No dia 24 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com instituições de todo o mundo promove o Dia Mundial da Tuberculose. A data é marcada por ações de combate e prevenção a doença, que com as novas ferramentas de diagnóstico e tratamento tem diminuído a incidência no mundo. Mas este ano a OMS alerta para o risco que a tuberculose mutirresistente (MDR-TB) representa para a população. Em 2011, a MDR-TB atingiu cerca de 630 mil pessoas.
A tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo bacilo mycobacterium tuberculosis, que pode afetar os pulmões (tuberculose pulmonar) ou outros órgãos (TB extrapulmonar). Transmitida pelo ar, a doença tem cura e pode ser prevenida, mas é um risco para pacientes portadores do vírus HIV e tem maior incidência em homens. Outro tipo da doença é a chamada tuberculose multirresistente (MDR-TB), causada por bactérias que não respondem a duas das principais drogas usadas no tratamento, a isoniazida e rifampicina.
Segundo o professor Reynaldo Quagliato Júnior (foto), pneumologista do HC, o aumento no número de casos de tuberculose multirresistente é preocupante. “No HC, a maior parte dos pacientes chega com a tuberculose comum. O problema surge quando os pacientes não tomam corretamente a medicação ou abandonam o tratamento”, conta o médico. Ele explica que a falta de regularidade contribuí para que o bacilo da doença se torne resistente aos medicamentos usados.
Em 2011, 310 mil casos de MDR-TB foram notificados em todo o mundo. Quase 60% desses casos foram registrados na Índia, na China e na Rússia. Os principais sintomas da tuberculose pulmonar são a tosse com escarro e sangue, dores no peito, fraqueza, perda de peso, febres e suor noturno. O diagnóstico é feito através da baciloscopia, que identifica a presença da bactéria da tuberculose em amostras de escarro analisadas em microscópios. Com três testes, o resultado sai em um dia, mas esse teste não detecta formas menos infecciosas de doença.
O tratamento padrão leva pelo menos seis meses com o uso de quatro medicamentos de primeira linha (isoniazida, rifampicina, etambutol e pirazinamida), conhecida também como Dose Fixa Combinada (DFC). Já nos casos de MDR-TB, é preciso usar medicamentos mais caros e tóxicos. Todos fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Grupo de risco
A tuberculose afeta principalmente jovens adultos. No entanto, todas as faixas etárias estão em risco. Segundo dados da OMS, mais de 95% dos casos e mortes pela doença ocorrem em países em desenvolvimento. Nos portadores do vírus HIV há 34 vezes mais chances de incidência da doença. E mais de 20% dos casos de TB em todo o mundo são atribuíveis ao consumo concomitante de tabaco.
Investimentos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou na última semana uma série de números que indicam a necessidade urgente de investimentos para combater a propagação da tuberculose pelo mundo. O valor estimado para as ações é de 1,6 bilhões de dólares por ano. Junto com o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária, a organização alerta para o risco que a tuberculose resistente a múltiplas drogas (MDR-TB) apresenta para a população.
Segundo Margaret Chan, diretora geral da OMS e Mark Dybul, diretor executivo do Fundo Global, a única maneira de realizar um trabalho de combate efetivo é identificar os novos casos de tuberculose e simultaneamente ter respostas aos casos mais graves da doença. Essas ações combinadas demandam um financiamento significativo de fontes nacionais e doadores internacionais, que a campanha anual tenta mobilizar. Se preenchida, a lacuna de investimento que os especialistas indicaram permitirá o tratamento de 17 milhões de pessoas e salvar seis milhões de vidas entre 2014 e 2016.
Mundo – Estratégia “Pare a Tuberculose/Stop TB”
Desde a sua criação em 1995, o plano “Stop TB” já salvou 20 milhões de vidas em todo o mundo. Este é o segundo ano da campanha com o slogan “Stop TB na minha vida”. Embora a mortalidade por tuberculose tenha apresentado uma redução de 40% em todo o mundo, a OMS alerta para a importância do aumento no investimento mundial nas ações de prevenção e no tratamento eficaz. Atualmente, a tuberculose mata cerca de quatro mil pessoas todos os dias.
Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner – Assessoria de Imprensa HC