Um estudo multicêntrico sobre o tratamento via oral de câncer avançado de próstata com uso da droga enzalutamida, publicado na renomada publicação científica The New England Journal of Medicine, contou com participação do professor Ubirajara Ferreira, da disciplina de Urologia. Entre os 80 centros mundiais que participam dessa pesquisa, o HC da Unicamp foi o segundo em número de pacientes, atrás apenas da Dinamarca.
O The New England Journal of Medicine é uma das revistas médicas científicas mais antigas e importantes do mundo, o segundo periódico indexado mais citado no planeta com Fator de Impacto* 72.406. O primeiro é o Cancer Journal for Clinicians com Fator de Impacto 187.040. Até hoje, o comitê científico do The New England Journal of Medicine aceitou a publicação de nove artigos de pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
O Serviço de Pesquisa Clínica em Urologia Oncológica do HC da Unicamp integrou o estudo randomizado – publicado na edição 378 de 28 de junho, que avaliou 1401 pacientes com prostatectomia radical, em cinco continentes. A comprovação científica demonstrou que, em pacientes após a retirada da próstata que apresentaram PSA (marcador tumoral) crescente, o uso desta terapia antineoplásica proporcionou uma sobrevida livre de aparecimento de metástases de 36,6 meses contra 14,7 meses no grupo placebo.
O urologista Ubirajara Ferreira esclarece que mesmo com a retirada total da próstata, alguma célula cancerígena pode “escapar” e a única forma de monitoramento clínico é através do nível do antígeno específico da próstata (PSA). Caso, explica, o PSA se mantenha zerado ou baixo, a prostatectomia foi bem sucedida. “Porém, se o PSA continuar crescendo é um sinal de câncer de próstata recidivado ou metastático que poderá surgir num futuro em algum outro órgão”, salienta Ferreira.
Wagner Eduardo Matheus, urologista e integrante do centro de pesquisa clínica e urologia oncológica do HC esclarece que pelo menos 30% das cirurgias de retiradas total da próstata podem recidivar. “A nova droga não vai erradicar o câncer, mas evitar significativamente sua progressão e melhorar a sobrevida livre de metástases no paciente”, comenta Matheus. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que 60 mil homens serão diagnosticados com este tipo de câncer a cada ano no Brasil, o segundo mais incidente entre os brasileiros do sexo masculino.
Segundo Ubirajara Ferreira as pesquisas com câncer urológico na Unicamp começaram há pouco mais de oito anos e já se tornaram referência para laboratórios e instituições mundiais detentoras de moléculas para análises clínicas. Para que os projetos ocorressem, diz, era preciso centros de excelência para pesquisas de alto nível bem estruturados e de preferência, vinculados há uma universidade de ponta. “Aqui reunimos todos os pré-requisitos”, destaca.
De acordo com Ferreira, no Brasil existem seis centros de pesquisa clínica e urologia oncológica como o do HC da Unicamp, capazes de cumprir todos os cronogramas de ensaios clínicos de grandes industrias farmacêuticas globais e estudos multicentricos. Na América Latina somente a Argentina, o Chile e o México possuem essa estrutura.
A equipe do Serviço de Pesquisa Clínica em Urologia Oncológica do HC da Unicamp é formada pelo professor Ubirajara Ferreira que também é chefe do Departamento de Cirurgia da FCM, pelo médicos Wagner Eduardo Matheus, Lucas Zeponi Dalacqua, Barbara J. Amorin, André Sasse e André Luís C. Teixeira, pela enfermeira Leila Techi, pelas farmaceuticas Cristina Rosa e Lara Paro e a coordenação é de Nádia Caporalli. Ecocardiografia e ECG ficou por conta do professor José Roberto Matos Souza.
* O fator de impacto é calculado dividindo-se o número de vezes em que os artigos de uma revista são citados em um determinado ano, em revistas indexadas pelo ISI, pelo número de trabalhos publicados pela revista nos dois anos anteriores.
Veja aqui o paper do The New England Journal of Medicine:
Caius Lucilius com Beatriz Bittencourt – Assessoria de Imprensa HC