Transplantes de órgãos em SP triplicam em uma década

A Secretaria de Estado da Saúde bateu recorde histórico de transplantes de órgãos em 2010. É o que aponta balanço consolidado da Central de Transplantes da pasta. Foram realizados durante o ano passado 2.328 transplantes, 353 a mais que em 2009. A diferença representa 18% de aumento. Em uma década, o número de cirurgias do tipo praticamente triplicou no Estado. Em 2000 foram registrados 887 transplantes em hospitais paulistas. A expansão também foi evidente no HC da Unicamp, que encerrou 2010 com 326 transplantes realizados, um crescimento de 28% em relação a 2009.

 

Entre os destaques dos procedimentos no Hospital de Clínicas da Unicamp estão os rins, que totalizaram 146 órgãos – aumento de 50% e os transplantes de coração (06), o maior volume em um ano desde 2004. Em 2009, ocorreram 255 transplantes de todas as especialidades. Segundo o superintendente do HC, professor Manoel Bértolo, os números do Estado e da Unicamp demonstram a importância dos hospitais públicos de alta complexidade que são os mais recebem pacientes graves, principalmente vítimas de acidentes. “O cenário se completa com as equipes de captação e transplante qualificadas”, comenta Bértolo.

 

O Hospital de Clínicas da Unicamp alcançará neste ano a marca de 5000 transplantes de órgãos e tecidos realizados desde 1984. Dos dez tipos de órgãos e tecidos que podem ser transplantados, o HC da Unicamp não realiza os de intestino, valva cardíaca, ossos e o de pulmões, esse último em fase final de adequação para início em 2012. “Vamos preparar um evento especial para celebrar a marca”, informa o superintendente.

 

Para o diretor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), professor Mário Saad, a qualificação alcançada pelos profissionais da área de transplantes da Unicamp é comparável a dos melhores hospitais norte-americanos e europeus. “Em algumas especialidades nossos índices de produtividade superam os Estados Unidos, e a presença da Faculdade nessa capacitação humana, inclusive com muitas pesquisas, tem sido fundamental”, considera Saad.

 

Do total de transplantes realizados pelos hospitais paulistas no ano passado, 1.439 foram de rim, 656 de fígado, 99 de pâncreas, 77 de coração e 57 de pulmão. Os dados se referem apenas a transplantes de órgãos de doadores falecidos. Os dados da Central de Transplantes demonstram também que, embora as notificações de potenciais doadores de órgãos tenham aumentado 6,7% de um ano para outro, o número de doadores viáveis (que tiveram pelo menos um órgão aproveitado para transplante) cresceu 23,5% no período, passando de 705 em 2009 para 871 no ano passado.

 

A região da Grande São Paulo respondeu por 64% das notificações de potenciais doadores no Estado. Pelo interior e litoral, as regiões com mais notificações foram Campinas (SPOT-HC) e Sorocaba, respectivamente com 8% e 4,7%. O Serviço de de Procura de Órgãos e Tecidos do HC conseguiu, em 2010, 286 notificações, a maioria de rins. Para o coordenador da SPOT-HC, professor Luiz Antonio Sardinha um dos fatores que colaboraram para o crescimento dos procedimentos no HC em 2010 foi as ações do helicópteros Águia da Polícia Militar do Estado.

 

“A solidariedade dos paulistas aliada ao trabalho das equipes de captação para identificar e notificar potenciais doadores são os fatores-chave dos sucessivos recordes em transplantes no Estado”, afirma Luiz Augusto Pereira, coordenador da Central de Transplantes. Para a coordenadora da Unidade de Transplantes Hepáticos do HC, Ilka Boin, mesmo com um sistema muito efetivo, que se aprimora e proporciona bons resultados, ainda há necessidade de se trabalhar a aceitação e a importância do tema junto aos familiares, onde a recusa ainda é o maior problema.

 

Entre os órgãos que podem ser doados, o coração e o pulmão são os que possuem o menor tempo de preservação extra-corpórea: de 4 a 6 horas. Fígado e pâncreas vêm em seguida com tempo máximo para transplante de 12 a 24 horas e os rins podem levar até 48 horas para ser transplantados. Já as córneas podem permanecer em boas condições por até sete dias e os ossos até cinco anos.

 

 

 

Transplantes no HC da Unicamp em 2010:

 

Rins – 146 (11 intervivos e 135 cadáveres)

 

Medula Óssea – 70

 

Hepático total (fígado/pâncreas) – 53

 

Córneas – 51

 

Coração – 06

 

 

Caius Lucilius com Yasmine Souza e Assessoria da SES

Assessoria de Imprensa do HC Unicamp