Tarde de encontros e homenagens da comunidade da Unicamp ao hematologista Fernando Ferreira Costa, reitor da instituição entre 2009 e 2013. Ele foi agraciado nesta quinta-feira (17) com um quadro na Galeria de Ex-Reitores da Unicamp – o décimo a figurar na antessala do Conselho Universitário (Consu), órgão máximo da Universidade.
O atual reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, presidiu a solenidade e, com Fernando Costa, descerrou o novo quadro, pintado pelo artista plástico Nelson Braga Júnior. Participaram da cerimônia o coordenador geral da Universidade, Alvaro Crósta, os pró-reitores atuais e os da gestão 2009 e 2013, entre outras autoridades. Também estiveram no Consu professores, funcionários, alunos e convidados.
Fernando Costa foi introduzido no recinto do Consu pelos professores Rogério Antunes Pereira, médico da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), unidade à qual o ex-reitor pertence, e Ricardo Anido, docente do Instituto de Computação (IC). O professor Alcir Pécora, do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), proferiu o discurso lembrando os feitos de Fernando Costa.
O discursante enfatizou que conheceu Fernando Costa há cerca de dez anos e que se tornaram amigos. “Nossos entendimentos tácitos culminaram numa amizade muito sincera”, afirmou. Revelou alguns aspectos da vida do homenageado, desde a infância humilde na cidade de Santa Rita do Passa Quatro, passando pelos estudos em escola pública, pelas aulas que ministrava em cursinho pré-vestibular, seu ingresso no curso de Medicina na USP e, depois, seu ingresso na Unicamp como docente. “Sua liderança intelectual o conduziu ao cargo de diretor da FCM, de pró-reitor de Pesquisa (PRP) na gestão Brito Cruz, de vice-reitor da Unicamp e depois de reitor.”
O Quarteto de Cordas Pécora citou alguns programas de sucesso na administração de Fernando Costa, entre eles o programa Ciência & Arte nas Férias (de inclusão social), Música no Campus e Aluno Artista. Citou a criação do Centro de Estudos Avançados da Unicamp (CeaV) em 2010, para investigações na esfera Brasil-China e na área dos esportes (tendo em vista a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016); a Biblioteca de Obras Raras, com ganhos para a área de humanidades; o Museu de Artes Visuais e prêmios como o de reconhecimento acadêmico ao docente e o Paepe.
“O professor Fernando foi de grande proatividade. Terminando a sua gestão, voltou às atividades do seu Laboratório no Hemocentro, da sua unidade e continuou estreitando relações com universidades de outros países”, relatou Pécora. “Estamos diante do retrato de um ex-reitor ou de um professor emérito?, indagou ele. “Que felicidade ter o retrato de uma pessoa com traços tão distintos e de grande fidelidade às suas origens.”
Com a palavra, Fernando Costa agradeceu o público que o prestigiou. Muito comovido com as palavras de Pécora, o ex-reitor relembrou os pais, professores. Do seu pai, Lauro, professor de Ciências, recebeu grande influência na carreira futura. Tanto é que, desde cedo, o jovem dava aulas particulares de matemática e física no quintal da sua casa. Mas a convicção de optar pela carreira acadêmica veio mesmo ao cursar Medicina. “Decidi o que queria fazer, mas estava errado quanto ao local onde deveria exercer minhas funções”, garantiu. Nessa época, ele atuava em outra instituição. “A Unicamp e a FCM foram as minhas casas. Foi uma grande honra ter sido reitor desta magnífica e espetacular Universidade”, elogiou.
O diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz, presente na solenidade, assinalou que, além de cumprimentar Fernando Costa pela Discurso de Pécora excelente carreira acadêmica, o cumprimentava pela sua liderança institucional. “Fernando sempre manteve seus compromissos e se pautou no desenvolvimento da ciência. Parabéns! É um grande prazer repartir esse momento com você”, manifestou.
Tadeu Jorge ressaltou que a homenagem ao ex-reitor era mais do que devida e pertinente. Qualificou o discurso de Pécora como uma pintura textual, pelo conteúdo e linguagem. Recordou que essa solenidade é uma tradição das mais antigas da Unicamp, ao criar a Galeria de Ex-Reitores da primeira e da segunda gestão. “Essa tradição é um reconhecimento pelo trabalho e dedicação de várias equipes que por aqui passaram. Essa galeria também representa a ação responsável de situar a Unicamp entre as 50 instituições mais destacadas com menos de 50 anos”, expôs.
Em sua opinião, não é comum que uma Universidade tão jovem assim tenha atingido o patamar que ela alcançou. “Uma das explicações é que o seu projeto original baseou-se em conceitos muito seguros do que é uma universidade. O professor Zeferino Vaz fez sua obra prima, e a Unicamp se manteve fiel a esse projeto. E, ao olhar para a Galeria dos Ex-Reitores, percebemos que eles nunca se afastaram dos conceitos fundamentais. Eles deram muitas contribuições à Unicamp, a universidade que mais publica em revistas indexadas, a que tem a maior média na Capes, a maior patenteadora e licenciadora de patentes, e a que tem a melhor classificação nos cursos de graduação do país”, elencou. “A sua contribuição, Fernando, foi muito acentuada e extremamente significativa em mais uma parte da história da Unicamp. Ficam os projetos e os registros de crescimento com a sua liderança.”
Público no Consu Fernando Costa graduou-se pela Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto (1974). Lá também alcançou a residência médica, o mestrado (1979) e o doutorado (1981), onde atuou como docente de 1985 a 1989. Entre 1987 e 1989 fez estágio de pós-doutorado na Yale University, EUA. Em 1990, ingressou na FCM da Unicamp. Chegou a professor titular em Hematologia e Hemoterapia em 1996. Dirigiu essa unidade entre 1994 e 1998.
Tem mais de 300 trabalhos publicados em periódicos de circulação internacional. Recebeu vários prêmios pela produção científica, entre os quais o prêmio de Mérito Científico e Tecnológico em 2000, do Governo do Estado de São Paulo.
A Galeria de Ex-Reitores da Unicamp possui os quadros dos professores Zeferino Vaz (1966-1978), Plínio Alves de Moraes (1978-1982), José Aristodemo Pinotti (1982-1986), Paulo Renato Souza (1986-1990), Carlos Vogt (1990-1994), José Martins Filho (1994-1998), Hermano Tavares (1998-2002), Carlos Henrique de Brito Cruz (2002-2005) e José Tadeu Jorge (2005-2009).
Texto: Isabel Gardenal
Fotos: Antonio Scarpinetti – Assessoria de Comunicação Unicamp