidades e o governo do estado, que pretende fazer com que as instituições de ensino, o IPT e os órgãos de pesquisa, de uma maneira geral, possam contribuir para a implementação de políticas públicas voltadas tanto para educação e saúde dessa população, quanto na área de tecnologias assistivas.

“A ideia da visita era que o secretário pudesse ter um conhecimento maior das potencialidades da Unicamp para contribuir nesse protocolo. Ele teve contato com boa parte de nossa produção, que poderá servir de subsídios para a construção de políticas públicas. E, por conta disso, considero que a visita foi um êxito”, finalizou o professor.


Matéria originalmente publicada por Tote Nunes no Portal da Unicamp.
Edição de texto: Edimilson Montalti – Núcleo de Comunicação HC Unicamp
Fotografia: Felipe Bezerra – SEC Unicamp