Um outro lado da Polícia Militar em favor da vida


Poucos sabem mas a Polícia Militar assegura uma importante atividade no transporte de órgãos e tecidos em todo o Estado. Além do grupamento aéreo Águia, equipes da Polícia Militar Rodoviária circulam regularmente por hospitais em todo o estado, transportando na maioria das vezes, córneas direcionadas aos bancos de olhos públicos.

Neste ano no HC foram até o momento, 68 transportes realizados pela Polícia Militar Rodoviária. Já o grupamento Águia realizou em 2015, em todo Estado, 41 transportes de órgãos, sendo 11 para o HC da Unicamp.
 
De acordo com Eliana Pinheiro, secretária do Ambulatório de Oftalmologia do HC, o papel dos policiais no processo de transporte de córnea é essencial para o sucesso dos transplantes. Quando há uma córnea disponível, o banco de olhos entra em contato com os agentes e solicitam o transporte até o hospital público indicado.
 
Todo o trajeto é realizado por trechos, de acordo com os postos da polícia nas rodovias. “Por exemplo, se uma patrulha é de Sorocaba seu deslocamento será por trechos, que podem ser vários, com outras equipes na espera para conclusão do traslado até o hospital”, esclarece. A parceria com a PM existe há muitos anos e a freqüência com que eles trazem as córneas é a mesma dos pedidos de transplante através do sistema de cadastro de pacientes para transplantes.
 
O processo de armazenamento das córneas é realizado pelo Banco de Olhos. Quando a córnea chega, é conservada numa geladeira com temperatura entre 4 e 8 graus, até o momento do transplante. Todo o procedimento, desde o transporte no isopor até o armazenamento, deve contar com um controle de temperatura. As equipes da PM inclusive já sabem de cuidados no transporte já que movimentos bruscos podem danificar os tecidos.
 
“Toda vez que eles chegam com a córnea, eu abro o pacote na frente deles, para eles verem o que transportam. Muitos sabem que se trata de um tecido humano, mas não sabem como é. Muitas vezes é nesse momento que mostramos o material que eles trouxeram e agradecemos o apoio que vai ajudar uma pessoa a voltar a enxergar. A satisfação deles é nítida”, comenta Pinheiro.
 
O Banco de Olhos do HC da Unicamp foi inaugurado em 2007 e a área é responsável pela captação e a preservação de córneas, garantindo a qualidade do tecido para transplantes no HC ou em outros hospitais da região. As córneas são disponibilizados para a Central de Transplantes do Governo do Estado de São Paulo. O Banco de Olhos oferece cobertura para 127 municípios e realiza uma média de 50 captações por mês.
 
Transplante de córnea
 
No Hospital de Clínicas da Unicamp são realizados transplantes de córnea desde 1991, e a partir do ano 2000, a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) passou a distribuir as córneas pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Desde o início das atividades o HC já realizou mais de 2100 transplantes de córneas. Em 2015 foram realizadas 94. Atualmente, 60 pacientes estão na fila de espera para o transplante de Córnea no HC com tempo estimado em seis meses para a cirurgia.
 
De acordo com a oftalmologista responsável pela equipe de transplante de córnea do HC, professora Rosane Silvestre de Castro, existem duas técnicas utilizadas nos transplantes: Penetrante e lamelar. O penetrante é o modelo clássico, no qual troca-se toda a região central do tecido e toda a espessura. Já o lamelar pode ser tanto posterior, para quando apenas a porção mais profunda da córnea está doente, ou anterior, que tem como objetivo substituir a camada anterior da córnea.

Caius Lucilius com Isabela Mancini – Assessoria de Imprensa HC