Termina hoje, quarta-feira (23/03), o Curso Internacional de Resposta Médica Avançada em Desastres promovido pela disciplina de Cirurgia do Trauma da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (FCM). O evento trouxe três especialistas norte-americanos e um canadense, além da participação de representantes brasileiros. Entre os temas, descontaminação de agentes radioativos, biológicos e químicos; lesões por explosões ou esmagamento, atendimento psicológico em desastres, gestão de crise em desastres, entre outros. O curso acontece a partir das 18 horas, no auditório da FCM. Alunos do segundo ano do curso de medicina tiveram uma prévia das palestras na terça-feira.
As autoridades mundiais que confirmaram presença no evento são Susan Briggs, especialista em cirurgia do trauma da Universidade de Harvard; o brasileiro Antonio Marttos Jr., diretor de telemedicina do trauma da Universidade de Miami; o ex-aluno da Unicamp Sandro Rizoli, professor de cirurgia e medicina intensiva da Universidade de Toronto e o paulista Raul Coimbra, chefe da divisão de trauma e terapia cirúrgica intensiva da Universidade da Califórnia. A experiência dos médicos palestrantes abrange ações em terremotos, tsunamis (Ásia), furacões (EUA, México e Japão), atentados terroristas (World Trade Center), acidentes industriais e vazamentos de produtos tóxicos em rodovias.
O curso com aulas expositivas é realizado em conjunto com o SAMU, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Militar, concessionárias de rodovias, e outros hospitais de Campinas. Ele também será transmitido via videoconferência para cinco cidades do Brasil e terá uma aula dada por videoconferência pelo professor Michael Aboutanos, do Hospital da Universidade de Richmond, Estados Unidos. Cada participante do curso receberá o livro Manual de Resposta Médica Avançada em Desastres. Os palestrantes também estão visitando as instalações do SAMU, a base do serviço de resgate Águia e o CIMCAMP da prefeitura de Campinas.
“Treinamentos de emergência com foco em catástrofes são necessários para preparação de profissionais capacitados e ambientados com protocolos internacionais para eventuais situações. O curso busca proporcionar aos participantes experiências de grandes proporções com objetivo de fortalecer os conhecimentos na área, e, consequentemente, minimizar o número de vítimas, diminuindo consideravelmente o impacto de uma tragédia na sociedade”, ressalta o professor Gustavo Pereira Fraga, responsável pela disciplina de Cirurgia do Trauma e organizador do evento
A médica Susan Briggs atendeu as vítimas do atentado ao World Trade Center e do furacão Katrina. Marttos ministra aulas do trauma por telemedicina para o Exército e Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Rizoli desenvolve pesquisas na área do trauma e Coimbra é autoridade nacional em cirurgia do trauma nos Estados Unidos, possui mais de 240 trabalhos publicados na área e é presidente do Comitê de Auditoria Médica Norte-Americano.
A médica Susan Briggs conta que em cada desastre há um tipo de necessidade e é preciso dar a eles aquilo que precisam. “Em alguns desastres as pessoas precisam de água e comida, em outros de médicos e cirurgiões. Não adianta proporcionar a eles, o que não tem caráter imediato, é preciso mantê-los vivos nas primeiras semanas após o desastre”, enfatiza Briggs.
Sobre o treinamento de médicos e profissionais da saúde para o atendimento a desastres, Susan explicou que uma das principais razões é a conversa sobre o estresse de trabalhar nestas situações. “É algo muito pesado, a pessoa precisa estar plena de sua saúde mental para agüentar”, explica Susan. Uma das regras nos desastres é resgatar pessoas com maior chance de sobrevivência, e algumas pessoas não conseguem lidar com o estresse de ter que escolher as pessoas que vão tratar por que é impossível cuidar de todas. “Alguns não conseguem lidar com o estresse e acabam voltando para a casa. Você nunca está preparado para um desastre. Eu não estava preparada na minha primeira vez” afirma Briggs.
Caius Lucilius com Yasmine de Souza