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O Serviço de Procura de Órgãos e Tecidos (SPOT) do Hospital de Clínicas (HC), foi o serviço que mais disponibilizou em todo Estado, em 2013, corações e pulmões para o Sistema Estadual de Transplantes. Ao final do ano, foram disponibilizados pela equipe da Unicamp, 222 rins, 90 fígados, 29 corações, 21 pulmões e 4 pâncreas. Um aumento geral de 51% em relação a 2012. No interior de São Paulo, a Unicamp lidera as notificações e no geral – 10 SPOT – ficou entre os quatro (Hospital São Paulo, HC-USP, Santa Casa de SP e HC Unicamp).

O neurologista Luiz Antonio da Costa Sardinha (foto abaixo), coordenador do SPOT HC-Unicamp, atribui alguns fatores importantes para o crescimento. Um deles, diz, está relacionando ao interesse de profissionais envolvidos em captações – médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos – que atuam em hospitais particulares e públicos da região. “O termômetro é o Encontro Regional das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos que realizamos anualmente para capacitar os profissionais em captação”, assegura Sardinha. O SPOT-HC é o maior do Interior em doações efetivas e cobre uma área com 127 cidades.

Segundo Sardinha mesmo havendo uma média de 50% de recusa familiar nas notificações para a doação, os números são crescentes. O Hospital São Paulo foi o que registrou em 2013, a menor recusa familiar com 41,7% de 506 notificações. O SPOT HC-Unicamp computou 44,2% de recusa familiar entre 333 notificações. “Devido ao crescente comprometimento da sociedade com a doação, e o melhor treinamento de médicos e enfermeiros, para o momento da entrevista e abordagem familiar, foi possível diminuir o número de recusa. Com o correto acolhimento e esclarecimento, é possível desmistificar a doação de órgãos”, explica Sardinha.

Linha de frente – Responsáveis pelo processo de captação do SPOT-HC, estão também as enfermeiras. Elas realizam diariamente, a busca ativa por possíveis doadores, sempre presencialmente, nas enfermarias, UTIs e emergência do HC. Após o 1º teste clínico, para comprovação de morte encefálica, analisam todo o histórico do paciente, procurando por patologias, hábitos de vida e indícios que comprovem a possibilidade ou não da doação. Em caso positivo de morte encefálica e doação, passam à fase de abordagem familiar.

Com o aval da família, notificam através de uma rede exclusiva com a central responsável pela lista em Ribeirão Preto a Central de Transplantes sobre os órgãos disponibilizados. Cabe ainda às equipes de enfermagem, manter contato com os hospitais das 127 cidades de cobertura do SPOT-HC, auxiliando as equipes no processo de doação, se necessário presencialmente. Foi o que ocorreu ontem (18/03), em São José dos Campos, para extração de um fígado e dois rins.

Para a enfermeira Eliete Bombarda Bachega Montone, há 20 anos na área de captação, o processo de doação não se restringe apenas à equipe de captação, mas também à família do doador. “Vemos que as famílias sempre precisam de acolhimento em um momento de muita dificuldade, e por isso buscamos esclarecer as dúvidas e apoiá-los, seja qual for a decisão final. É claro, nos emocionamos muito, chorando e rindo com os familiares”.

A enfermeira Simey de Lima Lopes Rodrigues, formada na Unicamp e com mestrado e doutorada na área, ressalta como é o trabalho desenvolvido por elas. “Acompanhamos todo o processo. Permanecemos na sala do Centro Cirúrgico durante a extração, e ficamos à disposição da família antes, durante e depois da doação. Trabalhamos com respeito à família, sempre para explicar e apoiar”, completa Rodrigues que foi aluna da Liga de transplantes e desde a sua formação já pensava em atuar na área.

Logística – Como se fosse uma disputa, em que cada minuto significa muitos pontos, nesse caso uma ou mais vidas, a logística de transporte desse órgãos é crucial para as equipes médicas. Entra em cena, diversas equipes por terra ou pelo ar, como o Grupamento Águia da Polícia Militar, responsável pelo transporte de centenas de órgãos em todo Estado durante todos os anos. Tempo crucial para coração e o pulmão, que possuem o menor tempo de preservação extra-corpórea: de 4 a 6 horas. A Polícia Rodoviária também atua dentro dessa logística, para todos os órgãos, dependendo do local de captação para o local do transplante.

Fígado e pâncreas vêm em seguida com tempo máximo para transplante de 12 a 24 horas e os rins podem levar até 48 horas para ser transplantados. Já as córneas podem permanecer em boas condições por até sete dias e os ossos até cinco anos. O HC realizou 287 transplantes em 2013. Referência em transplante renal, o hospital atingiu 115 procedimentos no ano passado, seguido por córnea (70), fígado (50), medula óssea (43) e coração (11).

História – O primeiro transplante no Interior de São Paulo foi realizado na Santa Casa de Misericórdia de Campinas, um ano antes da transferência dos serviços para as atuais instalações do Hospital de Clínicas. Hoje, o serviço de transplantes renais da Unicamp está entre os cinco mais ativos do País e já superou a marca dos 2.000 procedimentos, tanto em adultos como em crianças.

Sistema Nacional de Transplantes (SNT)
No Brasil 95% das cirurgias são realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Para atender a demanda de transplantes, existem 27 centrais de notificação, captação e distribuição de órgãos, 11 câmaras técnicas nacionais; 748 serviços distribuídos em 467 centros; 1.047 equipes de transplantes; além de 62 Serviços de Procura de Órgãos e Tecidos no país. O trabalho de captação é feito por profissionais de várias áreas, como enfermagem, psicologia e assistência social. O estado de São Paulo é responsável por aproximadamente 45% de todos os transplantes realizados no Brasil. No cenário mundial o Brasil também se destaca já que Brasil é o segundo em número absoluto de transplantes hepáticos e renais entre 30 países.

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Caius Lucilius com Caroline Roque
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp

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