O evento, que acontece a cada dois anos sob coordenação do chefe do setor no HC, professor Vital Paulino Costa, chega aos 20 anos com o objetivo de atualizar oftalmologistas em relação ao diagnóstico e tratamento do glaucoma, doença que atinge 2% da população acima dos 40 anos de idade.
“Tem sido um sucesso. Todos saem impressionados com a qualidade do programa oferecido”, afirma Vital. Nesta edição, foram inscritos cerca de 600 oftalmologistas de todo o Brasil. Participaram também residentes, médicos de especialização e da equipe assistencial do HC, neste último caso, como parte do corpo de palestrantes.
O setor de glaucoma do HC da Unicamp está entre os que mais atendem pacientes com a doença e que mais produz pesquisas publicadas em revistas científicas no país. Em média, são atendidos, no ambulatório de oftalmologia, 180 pacientes com glaucoma por semana, desse total 20 são casos novos.
A 10ª edição do simpósio contou com 60 palestrantes, sendo dois vindos do Canadá. De acordo com Vital, eles estão entre o grupo dos maiores especialistas em glaucoma. A programação contou com palestras, seguidas de mesa de discussão com perguntas abertas ao público e cursos específicos sobre cirurgia e exames de diagnóstico. Neste último caso há maior interatividade, uma vez que 20 dos palestrantes presentes mostraram por vídeos suas técnicas cirúrgicas. “A sensação é de que vale a pena realizar esse encontro”, ressalta.
Uma das maiores autoridades na avaliação das variações estruturais do glaucoma, presente no simpósio, foi o oftalmologista Balwantray Chauhan (foto), diretor de Pesquisa em Oftalmologia e Ciências Visuais da Dalhousie University, no Canadá. A participação de Balwantray trouxe novos parâmetros que serão utilizados na avaliação topográfica do nervo óptico, que logo serão incorporados pelo HC.
O oftalmologista brasileiro Marcelo Nicolela, professor titular do departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da Dalhousie University e também Chefe da Oftalmologia do Capital District and Health Authority, em Halifax, explicou os novos tipos de cirurgias realizadas em alguns países como Canadá, EUA e da Europa, porém ainda não estão liberadas no Brasil. “É fundamental termos o conhecimento de novas técnicas e seus respectivos resultados na área de tratamento do glaucoma”, explica Vital.
Glaucoma – O glaucoma é uma doença ocular hereditária e progressiva causada pela alteração da pressão intraocular, que resulta na lesão do nervo óptico. Em 80% dos casos, se não tratado, o glaucoma pode resultar na perda gradativa da visão, característica do glaucoma crônico de ângulo aberto.
Há também o glaucoma de tipo agudo ou de ângulo fechado, quando um dos olhos sofre aumento repentino da pressão intraocular, causando dor intensa. O glaucoma de pressão normal, quando ocorre dano ao nervo óptico em pessoas com pressão intraocular normal. O glaucoma secundário, decorrente de outras doenças e o glaucoma congênito.
Estima-se que a prevalência da doença, no cenário mundial, é 2% na população acima dos 40 anos de idade. Passa para 5% mais chances em pessoas com mais de 70 anos. “Esse é um número alto se considerarmos o aumento da expectativa de vida”, alerta Vital. Há cerca de 1 milhão de brasileiros com glaucoma, sendo que 50% desse número desconhecem que têm a doença.
O glaucoma é assintomático, ou seja, não há sintomas que indiquem a ocorrência da doença. Dessa forma, com a descoberta em estágio já avançado de perda do campo de visão, o que foi perdido não é recuperável. “Os números são um alerta para a população, que precisa passar por exames oftalmológicos periódicos”, conclui Vital.
Caius Lucilius com Caroline Roque
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp