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O Hospital de Clínicas da Unicamp realizou na manhã deste sábado (26-09), às 8h, um workshop “Reganho de Peso – Pós-Cirurgia Bariátrica” com transmissão simultânea, por teleconferência, da nova cirurgia endoscópica que promete revolucionar a área de gastrocirurgia. O evento vai contar com a presença dos cirurgiões Sérgio Roll e Marco Aurélio de Assunção, de São Paulo, que junto aos professores da Unicamp estão desenvolvendo uma pesquisa sobre o stomaphyx, um novo procedimento endoscópico reservado para diminuição do estômago, ainda em estudo, que tem indicação para casos especiais, quando ocorre falha no resultado da cirurgia bariátrica. Também estarão presentes os docentes da universidade Elinton Adami Chaim, José Carlos Pareja, Francisco Callejas Neto e Adilson Cardoso. No dia 30 de julho o HC realizou o primeiro procedimento e já conta com dois casos em boa evolução.

Segundo o gastrocirurgião do Hospital de Clínicas da Unicamp, Elinton Adami Chaim, é um procedimento considerado minimamente invasivo, aquele que ajuda a evitar intervenções com abertura cirúrgica do abdômen. A técnica, que atua no controle da saciedade, facilitará a vida de pacientes obesos que, operados, voltaram a ganhar peso. Por aproximação tecidual, feita pelo stomaphyx, é introduzido um endoscópio flexível pela boca até o estômago, que transporta uma câmera de fibra óptica e uma ferramenta cirúrgica. O tecido do estômago é obtido por sucção pelo dispositivo e através de prendedores colocados em diferentes pontos da parede do estômago. São criadas pregas nos tecidos, que reduzem o tamanho do órgão.

A videolaparoscopia trouxe grande revolução à medicina, a partir da década de 80. Particularmente na área de gastrocirurgia, ela garantiu que as cirurgias que necessitavam de grandes incisões pudessem ser realizadas com muita segurança. A técnica, no entanto, ficou restrita aos procedimentos cirúrgicos de causa benigna, como a colecistectomia (retirada da vesícula biliar em pacientes com cálculos). Hoje, com o avanço da tecnologia, ela já é indicada para o tratamento de doenças malignas. E os seus benefícios, até o momento, não são apenas estéticos. Conseguiram reduzir complicações pós-operatórias e diminuição da dor no pós-operatório, tempo de internação e retorno às atividades profissionais mais precocemente, além de diminuir custos financeiros e sociais.

Chaim relata que uma série de cirurgias que hoje contam com o auxílio de minilaparotomia, efetuadas pela abertura da cavidade abdominal, são realizadas por uma pequena incisão, mas que, em hospitais públicos, o SUS (sistema único de saúde) ainda não autoriza o seu pagamento, sobretudo nos casos de cirurgias de obesidade, devido ao seu elevado custo em relação à cirurgia aberta. Alguns desses procedimentos contam com o auxílio de robôs, empregados nas cirurgias robóticas, que lamentavelmente também envolvem alto custo.
Conforme o gastrocirurgião, outra nova revolução cirúrgica colocou os médicos do aparelho digestivo diante de alguns procedimentos que são feitos através de orifícios naturais, os Notes, adotados para a retirada da vesícula biliar e do apêndice, por meio de uma endoscopia digestiva alta ou baixa com pinças especiais introduzidas no estômago, no reto ou na vagina. “Ressalto, porém, que o Notes é uma técnica ainda em aperfeiçoamento, com resultados preliminares satisfatorios ser possível a sua realização”, informa.

Auxílio tecnológico – A cirurgia de videolaparoscopia é realizada no HC da Unicamp para colecistectomia desde 1991, sendo ampliada com o tempo para outros procedimentos como cirurgia de hérnia hiatal, cirurgias de estômago e esôfago, intestino grosso, cirurgias de urgência e emergência entre outros. Resultado: tem ocorrido menor traumatismo, consequentemente menor aderência interna e menor índice de hérnias incisionais. Chaim afirma que esta tecnologia somente foi possível com o desenvolvimento da fibra óptica e de pinças especiais, mesmo com o seu custo restritivo no serviço público. “Com o seu desenvolvimento, os custos caíram, e com o treinamento das equipes cirúrgicas, as indicações foram ampliadas em todas as faixas etárias”, acrescenta o médico, “obviamente devendo ser avaliado caso a caso”, ressalva.

Caius Lucilius e Marita Siqueira
Foto: Neldo Cantanti, Edição da imagem: Everaldo Silva
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp

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